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Artigos-->A Rede Sarah e as Mudanças -- 11/06/2003 - 21:33 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A Rede Sarah Que o Diga. Mudanças São Necessárias.

(por Domingos Oliveira Medeiros)







Acontecem todos os anos. Queiramos ou não. E também incomodam. Para uns, mais; para outros, menos. Ficamos mais velhos. Saímos de uma posição anterior, conhecida, estável, para uma nova situação, desconhecida, instável. Mas é imperativo do tempo. Faz parte da natureza; que também é cíclica, no seu próprio tempo.



É certo que, quando passamos de cinco... seis anos de idade, para sete...oito anos, as mudanças são brandas, quase imperceptíveis, mas ainda assim, existem. Porém, quando passamos da casa dos onze, doze anos, para a fase da adolescência, por volta dos quatorze, quinze anos, a mudança causa enorme impacto. Muda nosso organismo, nosso modo de pensar, muda nossa perspectiva e visão do mundo.



Nos homens, o grande volume de testosterona dita a maior parte das mudanças. Desperta e aumenta o desejo sexual. A fase é de masturbação. De questionamentos também. A voz passa a ter configuração rouca, diferenciada da voz feminina.



Ainda não esqueci, até hoje, quando a linda professora, nem sei mesmo se era tão linda assim, entrava em sala e, ao sentar-se em sua cadeira, sobre um plano mais alto da sala de aula, que cruzava as pernas - também lindas -, para fazer a chamada, milhares e milhares de coisas passavam pela minha mente. Apesar, é forçoso confessar, de nunca ter visto o que gostaria de ver. A emoção não deixava. Só via o conjunto, o todo, daquela amostra sutilmente escondida.



Continuando com o tema, a mudança atinge, de modo parecido, as mulheres: crescem os seios; aparece o primeiro sutiã; o primeiro sangramento; o primeiro amor; e as primeiras fantasias.



E a mudança prossegue, por toda a vida, a exigir, de nós, decisões e mais decisões, cada vez mais complexas. Refletimos, formamos juízos, resistimos, procuramos adaptações, mas, sem saber, quando menos percebemos, a vida toda não fizemos outra coisa que não fosse mudar.



Mudamos de idéias, de conceitos, de crenças e de valores. Trocamos de time, de convicções políticas, de emprego, de profissão, de namorada, de mulher, de esposa, de amigos, de parentes. Mudamos de roupa, de peso, de altura, de sapato, de perfume, de marca de cigarro, de carro, de bebida, de médico, de dentista, e até de barbeiro, incluindo o corte, o bigode e a conversa. Mudamos nossos costumes em relação ao gosto por esta ou aquela praia, por este ou aquele bar; alteramos nosso gosto musical, tipo de leituras, de livros, jornais e revistas; de canais e de programas de televisão; de novelas, de amigos, de presidente da república, de plano econômico, de moradia, de rua, de bairro, de cidade, de estado, de país, e até, tem gente pra tudo, de sexo.





Todas as mudanças, de uma maneira ou de outra, são sempre positivas. Elas é que nos tiram do imobilismo, às vezes físico, às vezes mental, às vezes abrangendo uma gama maior de itens que se transformam.



É por causa dela - da mudança -, que nos desafia e que nos incomoda, que passamos a reagir e a repensar nosso modo de ser e estar, até então confortável, que nada exigia de nós, a não ser permanecer na situação estável, no pressuposto de que, desse modo, todos os problemas estariam resolvidos. Como se fosse a nossa verdade absoluta. Daí porque tanta resistência às mudanças.



Mas temos que mudar. E são muitos os exemplos. Vou citar apenas um. Na área de saúde pública. Uma área sabidamente abandonada por vários governos e que hoje retrata o monstro obsoleto e improdutivo em que se transformou a rede pública de prestação de saúde, justamente pelo descaso e pela resistência em relação às mudanças que se faziam e ainda se fazem necessárias.



E não são tão difíceis de serem feitas. O nosso exemplo demonstra exatamente isso: que é possível mudar, que é possível melhorar, mesmo que seja um pouquinho de cada vez, mas que seja sempre. Que a mudança seja o paradoxo da verdadeira rotina. Mudar, esta deveria ser a regra geral. Foi assim que surgiu uma grande organização, que atrai o interesse de país desenvolvidos.



Refiro-me à Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor. Referência nacional e internacional no trato de questões afetas aos acidentados, lesados medulares, paraplégicos ou não. Gente que, por diversos motivos - acidente de trânsito, quedas, tiros, enfim -, passou a conviver com paralisia parcial ou total de seus membros, com deficiência nos reflexos e nos seus movimentos; disfunções na fala, na sua vida, enfim.



E o mais curioso: o Sarah é totalmente público e gratuito. Vive de parte da receita oriunda do orçamento da União, vale dizer, de nossos impostos. É a melhor aplicação de nosso dinheiro que conheço.



E qual seria o segredo? Simples: administração séria e competente. Honestidade. Crença nas pessoas. Crédito à ciência e à tecnologia. Disposição para mudar, sempre. Respeito aos seres humanos.



No Sarah, todas as pessoas, de qualquer classe social, recebem o mesmo tratamento. Não se diferencia nem na hora das refeições. A mesma refeição que vai para a diretoria, o corpo médico e os profissionais de saúde e administrativo, é a mesma que é servida aos pacientes e acompanhantes.



Eu estive um tempo por lá. Pouco tempo, mas o suficiente para constatar tudo isso. O Sarah dispõe hoje dos mais modernos recursos tecnológicos, em termos de aparelhagens para exames sofisticados, laboratório, equipe de fisioterapeutas competentes, ginásios de prática de exercícios terapêuticos, piscina coberta e aquecida, para a hidroginástica, com acompanhamento específico para cada caso.



O hospital ministra aulas aos pacientes, sobre sua doença, sobre as implicações sociais da doença, sobre o corpo humano, sexo, cuidados com a pele, e até como dirigir, em alguns casos graves, ali é ensinado.



E tem a sua oficina própria. Onde são fabricados e doados cadeiras de rodas, muletas, bengalas, sapatos apropriados e individualizados e até cadeiras com dispositivo eletrônico de comando, para os casos mais graves.



A rede aposta na cura pelo esporte. Tem a sua equipe de desportistas. De basquete, vôlei, tênis de mesa, etc.



É um excelente hospital. Vejamos um resumo de alguns dos seus princípios básicos, afixados em várias paredes:



1. Legitimidade – Pelos respeito aos direitos humanos, às instituições nacionais, à ordem jurídica vigente, aos fundamentos morais e espirituais da nacionalidade e das comunidades a que servem.

2. cidadania – Pela evidência de que na rede hospitalar APS (Associação das Pioneiras Sociais os serviços não são propriamente gratuitos mas na realidade pagos com a moeda justa e pessoal de um povo – os recursos do cidadão – contribuinte – repassados pela União, merecendo, portanto, todos os usuários, igualdade de atenção, de consideração e respeito.

3. Eficiência – Pelo propósito de dignificação e valorização do emprego dos recursos postos à disposição da Rede, de forma econômica e produtiva, com ordenação e disciplina, a fim de que sejam alcançados, incessante e inconformadamente, os mais altos padrões de eficiência.

4. Competência Profissional – Pelo imperativo de ampliação e aprofundamento de conhecimentos, de aperfeiçoamento de métodos e processos, feitos através da vivência hospitalar, da pesquisa, do estudo, do debate, do intercâmbio científico.

5. Ação – Pela permanente atitude de assegurar o primado do entusiasmo, da vigilância, da energia, do ânimo otimista, todas as formas, enfim, do espírito empreendedor, sobre a rotina, a inércia, o marasmo, o comodismo, a acomodação.

6. Criatividade – Pelo gosto da descoberta, da criatividade e da invenção, sempre temperados pelo realismo, pela simplicidade, pela objetividade,e a serviço da eficiência.

7. Renovação – Pela coragem e gosto de conviver com idéias novas, de aceitar seus desafios, discuti-los, comprovar sua viabilidade e coloca-los a serviço da Instituição.

8. Liberdade de Expressão – Pela compreensão da necessidade de tudo fazer para manter e estimular a fluência da informação e a liberdade de expressão dentro da instituição, temperadas pelo respeito mútuo e pela disciplina intelectual.

9. Dedicação Exclusiva - Pela total consagração à instituição e aos usuários, extinguindo os conflitos de interesses.





Este é o Brasil que admiro. Domingos Oliveira Medeiros – 01 de fevereiro de 2002 . Republicado, em 11 de junho de 2003, data em que o hospital está sendo visitado por cientistas e técnicos da Noruega, que aqui vieram colher subsídios e aprender com a gente, como se faz um hospital público de excelência.



Domingos Oliveira Medeiros

11 de julho de 2003





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