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Contos-->O PAI NO SANTO -- 21/02/2024 - 08:04 (Roosevelt Vieira Leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O PAI NO SANTO

POR ROOSEVELT VIEIRA LEITE

Alfredo depois que saiu da casa dos pais colocou o seu barracão no conjunto Ducatti. Seu pai e sua mãe, a princípio tentaram tirar a ideia da cabeça do filho, mas, o moço foi decidido e assumiu sua nova fé nos Orixás sagrados. O rapaz teve sua iniciação em Aracaju. Sua Ialorixá, dona Maria da Cruz tinha no rapaz uma grande confiança. O barracão de Pai Alfredo era um salão de porte médio capaz de abrigar 50 pessoas ou mais. As reuniões eram aos sábados. O povo ia visitar o barracão e gostava de ver as entidades atenderem as pessoas.

Alfredo era um rapaz solitário, nunca casou nem teve filhos. Vivia para sua fé e ajudar ao próximo. Por causa disso ganhou o respeito da comunidade. Para ele Oxalá tinha muitas ovelhas em Campos e ele como servo dele precisava trabalhar para encontrar esse povo do axé que estava por aí. Alfredo tinha como Pai de cabeça o Orixá Obaluaiê, e como seu juntó a Orixá Oxum. Segundo ele, ele trazia em sua personalidade traços dos dois Orixás. De Oxum ele tinha o amor ao próximo, a preocupação com os filhos de fé; de Obaluaiê ele trazia a vida reservada e solitária. Como todo filho do elemento terra Alfredo tinha o pé no chão.

O barracão de Alfredo como era conhecido na cidade foi construído no mesmo terreno de sua casa. Alfredo aproveitou os muros que cercavam sua casa e levantou o barracão fazendo então duas casas: A casa de culto dos Orixás e a casa do culto aos guardiões. A Primeira tinha 10 metros por 6, e a casinha de Exu que ficava logo na entrada era uma casinha pequena. Contudo ao redor dela havia espaço para pôr as oferendas. Logo na entrada do barracão o mariô recebe o visitante descarregando suas energias deletérias.

Alfredo foi iniciado por uma mulher Ialorixá que era professora aposentada e que como ele colocou seu barracão com muita dificuldade. Seu barracão é o maior de Aracaju diz o povo do axé. Mas, entre eles havia uma diferença. Alfredo trabalhava um turno em uma firma de tecidos importados. Alfredo não cobrava nada pelos atendimentos. Mas, sua mãe fazia algumas pequenas cobranças: “Você não pode fazer tudo de graça senão você vai pagar para atender”. Os dois se davam muito bem. Logo no início do barracão de Alfredo Mãe Maria se fez muito presente e ativa fazendo giras um sábado sim e outro não.

A cidade de Campos é muito preconceituosa. Para eles só o Catolicismo é uma religião de Deus. E juntamente com os católicos os evangélicos engrossam a fileira dos perseguidores do culto afro. Logo no início do barracão de Alfredo o povo jogou pedras, ligava o som alto e os crentes da vizinhança fizeram campanha no conjunto para tirar o terreiro de lá.

Mas como diz o próprio Alfredo: “Nosso Pai Ogum ganhou nossa guerra”. Alfredo atendia na semana com IFÁ. O rapaz era um bom jogador de ifá. Certa feita uma senhora havia esquecido onde colocara uma chave e foi se consultar com Alfredo. O rapaz disse a moça que a chave dela estava dentro de casa. Quando a mulher encontrou a chave ela agradeceu a Alfredo e perguntou quanto seria. O rapaz lhe diz: Próxima vez que vier traga um pacote de velas número 8.

O Tempo ia passando e a vida correndo apressada como sempre. Foi isso que pensou Alfredo quanto completou seus 40 anos. Seu pai falecera um ano antes e sua mãe, agora, só, apelava ao filho para arranjar uma esposa e ir morar com ela: “Venha morar comigo filho quando você casar”. Alfredo pedia a Oxum uma companhia, mas, até aquele momento nada acontecera que pudesse interessar o rapaz. Certo dia uma moça procura Alfredo. Ela era uma garota de seus trinta anos. A moça estava vestida com roupas claras, na verdade, era um vestido azul claro da cor do céu. A moça era toda formosa. O seu cheiro fez muito bem a Alfredo; o rapaz disse consigo: Esta é uma linda sereia de Oxum. “Ora yê yê ô!” A moça estava atrás de alguém que fizesse a leitura de ifá. Alfredo recebeu a moça em sua casa e ambos conversaram sobre muitas coisas dentre elas o mistério de ifá:

- Quando Olorum criou o mundo Ifá estava bem no meio das encruzilhadas esperando Exu. Quando Exu chegou, Ifá o ensinou a jogar os búzios. Exu come dos búzios. Na verdade, no meio das encruzilhadas ifá vê tudo e todos e conta tudo pra Exu. Por exemplo, o seu problema, diz Exu foi no passado quando você teve uma questão amorosa com um rapaz e uma moça que gostava dele e ela fez de tudo para afastá-lo de você e conseguiu.

- Como é que você sabe disso? Quem te disse?

- Não vamos nos preocupar com isso no momento. Devemos antes ver as informações que Ifá vai trazer através de Exu. Alfredo joga novamente os búzios. A moça fica nervosa. Alfredo tenta acalmá-la.

- Se acalme! Você não é a primeira pessoa a ser enfeitiçada neste país. Todos os dias são feitos feitiços de diversos tipos encomendados aos bruxos do baixo astral que se apresentam como umbandistas para enganar a sociedade. Umbanda é Amor, caridade e evolução. Seu caso é um dos mais comuns que encontramos. Uma moça solicitou um trabalho contra você para te afastar de um rapaz. Logo depois do trabalho o rapaz virou a cabeça e te deixou. Contudo, as entidades enviadas para fazer o serviço resolveram assediar você e perturbar seu caminho.

- E agora o que eu devo fazer?

- O rapaz não dá mais para reaver. Ele já deve estar com ela a solicitante. Agora temos de limpar sua aura das energias que te foram enviadas. Vamos fazer um desmanche de magia negra. Quando é que você pode retornar aqui?

- Pode ser amanhã?

- Claro. Venha às nove horas da manhã.

As nove horas estava a moça que obedecia pelo nome de Yasmim a chamar Alfredo. Os dois foram para o congá onde o rapaz ia trabalhar. A moça chamou por Alfredo que logo em seguida aparece todo vestido de branco. Alfredo a leva até o congá e pede que ela sente um pouco:

- Respire, não se assuste você está em casa. A moça respira fundo e se concentra. Alfredo acende 8 velas brancas tamanho 8 em um círculo riscado por pemba. Dentro do círculo ele desenhou um pentagrama. No centro da estrela sagrada havia um pequeno boneco. O ritual estava para começar quando Yasmim pergunta: Este boneco sou eu?

- Sim. Ele será guardado num vaso de barro por alguns dias. Durante este período eu estarei pedindo por você. Alfredo canta o ponto de ogum e inicia o processo sobre a direção de um caboclo. O caboclo limpa a moça e diz que deveria ser feito durante quarenta dias orações pela moça, pois, o caso dela teve muito sangue derramado. O caboclo põe a mão sobre a cabeça de Iasmim para rezar quando subitamente se manifesta uma entidade malévola: “Meu nome é bagaceira”. Diz o espírito. Bagaceira faz um redemoinho e arrebata Yasmim e o caboclo deixa Alfredo. A moça simplesmente sumiu diante do rapaz. Yasmim foi transportada para o plano astral e Alfredo tinha de trazê-la de volta. O jovem pai no santo estava em apuros. “O que eu vou dizer para família dela e os amigos”. E ela será que está bem acompanhada desta entidade de nome Bagaceira? Alfredo tentou falar com seu guia. O mesmo disse que seria um árduo trabalho reaver a moça. A entidade bagaceira mora nas cavernas da crosta terrestre do baixo astral onde espíritos e demônios guardam o lugar. “Mas, o que houve meu Deus?” Pensou o jovem pai no santo. Alfredo encerrou os trabalhos e se recolheu para refletir sobre o que aconteceu. “E agora? O caboclo me deixou no vácuo. O que direi a família da moça Yasmim? “E como ela está lá no astral entre demônios e espíritos trevosos? A noite desse dia o pai no santo não descansou.

No outro dia, Alfredo esperava alguém da família de Yasmim. Mas, por sorte Yasmim não disse a ninguém que estava se consultando com um “macumbeiro”. Mas a consciência do moço reclamava uma atitude, todavia, ele não tinha conhecimento suficiente para tirar alguém do mundo astral negro. “E agora?” Pensou Alfredo.

Alfredo parou os atendimentos na semana e aos sábados. Sua tristeza era plenamente visível. Ele contou o ocorrido a sua mãe no santo e ela não deu muita esperança ao rapaz: “Quando alguém é arrebatado, ele não tem mais ligação com este mundo não. O corpo deve ter sido desintegrado na passagem. Se conforme, você não tem culpa de nada”. Alfredo precisava encerrar este caso para prosseguir com a vida, contudo, o rosto de Yasmim que sua consciência via era um apelo para que ele fizesse algo. “Mas, o que meu pai Oxalá?” O sacerdote dos Orixás tomou banho de Aroeira branca com erva cidreira e manjericão e foi se deitar. Era noite de terça feira, dia de Ogum que Alfredo se deitou para o santo.

Alfredo acordou o outro dia ainda angustiado. A bela moça havia desaparecido diante de seus olhos. Ele estava se sentindo impotente. Ele sabia que tudo que aprendera de nada servia para ajudar a pobre moça Yasmim. Alfredo resolve chamar o preto velho no seu pentagrama. Tantos anos de Umbanda nunca tinha pensado em conversar pessoalmente com um encantado sem intermédio de um médium. Alfredo esperou a lua certa; a lua cheia quando saturno está bem visível. Alfredo preparou os perfumes, incensos e curiadores. O pentagrama foi construído com vértice voltado para norte. Juntamente com a estrela sagrada o rapaz fez um círculo de metro e meio de diâmetro. Fez as inscrições referentes a saturno e aguardou a hora do anjo de saturno. As dez horas da noite a luz das velas aumentaram de tamanho. Parecia que algo estava puxando a chama para cima. O mago de Umbanda viu e intuiu que era o preto velho:

- Acucurucaia meu velho! É pai Guiné? Um silêncio enorme fazia no congá de Alfredo. Uma voz velha e cansada se faz ouvida no recinto.

- Não! Sou Joaquim de Aruanda, teu mentor. Que queres desse velho cansado. Alfredo conta tudo ao velho que em forma de vapor se apresentava a ele. O velho estava pensativo e atento as palavras de seu protegido. O velho diz que é preciso fazer uma viagem para o astral, mas, para tanto é preciso uma preparação para não ser tragado pela vibração das forças ocultas que existem lá. O velho também disse que no dia certo viria buscá-lo para fazer a viagem. O velho aconselhou deixar a gira aberta. O pentagrama não podia ficar no escuro, sem velas.

Alfredo estava ansioso com a demora do velho Joaquim. “Será que ele vem mesmo?” Pensou o moço consigo. Uma semana havia se passado e nada do velho aparecer. “Será que o encantado me abandonou”. Pensou o rapaz preocupado. Num domingo de lua cheia, por volta das nove horas, hora de Obaluaiê, Alfredo percebe que tem gente no seu barracão. Era a figura de um velhinho amoroso sentado num banquinho. O velho assobia e Alfredo entra no congá.

O velho se põe em pé e chama Alfredo para perto dele. Uma fumaça branca os envolve e de repente os dois desaparecem. Os dois surgem em uma estrada de mata fechada. A estrada de trilha entrava na mata densa. Joaquim se vira para seu discípulo e diz: “Não se preocupe. Agora você vai entrar na mata sozinho. Eu estarei com você tenha certeza”.

À proporção que Alfredo caminha na trilha da mata, ele percebe que está em grande perigo, pois aquele lugar certamente tinha os mais diversos tipos de animais perigosos. Os pássaros estavam cantando, algumas vezes paravam. Alfredo percebeu que a pausa era a presença de um predador. Uma onça foi avistada pelo moço. O animal estava parado olhando para ele. A onça rosnava como que dissesse: “Não venha’”. Alfredo sabia que tinha de seguir em frente mesmo que tivesse de lutar com o felino brasileiro. O animal estava bem no meio da trilha. Alfredo avança na direção da fera. A onça salta e luta com o rapaz, mas, apesar de sua força e garras ela não foi páreo para Alfredo que com as duas mãos limpas matou o bicho. Alfredo fica assustado: “Eu não sabia que tinha essa força”. Na verdade, o rapaz estava ungido pelos orixás.

Depois da morte da onça o pai no santo ganhou mais confiança. O rapaz se enveredou na mata. Havia lugares que não se podia ver o sol. Alfredo chega a uma clareira próxima a uma árvore enorme de tronco grosso e galhas altas. O rapaz decide descansar um pouquinho. Havia uma pedra debaixo da árvore. Alfredo resolve descansar um pouco e se senta na pedra. De repente ouve-se um assobio, depois outro e em seguida vários assobios. Alfredo saúda ao Orixá Oxóssi. A terra treme, os cipós se juntam uns aos outros, pequenos gravetos se fundem formando um corpo, folhas e terra se unem para formar uma pessoa. Era um homem feito pela natureza que estava ali e se apresenta como Oxóssi:

- Salve meu Pai Oxóssi! Deus abençoe a sua luz. Okê Odé, Okê arô! Havia uma mulher enrolada na raiz da árvore. Alfredo saúda a mulher de Oxóssi: Akiro Obá yê!

- O que o filho procura na mata? Aqui os homens se perdem.

- Estou em busca de Yasmim. Ela desapareceu de meu pentagrama e eu preciso achá-la.

- Siga a trilha. Não se enverede pela mata que não conheces. Conhecemos apenas em parte as coisas da vida.

- Mas eu não sei onde vai dar esta trilha.

- A trilha que estás é como o conhecimento dos homens. Tudo está relacionado. Um sentido dialoga com outros sentidos e o conhecer forma uma teia de interrogações. Esta trilha é sua teoria. Siga e veja onde ela vai dar. Após proferir sua palavra, o encantado se desmancha em folhas e gravetos. Oba entra no oco do tronco da árvore e a mata silencia. Alfredo, então segue sua jornada pela mata seguindo sempre sua trilha.

Alfredo segue a caminhada na trilha que o velho Joaquim lhe deu. Mais na frente, próximo a uma lagoa o rapaz para a fim de beber um pouco de água. Na margem da lagoa ele vê seu rosto no espelho d’água. Seu rosto ora era o seu, ora era de outras pessoas. Alfredo se via como uma pessoa múltipla; vários rostos se apresentavam junto com o seu. O homem se assusta e cai sentado. “Mas, o que é isso?” Pensou o jovem Pai no santo.

Ainda assustado Alfredo continua sua aventura seguindo a trilha do encantado até chegar a uma caverna cuja abertura era estreita. A trilha terminava na entrada da caverna. Alfredo se esforça e entra na caverna escura cheia de morcegos. De repente ele ouve a voz de Yasmim. Ela dizia que Alfredo a ajudasse. Contudo o moço não sabia onde ela estava uma vez que a caverna se divide em sete trilhas diferentes. “E agora?” Pensou o moço.

Sem saber qual caminho a seguir Alfredo explora a caverna para ver se encontra alguma pista. Ele escolheu o cardeal leste, seguindo para o leste a caverna se enlarguecia e o ar se tornava mais respirável. Alfredo andava em busca de uma pista para ver se chegaria a algum lugar onde Yasmim estivesse. Ele ouve a voz da moça, no entanto não consegue dizer de onde vinha a voz. “Yasmim!” Gritou o moço na esperança de ser ouvido. Com o grito do moço os moradores da caverna acordam.

Os moradores da caverna despertam. Alfredo ouve o barulho de ossos estalando e se encaixando uns nos outros. Esqueletos despertam de seus sonhos depois de tantos anos adormecidos. Os esqueletos atacam Alfredo que usa pó de pemba para dissipá-los. Entre os seres havia um homem que os guardavam para que eles não fizessem mal a ninguém, contudo, a voz de Alfredo ressuscitou demandas antigas. Estes moradores eram aqueles que morreram vítimas de magia negra.

O homem que cuidava dos esqueletos se chamava João, João da caveira ou João Caveira, ele se aproxima de Alfredo e pergunta: “Que fazes aqui moço?” Alfredo diz que estava à procura de uma moça chamada Yasmim. João lhe diz que ele precisava entrar mais fundo na caverna. “Siga a trilha por três dias e você encontrará o baixo astral”. Alfredo agradeceu ao moço e continuou a caminhar na esperança de encontrar Yasmim. A caverna foi escurecendo à proporção que Alfredo caminhava até que o rapaz não podia mais ver nada. Ele para e diz para si mesmo: “ Eita agora a coisa pegou!” No escuro Alfredo tateava no caminho e ao mesmo tempo mentalmente chamava o preto velho. Joaquim lhe aparece com uma lanterna na mão: “Meu filho, daqui para frente tenha muito cuidado. Bagaceira pode estar em qualquer lugar. Você precisa escolher a trilha certa uma vez que daqui para frente a caverna se ramifica em sete trilhas”. Alfredo pergunta ao velho qual o caminho. O velho lhe diz que não podia dizer, ele tinha de sentir em seu coração qual a estrada certa até Yasmim. Alfredo descansa um pouco depois que o velho se foi. E cogita em seu coração sobre o que fazer.

Alfredo decide continuar seguindo o cardeal leste. Na entrada da trilha havia um homem que segurava uma espada com a mão direita e uma balança na mão esquerda. Alfredo se aproxima da criatura e lhe cumprimenta: “Kaô Kaviecile”. O homem fala com Alfredo:

- A justiça te saúda jovem zelador. Que fazes aqui?

- Procuro uma moça chamada Yasmim. Ela desapareceu de meu pentagrama e foi levada por um moço chamado Bagaceira.

- Depois do pântano você a encontrará, contudo, seja prudente.

- Que pântano? Xangô aponta a espada para o leste, logo em frente tem um grande lamaçal. Na verdade, o lamaçal era um pântano. E que cuidava dele era uma velha. A velha ficava sentada em uma pedra bem no meio do charco. Este era cheio de esqueletos que aguardavam os espíritos voltarem das profundezas. Quando o espírito voltava o esqueleto tornava a viver. Muitos irmãos pagaram seus débitos na lama de Nanã. Alfredo entrou no charco e sem ter como evitar afundou até fim e nesse momento sua infância e adolescência repassam diante de seus olhos. Alfredo via detalhes que nunca lhe ocorrera a mente. Com os olhos cheios de lama Alfredo tinha a visão mais apurada que já teve. O rapaz chora e lamenta seus erros e decide ser uma pessoa melhor.  Alfredo volta para seu esqueleto que aguardava o rapaz. O rapaz torna a viver e sai do pântano de Nanã. Logo próximo havia uma cachoeira onde ele toma banho e se perfuma com flores e rosas. A alfazema cobria o ar. O cheiro era forte. Uma linda moça se aproxima e pergunta: “Ela é a mulher de sua vida, é?” Sem saber o que responder Alfredo diz: “É”. Oxum trazia búzios e os lança sobre uma pedra lavada pela cachoeira. A mulher com os olhos de chama de fogo diz: “Está no seu destino”. Alfredo deixa a presença de Oxum certo de que ele estava sendo guiado pelos Orixás. O Baixo astral ficava lá embaixo no vale dos desesperados. Bagaceira se prepara para a luta contra o pai de santo Alfredo. Os demônios do baixo astral conjuraram espíritos sofredores para perseguir o babalaô. Alfredo sofria terríveis ataques do baixo astral, contudo, ele sabia que com ele estava a coroa de Nugô.  “Nugô, envia teus soldados atrás de Yasmim”. Os soldados foram e guerrearam por toda a tarde quando Bagaceira pede uma trégua:

- Quer dizer que você procurou e acabou vindo até aqui?

- Eu tinha de fazer algo pela moça.

- Mas ela não te pagou nada.

- Umbanda é caridade, amigo, lembra?

- Ah, sim, você é dos que acreditam nesse troço de caridade.

- Sim. Agora deixe a moça vir até mim. Bagaceira deu um grito e com ele Yasmim aparece no centro de Alfredo. Os dois se abraçam e conversam sobre o futuro. Parece que depois do ocorrido, Alfredo e a moça se afeiçoam e vão morar juntos...

 

 

 

 

 

 

 

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