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Cronicas-->Ilusão de ótica -- 19/03/2010 - 22:18 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O olhar se desloca no espaço e por mais que você se concentre, por mais que você tente, sempre haverá o olhar reverso, a pupila boiando numa piscina (azul-turquesa ou reflexos de um lago em Bonito), a faixa de luz rasgando a profundeza em meio ao cristal absoluto de sua fonte. Um instrumento perfeito, nada de lentes "bas-reflex", nenhuma criação sequer se aproxima do globo que projeta ao fundo de uma minúscula tela o inverso do mundo que o habita.

Bem dizem os budistas, nada do que se vê é o que realmente se enxerga, a Realidade é mais impermanente, tudo que se move no mundo é a perfeita ilusão recriada na atmosfera de um globo de fundo opaco.

Temos uma vaga noção do que nos cerca, apenas uma pálida amostra da grandeza; estamos preocupados com nossas vicissitudes, nossos erros perseverantes, nossos medos e angústias. O que mais fazemos é pensar que olhamos o outro e na realidade é este que nos olha e é exatamente isto que nos incomoda. Fazemos então a viagem ao avesso e nos refugiamos de nossa própria visão preenchendo nossos mundos com variáveis formas de prazer, mas, como sempre dizem alguns-ou todos-a primeira vista é a que menos se esquece.

Temo dizer assim que a um primeiro olhar se junta a falsa ilusão de que a mentira é a verdade, ouso dizer que o homem alçou vóos inauditos por conta de haver elevado aos céus seus pequenos instrumentos de perfeita óptica e pensado: Por que não dizer que posso? No entanto, queimou bruxas, levantou legiões de pessoas em diferentes eras contra diferentes tempos.

No fundo do lago azul, depois da transparência perfeita, entre um reflexo de sonho e uma sombra delineada, repousa a história de inteiras civilizações.

Por mais que tentemos, nunca estaremos livres do olhar do outro, este que nos espreita do labirinto, este Minotauro que nos espera ao sabor de sua mitologia, no claro-escuro de nossas vidas perfeitas. A primeira visão é a que menos se esquece; A falsa ilusão de nossos sonhos é a que se confunde na sutileza de nossos poços de vida e peixes, em legiões de permanente espera. Tudo o mais que se fez ou faz é a própria lenda do pensamento que erra ao acaso, recriando esferas de situações em absoluto movimento.
O outro, este que nos espreita, quer nos chamar de volta ao momento em que pusemos os olhos no mundo, num grito primal que nos remete ao símbolo de força de nosso próprio nascimento.

Neste momento, em perfeita consonància cósmica, focamos nossos globos de luz em outros perfeitos instrumentos, em minúcias insuspeitas, no veludo da pele que nos reveste, nas nervuras que habitam nossos risos. Por mais que tentemos, o outro está lá, em recolhimento perfeito, porque sabe que chegou sua hora de dizer ao que veio.
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