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Humor-->Complexo de inferioridade -- 10/02/2007 - 18:06 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Complexo de inferioridade


O Carlos Diniz (não confundir com o Barão) foi um grande propagandista. Português, torcedor fanático do seu time do coração, não media sacrifícios para ir ao Canindé assistir aos jogos da sua Portuguesinha de Desportos. Chovesse ou fizesse sol, lá estava ele torcendo pelo seu time querido. Quando o seu primeiro neto completou seis anos, deu de presente ao menino uma camiseta nas cores do time e o levou para ver um jogo da Lusa contra o Corinthians.
Quando os dois passaram pela arquibancada corintiana, bem em frente da fanática torcida adversária, foram vaiados estrepitosamente. A fiel torcida gritava e batia os pés: “Olhem!... Lá vai um bacalhau carregando um burrinho!...” Diniz já estava acostumado com os gritos ofensivos dos gambás corintianos, mas ouvi-los xingando também o seu querido neto de “burrinho” aí já era demais para o seu velho e luso coração.
Na segunda-feira seguinte encontrei-o mais do que tristonho, no Kafé Hotel, em Guaratinguetá, SP. Estava contando a aventura triste para os colegas de pasta e tinha os olhos cheios de lágrimas. Mas esta é outra história. Falarei do Moringueira.
O Moringueira foi um dos propagandistas mais elegantes do Vale do Paraíba, andava sempre metido em ternos impecáveis de linho, gravatas de seda importadas combinando nas cores dos ternos e brilhantes sapatos de cromo alemão. O Moringa era muito orgulhoso e representava sempre laboratórios importantes, multinacionais especializadas em hormônios e antibióticos, que fossem suiças ou americanas. Não deixava por menos. Com o correr do tempo, entanto, o Moringueira foi ficando velho e não lhe era mais possível escolher emprego. Era pegar o primeiro que aparecesse e partir para a luta. Ele estava desempregado havia um bom tempo e a primeira vaga que surgiu, no Vale, foi uma no PIAM, um laboratório nacional de pouquíssima expressão.
Nesse tempo era moda entre os médicos receitarem coquetéis de vitaminas, várias vitaminas contidas numa só ampola, ou compactadas na mesma drágea. Estes remédios eram chamados de “complexos vitamínicos”. Nem sei se hoje ainda se usa isso em medicina. O único laboratório, que concedeu abrigo ao Moringueira era muito pequeno e só tinha apresentações de algumas vitaminas isoladas. Sua nova e modesta empresa fabricava apenas as vitaminas A, B e C e dois hepatoprotetores orais. Certo dia, quando o Moringueira visitava o doutor Sigaud —um dos médicos mais importantes e chiques de Guaratinguetá, SP—, este lhe perguntou: “Você não tem nenhum “complexo” que eu possa lhe receitar, meu filho?”
O Moringueira, que já estava morrendo de vergonha por estar representando uma firma nacional de pequeno porte, respondeu de pronto, botando em risco o seu sagrado e talvez último emprego: “O único complexo que eu tenho, doutor Sigaud, é o de estar aqui representando esta merda de laboratório!...”




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