Barba cerrada, corpo esguio, mãos fortes,
Olhos cheios de amanheceres e promessa...
Tão resoluto nas coisas que faz:
Ativo, prudente, comedido;
Sem, no entanto, perder o jeito mimoso de ser...
Ainda há pouco (já faz dois anos)
Lembrava-me de tua busca incessante
Dos atalhos que te preparavam
Para o caminho do amanhã...
Chegavas cansado, já distante,
Da vida fácil que ora te escorria
Pelos dedos... E era a madrugada
Tua companheira diária,
Durante tantos meses,
Que se eternizava em mim,
Como golpes doridos
De uma espada...
E meu coração, o dia inteiro,
Te acompanhava nessa dramática luta
Em confronto com a vida...
Passou tão rápido o tempo;
Pegos de surpresa sofremos,
Os dois, as agruras,
Daquela abrupta mudança...
Lutas vencidas, vejo-te agora,
Homem-feito,
Senhor das próprias decisões;
Mergulhado em projetos,
Fórmulas, gráficos...
E me sinto “órfã” de ti,
Meu filho!
Uma outra mãe, a Vida,
Adotou-te... E tão rápido
A ela te afeiçoaste...
Dei-me conta desta realidade
Quando, ao anoitecer, chegaste,
Pedindo opinião sobre o presente
Da namorada... Doze de junho...
Foi então que percebi,
Em teus olhos, o doce cansaço
Dos VINTE ANOS!
Cresceste... E em teus braços,
Caibo inteira...
E eu, cheia de ternas lembranças,
Senti-te, menino, novamente,
Em meus braços...
Mamãe
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