E Ele andava pelas vertentes verdes, nas margens do Tiberíades, sobre as águas na Galiléia. E Ele pregava mansamente entre os pinheiros e oliveiras, exalando o perfume dos ciprestes do Líbano. Penetrava com candura e mansidão, iluminava com amor e devoção. Só, imensamente só, como um vagalume solitário nas noites de chuva, alumiava as veredas da Vida, para aqueles que se perdiam. Quem seria igual a Ele? Ouviu-se falar, que ainda recém-nascido, falou a Dimas.
Agouros do mal lhe torturavam os caminhos, mas Ele sabia quem era. O que Era que É e que Vem. Nas margens do Jordão deu o exemplo. Quem viu ou ouviu O seguiu.
Os cachos doirados pelo sol caíam-lhe por sobre as espáduas largas, e na fronte os símbolos do suor simples de um marceneiro. Na voz profunda a riqueza dos detalhes que outros não ouviram. Por sobre toda a Palestina peregrinou com os pés descalços pelo chão, ostentando uma leve túnica branca. Os olhos não refletiam, mas irradiavam as virtudes.
Os efeitos cósmicos da Sua presença faziam-se sentir mesmo quando Ele se ia com os seus, que porventura não eram deste mundo. Mundo que nos destes por empréstimo.
E por sobre a Terra Ele andou, por paragens exóticas, o manancial da Vida, Fonte eterna. E ninguém o compreendia. Os homens continuavam a se vender barato, arrastando-se no chão tal qual víboras famintas por novas vítimas. E então, Ele fez-se vítima. Tal qual Isaac iria ser imolado pelo patriarca Abraão, Ele seguiu. Mas, não como Isaac, Ele seguiu até o fim e foi imolado. Ninguém lhe estende a mão. Negam-lhe até água. Escarnecem sobre seu corpo dilacerado, e Ele...? Perdoa. Ele? Ilumina. Ele? Fortalece.
“Senhor, Tu me olhastes no coração. Tu me iluminaste a Alma. Tu me perdoaste a omissão. Tu me iniciaste na Vida. Senhor, que eu reaja a isto com o esforço manso e sublime de toda minha vida.”
Por sobre colinas, campos, mares, brilha o Deus dos UNIVERSOS. É Sua a vitória. É nossa a vitória. ILUMINA DOMINE, VULTUM TUUM SUPER NOS.