Misericórdia!
Misericórdia (miserere + cordis) significa literalmente "ter compaixão do coração", ou seja, aproximar os meus sentimentos dos sentimentos de alguém, sentir "em sintonia". É, sem dúvida alguma, um ato belíssimo. Não se trata de sofrer com alguém, mas, sobretudo, de compreender o sofrimento de alguém, de ser, nesse sentido, solidário com essa pessoa.
O Senhor é misericordioso. A Bíblia diz em Isaías 30:18 "Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que por ele esperam."
Ouvi de uma certa candidata à Presidência da República, há mais ou menos um mês atrás, uma linda frase de amor. Depois de ouvi-la passei a mais admirá-la. Apenas as pessoas especiais pensam assim. Ela, Marina Silva, disse: Não posso ter raiva de nenhum candidato, muito menos do Serra, visto que o meu Deus o ama tanto quanto a mim. Era mais ou menos isso que a candidata queria dizer. Achei seu diálogo fabuloso. Uma mulher que assim propala a fé merece o respeito de qualquer pessoa, candidato ou não, grego ou troiano.
Aumento muito a força dos meus pedidos oracionais, quando, recluso ao silêncio do meu quarto, roga pela misericórdia divina. Atravessamos tempos conturbadíssimos,onde é bem mais fácil acharmos o homem acostumado com o mal, do que mesmo a praticar o bem. Tornamo-nos lobos de nós mesmos, escravos das coisas materiais, insensíveis à civilidade e à decência. Sobrevivemos em um mundo de valores contestáveis.
Precisamos de mudanças urgentes em nosso proceder, tanto para com o nosso próximo, quanto com o mundo. Alavancamos um exercício de destruição global, onde é importante para cada um de nós, apenas o que for material. Esquecemos de viver uma vida cristã, repleta de caridade e fé. Estamos em falta com nosso exercício de misericórdia pessoal e para com nossos irmãos, afinal, fomos feito à imagem e semelhança de um Deus caridoso e presencial, pleno de misericórdia.
Desfavelizemos os nossos corações, sejamos caridosos e o mundo permitirá que vivamos na completude da força misericordiosa de Deus.
Peçamos a Deus o dom da palavra, da palavra que se esforça para dizer o indisível e exprimir o inexprimível, uma palavra capaz de silenciar sem se calar, quando entender que a presença de Deus fala por si. O mundo nunca esteve tão necessitado de misericória. Perdemos o dom de perdoar e de ter compaixão. Perdemos o "miserere e o cordis".
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