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Infantil-->O guerreiro do cavalo marinho -- 18/06/2004 - 01:01 (Vera Ione Molina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lalo tem uma vida livre junto às plantas e animais. Mora no campo com os pais e um irmão que brinca com funda,pandorga feitas por ele, tudo sempre perto das casas.
Certa manhã, Lalo acordou muito cedo, abriu a porta quando ainda estava escuro e saiu lá fora para ver o sol nascer.
O ar da manhã era cheiroso e fresco. O pasto fazia chuac-chuac sob seus pés e o céu azul, pintado em tons de vermelho. Encantado, o guri seguiu na direção onde ele estava cor de vinho. Daquele mesmo vinho que o pai bebia no jantar e um dia deixou cair sobre a toalha branca. A direção do Lalo era da cor da mancha da toalha da mãe.
Ele seguiu chuac-chuac, sem perceber que estava se afastando das casas. Os passarinhos cantavam, os quero-queros revoavam sua cabeça e o céu ia emparelhando: ficando só azul.
A barriga começou a roncar e ele seguiu na direção do mato que costeava o arroio Caiboaté para colher algumas pitangas.
Como era difícil encontrar pitangas! E assim, ele ia entrando cada vez mais no mato.
Era tudo tão fascinante que o guri nem se lembrava que os pais deviam ter acordado e provavelmente estariam procurando por ele para o café.
Enquanto ele se embrenhava no meio dos bugios, que faziam o maior bochincho nos galhos das árvores, ele mais se aproximava de uma tal cachoeira que ninguém passava por perto.
O caseiro tinha tanto medo que nem gostava de falar nela. Mas, o Lalo, todo encarnado de pitangas que comeu como um porquinho, foi parar lá perto.
Como havia chovido muito nos últimos dias, o Caiboaté estava cheio e podiam ser vistos troncos que desciam, galhos de árvores cheios de folhas e até peixes de prata, ouro, cor de pitanga e azul celeste que saltavam sobre a água.
De repente ele começou a bocejar, bocejar, parecia que tinha engolido um resto de noite desgarrado por aquelas bandas. Não enxergou mais nada. Encolheu-se como um cusco novo numa clareira bem limpinha e dormiu.
Dormiu até sentir que não estava mais só. Estremeceu! De um salto, pôs-se de pé e olhou para todos os lados.
Da cachoeira, vinha um som estranho que parecia aquele som que os peões emitiam quando tocavam uma tropa, só que era mais suave e melodioso: ui, ui, ui, ui, ui e de repente, o que ele vê?
No alto da cachoeira, um enorme cavalo-marinho de todas as cores que ele conhecia e, montado nele, um guerreiro charrua de verdade, cabelos bem negros e longos. O braço de bronze empunhava uma lança que soltava raios mais fortes do que os raios do sol.
O espetáculo era tão maravilhoso, que o Lalo nem sentiu medo.
O bravo índio desceu a cachoeira montado no cavalo-marinho e passou sobre a água como se montasse um cavalo de verdade.
Quando o cavaleiro selvagem sumiu, o guri caiu sentado de espanto e colocou a cabeça entre as pernas.
Que medo! Não conseguia levantar a cabeça, pois duas mãos apertavam seus braços e gritavam: "Lalo, Lalo, acorda! Que perigo, guri. Que susto tu nos deste".
Então ele começou a reconhecer as vozes do pai e da mãe, levantou a cabeça e, pálido, murmurou: "Eu me perdi porque saí a caminhar quando ainda era de madrugada, mas juro que nunca mais eu saio sozinho para o mato.
E, no caminho, quando os pais começaram a ralhar com ele, ele se pôs a contar a aventura.
A mãe, muito nervosa pelo risco que o filho correu, disse:"Deixa de bobagens. Tu não vês que foi só um sonho? Cavalo-marinho só existe no mar e é tão pequeno que cabe na palma da mão e índios não existem por aqui há mais de um século".
O guri ficou tão irritado que desistiu de convencê-la e disse que ela tinha razão, era só um sonho. Mas, depois ficou rindo da mãe e do pai que achavam que só eles sabiam tudo e, por certo, estavam com inveja porque nunca tinham visto coisa parecida.
Voltaram para casa. Era hora do jantar. Lalo estava louco de fome. Comeu até não poder mais, deu um beijo no pai e na mãe e confirmou mais uma vez que tinha sido um sonho e foi rindo em direção ao quarto, onde contou tudo para o irmão mais velho, o único que acreditou na história e até fez um bonito desenho do índio descendo a cachoeira montado num cavalo-marinho e, com ele, enfeitou a parede do quarto.
O Lalo que era arteiro mas não gostava de deixar o pai e a mãe preocupados, nunca mais se afastou muito das casas sozinho, mas guarda esse estranho segredo do qual o Boli partilha sem jamais ter duvidado de um só detalhe.
Vera Ione Molina
Homepage: www.veramolina.com.br
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