Quem já leu o livro A EMPAREDADA DA RUA NOVA, de autoria do fundador e primeiro presidente da Academia Pernambucana de Letras - APL, Carneiro Vilela,tomou conhecimento de como o Comendador Jaime Favaes descobriu a gravidez da sua filha única, uma das mais belas moças recifenses do Sec. XVIII, planejou e executou a eliminação do conquistador, o ex-estudante de medicina(na Bahia), o Leandro, que foi morto num sítio, em Jaboatão.
A partir daí, os conflitos com a filha (com ela acusando-o da morte do rapaz), se avolumaram a tal ponto, que ele chegou a agredí-la fisicamente e planejou, junto com um moço conhecido por Gereba, também a morte dela; com seu comparsa levando-o ao bairro dos Coelhos, onde, num casebre à beira da maré vivia um bom pedreiro e sua mãe, já bastante idosa.
Naquele tempo, os dois - o Comendador e Gereba - chegaram numa charrete à moradia do pedreiro, o sequestraram vendaram-no e levaram-no para a casa da Rua Nova onde, num pátio interno, encontrava-se, no chão, um corpo enrolado num lençol. Ali, tiraram a venda dos olhos do pedreiro e mandaram que ele escavasse a parede, para colocá-lo no buraco. Então, o trabalhador chorou, disse ser pobre, mas, ter sentimento e não queria fazer aquilo. Foi aí que o Comendador apontou-lhe uma arma e disse:"Ou você faz o serviço ou morre, também!"
Forçado, ele fez o buraco no paredão antigo e os três colocaram o corpo em pé (dizem que ainda com vida, da jovem grávida!). Quando o serviço terminou, os dois algozes amarraram, de novo, um pano nos olhos do pedreiro e foram deixá-lo na frente do seu mocambo.
Ele passou a noite sem dormir, e, de manhã, contou o ocorrido para sua mãe. Esta, de imediato, disse-lhe que fosse dar parte na Polícia, no que ele obedeceu, indo à Delegacia(na época Chefatura), na Rua do Imperador. Depois de muita insistência, foi atendido pelo Delegado.
Após ouvir a denúncia, a autoridade policial falou:"Você vir aqui acusar o Comendador Jaime Favaes?! Ele é uma pessoas acima de qualquer suspeita! - Como comprova as suas fantasias? Você andou lendo romance policial?"
E o pobre pedreiro:"Não é fantasia não, doutor! E eu sou analfabeto!Além disso, ouvi o relógio da Casa Londres batendo meia-noite, quando chegamos ao sobrado defronte, onde fui forçado a "enterrar" o corpo!" E o senhor Delegado:"Quer um conselho? Esqueça esse assunto e vá cuidar de sua mãezinha, sem se meter em encrenca!"
|