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cronicas-->Calepígia -- 06/04/2001 - 17:05 (Renata de Fatima Rodrigues de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Calepígia
Chamo-me Rosinha, ou melhor parte de mim tem este nome, a parte dominante. Sou apenas o proletariado desse toda sinto-me segregada.
Não, não se trata de um manifesto comunista sobre igualdades de
direitos, trata-se apenas de um pequeno desabafo.
Como já disse, sou Rosinha, em parte, pelo menos sou de Rosinha. Estou
eternamente presa nessa pomba lesa. Rosinha é uma abestalhada, dezenove
anos e virgem! Enche a boca prá dizer: - Vou casar donzela, de branco,
como manda o figurino.
Se veste sem alegria, como um homem ou, no máximo como uma
crente. Roupas decotadas nem pensar, diz que é coisa de mulher da vida.
Dançar um forró coladinho (-"Vóte!"), diz que se fizer isso vão se
aproveitar dela.
Teve um namoradinho mais ousado e só faltou dá queixa do pobre na
delegacia! Só porque o bichinho queria uns carinhos mais atrevidos.
Achou que ficaria estragada para o casamento, como se o padre pedisse
atestado de pureza...
Eu, apesar de ser dela sou diferente. Eu sou mais eu. Meus sonhos
são em vermelho e rendas, em toques libidinosos e profundos, regados
com suores e gemidos. Não me sinto uma mulher da vida, eu sou puta
mesmo. Minhas formas são bem delineadas, minha carne é rija e farta,
sou robusta e apetitosa e não tenho limites no vale tudo que são meus desejos.
Ela me tem e não me sente ou simplesmente me ignora ao tentar se
desvencilhar de sua própria libido. A inteligência é isso que Rosinha
idolatrae cultua, só isso ela valoriza. Para mim ela é um projeto de
intelectualóide , C.D.F, que faz da minha vida um inferno de bancos de
universidades e cadeiras de bibliotecas. Ela só não pode me impedir de
sonhar... Massagens afrodisíacas, cremes com calágeno, produtos anti-
estrias, lipoaspirações...Ou simplesmente um homem de mãos firmes que
soubesse me fazer feliz.
Quero me separar de Rosinha, ela não me merece. Tantas que
sonham em me Ter em toda minha pelnitude... Eu sou a que enche os
olhos, atraio os desejos, eu sou a paixão desse país tropical e
sexista, eu sou a que remexe sem pensar, a que transa com pagodeiros e
casam com os jogadores de futebol, a que faz fortuna na TV, a que é
vendida a grosso na mídia e nos pacotes de viagem.
Por isso lhe peço Dr. Pitanguy que me transplante que me transplante
para alguém que me mereça, de preferência uma menina bem burrinha de
Q.I lá embaixo, mas que me rebole com gosto e, lhe juro quando eu for
capa da Playboy, lhe pago com juros e correção.
A Rosinha não vai ligar, acho que ela vai até gostar de Ter uma
bunda menos exuberante.
P.S. Não queira saber como eu, sendo bunda escrevi está carta, é muito
constrangedor.
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