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Poesias-->Poemas para uma paixão inúltil -- 01/10/2001 - 01:20 (vicente martins) |
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SEXTA LETRA
Já gostei da sétima,
Já gostei da décima letra,
mas quando perdi, de letra,
o que verdadeiramente nunca tive,
senti, mesmo, a falta da sexta letra.
Era surda,
todavia, soube me escutar na hora certa.
Fricativa, conheceu, também, minha aspereza.
Com F,
aprendi a cantar Fá,
Com F aprendi a gozar
e me tornei prisioneiro do seu corpo,
Prisioneiro, fanático, fã.
Cadê minha sexta letra?
II- SÉTIMA LETRA
Tenho saudade da sétima letra
Isso não é uma metáfora: é uma declaração de amor.
É consoante especial,
soa com e, soa com i,
soa em mim.
Seu segredo toca o céu de minha boca.
Soa, em mim, um homem de muitas letras,
Sou um homem de muitas palavras.
Mas quando pensei que tinha tudo,
Que tinha minha sétima letra,
Não tinha nada,
estava fora do texto
Tinha, apenas, fração de gente
dentro de mim.
Agora, paira uma dúvida cruel: a distância.
Afinal, é pausa ou definitiva separação?
Minha sétima letra é minha sétima fração de vida.
Conhecendo a sétima letra,
Conheci todos os sinais,
dois pontos, ponto final e
a mais sinuosa vírgula.
III - DÉCIMA SÉTIMA LETRA
Há um mistério: gosto do sete.
O sete é cabalístico, é jogo.
Mas onde minha décima letra do ABC do Amor?
Fui um e
foste sete,
Fui unidade e
e foste minha dezena.
Cadê, minha letra doirada?
Onde a dezena de beijos que me roubaste?
Toda distância é fugaz.
O que nos separa
Não é o ciúme,
É o risco,
é o pecado mortal da primeira letra.
GRAMÁTICA TEOLÓGICA
Acredito na Trindade.
Pai, Filho e Espírito Santo.
Em todos os lugares encontro estas Pessoas.
Outro dia, aprendia Gramática assim:
Deus é Verbo.
Cristo é Substantivo.
Espírito Santo é Interjeição.
Cheguei a sistematizar Sintaxe Assim:
A Regência é Deus.
A Concordância é Cristo.
A Colocação é o Espírito Santo.
SÉTIMA LETRA
Tenho saudade da sétima letra
Isso não é uma metáfora: é uma declaração de amor.
É consoante especial,
Soa com e, soa com i,
Soa em mim.
Seu segredo toca o céu de minha boca.
Já possui muitas letras...
Quando pensei que tinha tudo,
Que tinha minha sétima letra,
Não tinha nada,
Tinha fração de gente
dentro de mim.
Agora, paira uma dúvida cruel: a distância.
Afinal, é pausa ou definitiva separação?
Minha sétima letra é minha sétima fração de vida.
Conhecendo a sétima letra,
Conheci todos os sinais,
Dois pontos, ponto final e
a mais longa vírgula.
DÉCIMA SÉTIMA LETRA
Há um mistério: gosto do sete.
O sete é cabalístico, é jogo.
Mas onde minha décima letra do ABC do Amor?
Fui um e
Foste sete,
Fui unidade e
E foste minha dezena.
Cadê, minha letra doirada?
Onde a dezena de beijos que me roubaste?
Toda distância é fugaz.
O que nos separa
Não é o ciúme,
É o risco,
É o pecado mortal da primeira letra.
SEXTA LETRA
Já gostei da sétima,
Já gostei da décima letra,
Mas quando perdi o que verdadeiramente nunca tive,
Senti, mesmo, a falta da sexta letra.
Era surda,
Mas soube me escutar na hora certa.
Fricativa, conheceu, também, minha aspereza.
Com F,
Aprendi a cantar Fá,
Com F aprendi a gozar e
E me tornei prisioneiro do seu corpo,
Prisioneiro, fanático, fã.
Cadê minha Sexta letra?
HÍFEN NATALINO
Vicente Martins
Papai Noel é uma lenda.
Papai-noel é oferenda.
Um hífen faz a diferença.
Papai Noel é um velho de barbas brancas e roupas velhas.
Papai-noel é um presente de Natal.
Um é sujeito
O outro é objeto.
Um é Deus.
O outro é Zeus.
O mito faz a diferença.
Papai Noel não se compra, se faz.
Papai-noel não se faz, se compra.
O que é aparente jogo de palavras
É protesto na sua essência.
NOITE DE NATAL
Vicente Martins
À noite, o vizinho enfeita a sala, o jardim.
O outro tem um pinheiro, um jasmim.
Tenho, apenas minhas mãos
e um coração cheio de solidão.
Minha existência é o resto de festa.
Minhas lágrimas, bolas coloridas de
sangue, dor e noite..
ÁRVORE DE NATAL
Vicente Martins
Não gasto com árvore de Natal.
Tenho-te
e és minha festa
Tua roupa extravagante
Teu penteado o mais berrante
E teu corpo virgem, incolor, errante.
PAPAI CHULO
Criança, brinquei de Papai Noel.
Adolescente, acreditei em Papai do Céu.
Adulto, aprendi a brincar de papai e mamãe.
Velho, serei mamãe noel?
MARIANA NATALINA
Tua boca, teu cheiro jasmim
Tua vida, enfim,
São o presente de Natal que
Papai-Noel trouxe para mim.
CONFINAMENTO
Volto aos teus braços e
Me confino em teus seios
Sem gosto, prazer,
Sem sentimento nenhum,
senão a revolta dessa
Vassalagem que já me consome a vida e a
Alma.
AUSÊNCIA
A tua ausência
Não é apenas o teu corpo ausente
É minha alma sem mim.;
Nada fazendo significado,
Navio perdido a bravo mar,
Sensação de tempestade,
Terremoto,
Fim de vida, enfim,
Se não encontro tua vida
Dentro de mim.
HUMILHA, EMÍLIA
Disse-te uma vez:
és Emília, minha boneca de pano.
Digo-te, agora:
és Emília, bruxa insana
que fez do meu coração
Um saco de pancadas.
PAVOR TEOLÓGICO
Tenho medo de não
resistir a presença de
Deus em minha vida.
Tenho medo de que Ele me
abrace e me beije e
me homossexualize.
Esse medo tenho desde menino.
Afinal, ontem e hoje, Ele sempre existiu.
Está aí a Gramática que não me deixe mentir:
Deus é substantivo masculino e concreto.
PRISIONEIRO
Minha mãe é uma mulher de fé.
Acho interessante a forma como minha mãe fala com Deus.
Um dia, contou-me ela, segurou-O
em pleno banheiro e
Obrigou-Lhe a dar-me a cura.
Imagino, então a zorra no Céu:
o boato de que Deus é prisioneiro na terra
pela fé de uma mulher.
CASTIGO PARA PAGÃO
Um dia Deus vai me castigar
Por todos os meus pecados.
Inclusive, o pecado mortal de
ter sido poeta na era Digital.
Poucos poetas serão remidos.
Um amigo de fé me disse convicto de
Que Deus não tolera
as anáforas nem as metáforas da
antiguidade clássica.
GRANDE PECADO
Nosso pecado é maior
Temos o mesmo Deus
Deus me livre de ti, meu amor.
Livre-me, também, de teus seios e
Me isole de teu colo
IMPOTÊNCIA
Não posso dizer teu nome
nem tua cidade nem tua morada.
Não posso dizer nada de
Ti nem de mim nem mesmo de
Tua pele jasmim
Não posso, não posso.
Isso sim, que é osso duro de roer.
Mas sou poeta:
Se não posso fazê-la musa diáfana.
Pelo menos, vê-la metáfora.
SILÊNCIO
Volto a pensar em ti
E em teu silêncio
E isso me traz sempre
Um poema novo
Sob o signo da saudade e da
Estranheza de tua ausência.
Tenho desconfiança de
Que estejas morta
Ou sob o jugo do teu apresador.
Afinal, onde estás?
Encontraste, enfim, a fortaleza?
Talvez, por teu silêncio intencional ou involuntário,
Tenha pensado tanto em ti
Com ou sem cio
Cônscio, porém, que tens porções viscerais
Ainda presas em mim.
Afinal, teu silêncio é minha ou a tua
Morada?
AMOR SEM TEMPO
Ouço a um
só tempo
o teu nome e
Isso me desconserta profundamente.
Ouço-o e me sinto
presa acuada que escuta
a voz inimente do caçador.
Ouço-o e me alegro
Feito criança livre
À beira-mar.
Mas tu sabes
Nem és minha caça nem meu caçador,
Tu és ou foste apenas meu amor.
Amor que me dá o gládio em tempo de guerra,
que me enche de vida
em tempo de paz.
Curioso é ouvir de outrem
o teu nome
Que, no nosso tempo,
É tempo nenhum
TÓTEM
Quanto mais penso em ti
Mas tenho medo de Deus
Tenho medo de
Todos os totens
De seus braços onipotentes,
De suas mãos indefinidas,
De seus dedos misteriosos e de
Suas lanças apocalípticas.
Não sei quem mais me apavora
Quando penso em teu corpo a animar
Minhas partes
Posso
Não posso
Beijar-te a boca
A pouco, comi um bife saborosamente acebolado.
Mas posso beijar-te
O rosto, o dorso e partes do corpo
Beijar-te os seios eu posso
E posso contemplar o teu colo
Abrir as tuas pernas e
Beijar os teus segredos
DOCE ESTILO
Valho-me sempre das metáforas.
Aprendi com os diálogos dos gregos e com as anáforas dos latinos
Teu corpo é, pois, diáfano
Meu verso é diástole e curto, sai intrépido dos poros.
Meu poema é uma diáspora
GRAMÁTICA DO AMOR
Não se apagam dois anos
Com dois gestos
Nem com o pretérito ou infinitivo de um
Verbo.
Não há, ainda, advérbio poderoso que
Negue a força do amor
Nem há substantivo mais primitivo do que o tempo.
Se no reino das palavras, não serei vencido,
Entre os homens, não existirá força maior do que desígnio do Senhor.,
Sei, claro, nada é ad infinitum.
Não estou, porém, a viver o futuro.
O presente é o meu rito
Nunca especulo fim
Se o que sinto é começo
Medo nenhum eu tenho
Se a teu lado me sinto zen.
Teu nome é minha força
Acima de todos os segredos da
Humanidade
PRESA FÁCIL
Não estou apenas triste.
Estou acuado e me sinto presa fácil desse mundo cão.
Não estou apenas perdido.
Sinto-me perdedor- e minha perda maior foi a do tem amor.
Presa fácil,
Perdedor,
Sinto-me, enfim,
Em plena Idade Média,
A perguntar como vassalo:
O que me resta, Senhor?
EX-MÚSCULO
Deveríamos ter feito tudo aos poucos.
Nos tocado menos e nos beijado menos.
Menos, deixarmos de falar e escutar nossos sonhos e olhar os solhos do outro.
O caminho, por
É, foi a hecatombe.
Dinamitamos nossa boca, nossos ouvidos e nossos olhos.
E nosso coração, antes,
O mais completo e vivo músculo do nosso ser,
Agora, um osso duro de roer.
DIVIDIR O PÃO
Minha mulher me acha um pão
Claro, isso é a mais pobre metáfora.
Massa fina, massa grossa,
Às vezes, sou joio.; outras, sou trigo.
Seja como for,
Tenho uma visão teológica de ser pão:
O pão deve ser repartido.
DECISÃO EFÊMERA
Tua decisão me faz lembrar a epístola de Tiago:
Tudo é passageiro.
A vida é uma neblina.
Então, mulher, se me amas
A tua decisão terá o tempo de uma neblina.
HOMEM CHORA
Não quero falar nada.
Nada quero falar.
Não quero nem mesmo ler os poemas de Pessoa.
Não quero sexo.
Não quero orgasmo.
Quero jorrar lágrimas sobre
as tuas mãos insanas.
DECISÃO
Está tudo decidido
Mas estou só e sofro.
Dor profunda
a de estar só
sob o signo do desprezo e do
horror contumaz.
Puta que a pariu!
É o grito,
Interjeição fecunda
Que explode a cada tédio
do estômago e
do nariz virulento.
Está tudo decidido
Tenho medo de
Perdê-la, de ficar só e sofrer e
Dar um folga perversa à boca ansiosa de vulva
E de cuspe contumaz.
COBRA-MULHER
A sinuosa
Serpente vem do escuro da
Alcova.
Rasteira,
Decidida
Pronta para driblar
Meu laço e
Preparar
Seu bote para o
Enlace final.
A NINFA
Ela não deu final
Bastar-me-ia sua vinda e
Tudo seria consumado
Nos quartos
No quarto
No canto da boca
Em quatro por quatro.
A METÁFORA DO MAR
Se não é amor
(e eu sei)
Por que sofro com tua
Presença ou ausência,
Mulher?
TEMPO
A palavra de ordem é o Tempo.
Viver é construir o tempo disponível
Nem que seja o tempo indisponível de
Solidão.
CÉU DA BOCA
Já pensei em escrever um poema sobre o céu,
Mas o céu da boca.
O céu sem estrelas
E que me causa náusea e
Sentimento profundo de angústia
Escrever sobre um céu que não vê
Um céu sem Deus
E que está dentro da boca
Inflamando minha boca
E contaminando minha língua.
RATIO
Todos tinham razão,
Inclusive nós, os dois principais interessados
Num final infeliz.
DIFERENÇA
Um dia
Farás a diferença
Entre mim e os demais:
Te quis inteira, sem reserva.
Outros, porém, contemplaram tuas mãos,
Teus seios, tua vulva...
Eu, porém, fiz de teu corpo minha morada,
Do teu amor fiz minha poesia,
Te quis, enfim, completa.
Tudo isto faz diferença: o amor.
Fizeste outros felizes,
E sei que te feliz,
Pois só adorei, meu amor.
SEDE
É verdade, senti sede.
Mas, naquela hora, nem pedi,
e me deste água e
deixaste nela o teu perfume.
Minha sede agora é a tua vida, mulher.
ABANDONAR
Abandono a vida
Abandono você
E meus gestos não são a panacéia
Do mundo
CINCO CENAS POÉTICAS
I – OLHAR PERDIDO
O olhar perdido
diante da máquina:
viver é um prêmio
mas morrer é a maior
recompensa.
Morrer é devolver a Deus
o poder de olhar.
II – CENA CAPITAL
Podia ser na reta ou
na curva.
Não se trata de ângulos,
não se trata de ulos pecuniários,
A morte é tão viva, sedutora,
tão prostituta...
III – CORRER É PRECISO
Três, trinta ou trezentos
quilômetros por hora.
Correr é caminhar,
Com ou sem pressa,
Em direção ao podium do
Infinito.
IV – LUXO DE CAMPEÃO
Se eu fosse campeão
também me dava ao luxo de
morrer entre ferragens,
entre lágrimas e vulvas
doiradas.
V – SENO DE DEUS
Senna
seno
seios
na curva do
autódromo
Eis a ventura de
voltar ao seio de
Deus.
DA OFERTA ESPECIAL
O que te ofereço não é uma agenda:
É um diário.
Nele, escreva que, um dia, encantei-me com teus olhos e
me deleitei com tua voz doce e melíflua.
Escreva, em letras miúdas, em verso ou prosa,
que, um dia, na despedida, perguntei sobre o ”louco que te perdeu”
Certo de que, em outro momento, seria eu
um aventureiro tonto (Sancho Pança?) a te conquistar,
a descansar no teu colo depois da batalha e
a beijar, em gestos de vassalo, as tuas mãos repletas de vida e
de luta.
Escreva, nele, que o tempo vai passar,
mas não vou te esquecer, mulher:
estarei, sob sol ou chuva, a perguntar
que senhor te ganhou e
me fez um ser sem herdade.
Tens, em mãos, enfim,
não uma poesia - não sou poeta sem ti.;
não uma declaração de amor - não és minha senhoria.;
É, apenas, uma página virada de diário.
Editoria da Paixão
Vicente Martins
Não há como assegurar o dia exato.
Talvez (ou com certeza) será domingo.
Não sei se o primeiro, o segundo ,
o terceiro ou o quarto domingo.
Nem sei a página,
par ou ímpar,
ímpar ou par,
não sei contar.
Também a extensão não sei.
Sei apenas que o editor garante maior expressão
na menor dimensão.
Nada depende de mim, leitor.
Tudo, meu amor, depende do editor.
Seja como for, a mensagem é uma só:
a saudade já me ceifa os dias.
Neste Domingo que,
curiosamente, não sei o dia
meu verso é declaração em primeira mão
da Editoria da Paixão.
RENDIÇÃO
A Luciene Martins
Percorro o mundo
mas volto a ti
porque é no teu seio
que está meu refúgio.
Contemplo flores
mas é no teu colo
que encontro o mais belo
jardim da vida.
Tudo que escrevo,
tudo que falo,
tudo subjaz ao que faço
mas o que sou é
essencialmente construído por ti.
Eis-me aos teus pés, senhora.
Tua vida me faz homem
mas é o teu amor que me
transforma poeta.
FLOR-DE-LIS
A Cristiane Bezerra de Sousa
O verso que leste é de outrem,
mas teu gesto já pertence ao poeta.
A vida é mesmo caprichosa:
Ao leres versos alheios
lias , na ponta dos dedos,
segredos incontidos de quem ama e sofre.
Teu gesto, agora, me faz lembrar a lenda da Flor-de-Lis:
“Um dia uma jovem soberana do Reino das Águas,
Chamada Cris, pediu um livro mágico ao mestre do saber.
À noite, abriu o livro e, na última página,
leu o mais belo poema de sua vida.
Sem saber, lera uma página de encantamento.
Pela manhã, ao abrir os olhos,
havia ocorrido uma coisa maravilhosa:
O livro se transformara em uma linda coroa de princesa
e as suas mãos, duas estrelas de lises de ouro.
Por isso,
toda Cris é uma princesa
toda Cris é uma flor-de-lis.
Ratio
Tenho muitas razões
Mas esta é a principal razão: o amor.
Tenho outras razões,
Razões de fé, mas sempre razões que me conduzem à solidão e à dor.
Fora disso, sou irracional.
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