É muito fácil realizar a crucificação de alguém que, representando a vontade popular de uma grande sociedade, não finde vitorioso diante de uma missão a ele atribuída. A sociedade cobra demais por tudo o que realizamos em seu nome. Como a bola da vez, Dunga, o mais famoso crucifixado do momento. Recebeu a missão de conduzir a nossa Seleção canarinho até a África e não a trouxe vitoriosa. Eis o seu maior pecado
A antipatia do Dunga, talvez, quem sabe, tenha sido o seu maior desencontro social. Respondia mal à s perguntas a si encaminhadas, cortou quem jamais deveria ter cortado e pós na seleção jogadores ainda despreparados para tal fim. Enfim, errou na condução da nossa Seleção.
O sentimento que reina nesta nação de aficionados por futebol é que somos imbatíveis sempre. Não é bem por aí que devemos andar. Numa Copa do Mundo só se classificam os melhores times, e, assim crendo, devemos evitar ao máximo esse clima do já ganhou.
Certas vezes eu tive a impressão de que Dunga relutava em convocar certas estrelas do futebol brasileiro, munido de algum sentimento de pirraça. Era como se ele estivesse castigando o estrelismo de alguns em nome de sua própria vaidade pessoal. Tomara que eu tenha errado mesmo! Não entendo como um jogador do porte do Ronaldinho Gaúcho pode ficar fora de uma Copa dessas. Ao lado desses, um punhado de outros jogadores que mereciam, no mínimo, estarem no banco de reserva. Felipe melo é o pivó das contrariedades, quando é exposto à cruz do desentendimento nacional. Merecia ou não ter ido à África do Sul? É resposta para se responder pondo a emoção de lado. Como este, eu, apesar de pouco entender de futebol, não pude ver o futebol meritório de Robinho e de Kaká. Outros estiveram na África de forma apagada.
Nossa chave foi fraca. Passamos pela Coréia do Norte sem brilho e quase empatamos o jogo, tido como o mais fraco da chave. Contra Costa do Marfim apresentamos um futebol melhor, vencemos e fomos adiante. Contra Portugal fomos pequenos demais e confirmou-se a suspeita popular de que não chegaríamos muito longe. A Holanda mostrou-se mais time. Amarelamos e perdemos a chance de continuarmos rumo ao Hexa. É uma pena que apenas nessas horas o país se acorda e culpa apenas o técnico da Seleção. Estava tudo errado: não tínhamos um Time ganhador nem tampouco um técnico com histórico para assumir posto tão serio. As decisões políticas, Ã s vezes, põem tudo a perder. Vamos ver se em dois mil e quatorze nós possamos escolher,realmente, nossos melhores jogadores e, quem sabe, ganharmos o tão sonhado hexa.
A CBF me parece ser uma instituição dos tempos feudais. Há uma manutenção de "valores" em seus quadros, tudo ou quase isso é escolhido à s escuras, verbas milionárias são manuseadas e o futebol-arte parece transformasse em futebol-grana. Tomara que toda essa forma de condução do nosso futebol mude e nós possamos assistir aos velhos espetáculos desse esporte tão admirado pelos brasileiros. Crucifixar o Dunga não nos leva a lugar nenhum, mas o Ricardo Teixeira nos seria mais lógico. Por que nem se cogita acerca de sua demissão da CBF? Neste país, política joga mais futebol do que qualquer outra coisa!
