A cena é clássica, pelo menos na TV. O marido volta um dia antes da viagem e flagra a mulher com alguém na própria cama, ou tomando uma bebida qualquer na sala. Ele nem tem tempo de pensar no que vê e já ouve ela dizendo:
- Calma António, não é nada do você está pensando
Numa situação destas, não custa tentar. Vai que ele acredite. Aí tudo fica mais fácil de explicar. O que realmente estaria António pensando?
O pai flagra a filha e ouve a mesma ladainha. O rapaz sem saber o que dizer
- Seu Jurandir, não é nada do que o senhor está pensando.
Se não é o que Jurandir está pensando, só pode ser pior. Alguma tara talvez, melhor não ceder e colocar o rapaz pra fora o quanto antes. Do contrário não demora dez segundos para o pai acreditar em alguma estória muito mais complicada que a realidade. O pai pensava que flagrou a filha e o rapaz fazendo o que todo mundo faz. Eles insistem em dizer que não. Com tanta explicação e empenho para que conclua que não é o que se está pensando, pensar o quê? Algo muito mais preocupante.
Desconfie quando ouvir esta resposta. Ela geralmente é ouvida quando se está pensando exatamente o que era para pensar nesta situação. Se alguém está construindo um tribunal, por exemplo, e lhe diz isto, você já se prepara para a próxima CPI, seja lá o que isto possa significar. Estas coisas não estão no dicionário o que é uma pena pois não se sabe onde obter o esclarecimento. Do meu ponto de vista, preparar-se para uma CPI é mais ou menos como salivar ante uma pizza que vai ser entregue na mesa ao lado. Bobagem. Depois vem a sua e está fria, sem graça.
Outra situação clássica é a do professor que flagra o aluno colando. Se não é o que o professor está pensando, o que seria?
Leio nos jornais que vão processar um senador. Ele disse que não há problema, que quer explicar, que não é nada do que estão pensando.