Usina de Letras
Usina de Letras
300 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62175 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50580)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->POEMAS DE VICENTE MARTINS -- 01/10/2001 - 00:59 (vicente martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I – MASOQUISMO MATINAL



Uma estranhíssima

ansiedade de tirar a barba,

Cabelinho por cabelinho.

Cortar-me

por uma distração qualquer e

por um vampirismo

ainda mais injustificável

ver o sangue descer.





II– SACO DE PANCADA



Disse-te uma vez:

és Emília, minha boneca de pano.

Digo-te, agora:

és Emília, bruxa insana

que fez do meu coração

um saco de pancadas.





III - RENDIÇÃO



Percorro o mundo

mas volto a ti

porque é no teu seio

que está meu refúgio.

Contemplo flores

mas é no teu colo

que encontro o mais belo

jardim da vida.

Tudo que escrevo,

tudo que falo,

tudo subjaz ao que faço

mas o que sou é

essencialmente construído por ti.

Eis-me aos teus pés, senhora.

Tua vida me faz homem

mas é o teu amor que me

transforma poeta.



IV- DIVIDIR O PÃO



Minha mulher me acha um pão

Claro, isso é a mais pobre metáfora.

Massa fina, massa grossa,

Às vezes, sou joio.; outras, sou trigo.

Seja como for,

tenho uma visão cristã de ser pão:

O pão deve ser repartido.



V- ANTES DA NOITE DE NATAL



À noite, antevéspera natalina,

o vizinho enfeita a sala, o jardim.

O outro tem um pinheiro, um jasmim.

Tenho, apenas minhas mãos

e um coração cheio de solidão.

Minha existência é o resto de festa.

Minhas lágrimas, saquinhos coloridos de

sangue, dor e noite.



VI – ANTES DO CREPÚSCULO



A solidão divide as nuvens.;

Entre os edifícios o meu peito arde,

mas os olhos viajam...

Ainda assim, tenho medo de subir

as montanhas e não alcançar as nuvens

ou, como pássaro, me renda

no labirinto...



VII - AUSÊNCIA



A tua ausência

Não é apenas o teu corpo ausente

É minha alma sem mim.;

Nada fazendo significado,

Navio perdido a bravo mar,

Sensação de tempestade,

Terremoto,

Fim de vida, enfim,

Se não encontro tua vida

Dentro de mim.



VIII - PAVOR TEOLÓGICO



Tenho medo de não

resistir a presença de

Deus em minha vida.

Tenho medo de

que Ele

me abrace e

me beije e

me homossexualize.



IX - PRISIONEIRO



Minha mãe é uma mulher de fé.

Acho interessante a forma como minha mãe fala com Deus.

Um dia, contou-me ela, segurou-O

em pleno banheiro e

Obrigou-Lhe a dar-me a cura.

Imagino, então a zorra no Céu:

o boato de que Deus é prisioneiro na terra

pela fé de uma mulher.



X – OLHANDO OS ABACATES



À noite,

lembram as cabeças dos alcatrazes,

mas, num átimo,

à guisa dos fantasmas,

configuram-se em seios de

canibais.

Abrindo-os, estão lodosos,

Vedoengos e nauseabundos.

Lá, no núcleo selvagem,

quase sempre,

um homem nu,

semi-morto,

um corpo penoso,

ancestral





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui