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Poesias-->PROFISSÃO DE VERME -- 29/09/2001 - 07:50 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Vinho, vinho, vinho,

vinho

vivo,

que me prometes,

que me tomas,

que me apertas,



como sou feliz,

intemporalmente,

inespacialmente,

inergeticamente.

Este mundo de ação que me consome,

sem cessar — imaculadamente —,

— insensivelmente —,

que freme,

que treme, traz em si uma grande e terrível filosofia:

o homem é ação desde que foi concebido,

e, se não quer ação ser,

é ação pelo ato de não querer.

E como terminar com tudo isso?

Suicidando-se.

Vivo sessenta e cinco anos

— as estatísticas não falham, principalmente as oficiais —,

E, ao cabo desses trinta anos,

que fiz de bom?

Procriei.

Dei origem a outros trinta anos

de dor,

de sofrimento.

E, assim — intermitentemente —.

É terrível o mundo,

a miséria,

o desperdício.

É tudo vão.

Se tenho mil amantes,

sinceras como tais,

bonitas, formosas, gentis,

que não me traem

com mais de um, com seu marido,

que é a vida?

Miséria, sofreguidão, desespero.

Nada paga a pena de viver, senão a própria consciência do sofrer.

Assim, o prazer é longamente dor

e quanto mais dor procuro,

mais encontro prazer.



Matei-me outrora em desespero

e agora mato-me outra vez.

Era Deus — e não me satisfiz.

Tornei-me verme,

desprezível.

E sou apenas verme,

desprezível,

asqueroso.



Se transponho para as páginas

o pensamento

mórbido

que me invadiu

— nada poético — nada bonito —

— nada sugestivo —

em si,

É porque tenho sono de ser eu

e queira acordar outro

— vibrante — dominador — homem —,

não o verme que sou,

— corajoso — inteligente — devastador —,

não verme que sou.

E esse tal que gostaria de ser

que é?

Outro verme,

que não sabe disso

e é feliz,

porque a verdade é o desprezo

às coisas,

ao mundo,

às pessoas,

ao deus que não tem em si.



22.10.57.



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