Recebi esta contribuição do amigo Elizeu. Valeu amigão! É a história que fala dos tipos de serestas e cantadas através dos tempos...
Agora um detalhe: Sugiro que vá até o final...
Você pode se arrepender...
Um grande abraço do Laviro e que logo mais o Brasil dê um show de bola...
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1910: ONDE TUDO COMEÇOU...
Um rapaz de terno, colete e cravo na lapela, canta pra menina embaixo de sua janela:
"Tao longe, de mim distante,
Onde irá, onde irá teu pensamento?
Quisera saber agora se esqueceste,
Se esqueceste o juramento.
Sabe se és constante,
Se ainda é meu teu pensamento
E minh alma toda de fora,
Da saudade, agro tormento!"
DÉCADA DE 20:
Ele, de terno branco e chapéu de palha,
embaixo do sobrado, sua voz espalha:
"Ó linda imagem de mulher que me seduz!
Ah, se eu pudesse tu estarias num altar!
És a rainha dos meus sonhos,
És a luz, és malandrinha, nao precisas trabalhar."
DÉCADA DE 30:
Ele, de terno cinza e chapéu panamá,
Em frente à vila começa a "cantá":
"Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa!
Do amor por Deus esculturada.
És formada com o ardor
Da alma da mais linda flor, de mais ativo olor,
que na vida és preferida pelo beija-flor...."
DÉCADA DE 40:
Ele ajeita seu relógio Pateck Philip na algibeira,
escreve pra Rádio Nacional e manda esta besteira:
"A deusa da minha rua,
Tem os olhos onde a lua,
Costuma se embriagar.
Nos seus olhos eu suponho,
Que o sol num dourado sonho,
Vai claridade buscar."
DÉCADA DE 50:
Ele pede ao cantor de uma boate nossa,
Que ofereça a ela a esta bela bossa:
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça.
É ela a menina que vem e que passa,
No doce balanço a caminho do mar.
Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema.
O teu balançado é mais que um poema.
É a coisa mais linda que eu já vi passar."
DÉCADA DE 60:
Ele aparece na casa dela com um compacto simples embaixo do braço,
Ajeita a calça lee e coloca na vitrola uma música papo firme no compasso:
"Nem mesmo o céu, nem as estrelas,
Nem mesmo o mar e o infinito
Nao é maior que o meu amor,
Nem mais bonito.
Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar,
Como é grande o meu amor por você...."
DÉCADA DE 70:
Ele chega em seu fusca, com tala larga, sacode o cabelão,
Abre a porta prá mina entrar e bota no toca-fitas
esta canção:
"Foi assim, como ver o mar,
A primeira vez que os meus olhos
se viram no teu olhar....
Quando eu mergulhei no azul do mar,
sabia que era amor
e vinha pra ficar.... "
DÉCADA DE 80:
Ele telefona pra ela e deixa rolar um papo legal:
"Fonte de mel, nuns olhos de gueixa, Kabuki, máscara total":
Choque entre o azul e o cacho de acácias,
Luz das acácias, você é mãe do sol.
Linda...."
DÉCADA DE 90:
Ele liga pra ela e não a encontra (que mancada!)
Então deixa na secretária eletrônica, esta música pra ela gravada:
"Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz.
Mas já não há caminhos pra voltar.
E o que é que a vida fez da nossa vida?
O que é que a gente nao faz por amor?"
CHEGAMOS NO ANO 2000:
Ele captura na internet um batidão legal
e manda por e-mail esta mensagem especial:
"Tchutchuca! Vem aqui com o teu Tigrão.
Vou te jogar na cama e te dar muita pressao!
Eu vou passar cerol na mão, vou sim, vou sim!
Eu vou te cortar na mão! Vou sim, vou sim!
Vou aparar pela rabiola! Vou sim, vou sim!"
E PARA FINALIZAR... CHEGAMOS EM 2002:
Ele pára o chevetinho 81, rebaixado e exótico,
e no mais alto volume solta este som erótico:
"Abre as pernas, faz beicinho, vou morder o seu grelinho....
Vai Serginho, vai Serginho...."
"Vem minina num si ispanta,
vô gozá na tua garganta...."
ONDE FOI QUE NÓS ERRAMOS??!! |
