Falei em Drummond, na cartinha para Eliana Bueno
e me deu saudades ...
"O homem,
bicho da Terra tão pequeno,
chateia-se na Terra..."
(parece-me que a expressão "bicho-da-terra" o nosso Poeta tirou de Camões)
Mas "O Bicho", de Drummond, que cito na mesma carta, é de outro texto:
"Vi, ontem, um bicho...
... O bicho, meu Deus!
Era um homem..."
Esse pode ser um texto motivador para uma aula, onde se queira pôr em discussão "A desigualdade Social".
Aliás, eu aconselho qualquer professor novato a que motive sua aula, sempre com algo "real".
Pode ser um texto, um recorte de revista, propaganda, notícia de jornal...
Funciona, viu? Mas aqui... No Brasil!
No "Zapão, não!!!"
Lá, pelo que se pode observar, só existe professor para "crianças".
Nunca trabalhei com crianças, embora ache um trabalho de fundamental importância e muita responsabilidade...
Meu trabalho é com os "já criados". E dou esta referência para confirmar a dúvida de Daniele Galvão, que me pergunta em um e-mail, se sou professora de alguma faculdade.
Não... Sou simplesmente (e isso muito me satisfaz) professora do Ensino Médio, público e particular... Lido, portanto, com ricos e pobres. Agrada-me, muito mais, trabalhar com os pobres.
É onde me sinto mais útil; atualmente, no curso noturno, com adolescentes e adultos. É uma clientela heterogênea, que se torna um grande "desafio"... Por isso, amo o que faço!
Quanto a "Ser ou não Ser" professor... Não é lá muito motivo de apregoação, infelizmente!
Logo aqui? Onde a "nossa classe" é mais rechaçada do que pinto no lixo???
Certas coisas chegam a me enternecer, de tão simplórias.... Muito...
Mas, como diz o meigo Dalai-Lama:
"É preciso ter compaixão"...
E isso eu tenho de sobra.
Se assim não fosse,
como acham que eu saberia
lidar com
insetos pegajosos?
A vulgaridade, às vezes, atinge tamanha proporção,
que difícil nos fica entender suas razões... |