Muitas vezes deixo de dizer tudo que gostaria, ou seja, fico sem passar minhas verdadeiras emoções por este veículo fantástico que é a palavra. Como o sentimento é tão forte dentro de mim, imagino que por fora ele está se expandindo. No entanto, descobri que se não falo, como alguém pode traduzir minhas emoções?
Pensando nisso, tive uma certeza muito grande: escrevo uma carta a meu tio para comemorar o dia de hoje.
Na verdade, um tio que, quando eu era garota, parecia ser meu irmão mais velho. Um jovem cheio de vida, brincalhão, o modelo de inteligência que me norteava, tanto que eu me dedicava à matemática com toda minha energia, pois esse era o terreno em que você caminhava sem qualquer tropeço. Um gênio! E não só eu, criança, achava isso. Doutores no assunto também achavam a mesma coisa.
Lembro-me que você, um dia, me segredou ser a matemática uma parceira da poesia. Consigo ligar as duas exatamente neste momento: ambas estão de olho na harmonia. Essa harmonia que o universo garante no equilíbrio entre as partes de um todo: com todas as galáxias, estrelas, planetas, satélites, enfim toda a vastidão do infinito (onde as paralelas se encontram... ou não?).
E você, com sua extrema bondade, demonstrou (e demonstra) a necessidade da harmonia entre as pessoas: ajudar alguém é restabelecer a ordem onde antes morava a desordem, seja material, moral, emocional, de qualquer ordem... É o trabalho que o universo também faz.
Atualmente, embora você continue em perfeita sintonia com a matemática, eu não mais sigo por aí, preferi a poesia, mas incorporei a harmonia. E agora, você exerce o papel de pai para mim, tamanha a proteção, força e atenção constantes. Não o chamo de tio, nem de irmão, nem de pai, uso apenas o carinhoso apelido que aprendi na infância: Ide.
É com todo o respeito que o chamo assim e hoje, Dia dos Pais, quero agradecê-lo pela importância de seu papel no meu passado e na fase atual. Sua bênção, pois!
Cheila
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