Junto com a crise de rinite, acho que me veio uma virose. Sim, aprendi com os médicos que não sabendo diagnosticar dizem que tudo é isso... o que me fez afastar dos amados, para que não peguem a minha lassidão... O mais triste é que, justamente nestes momentos, que a gente mais precisaria de um abraço longo... Longo e silencioso como um chamego todo especial, daquela amizade tão doce, que a gente não via há muito tempo. Mas só de pensar em vê-lo dá aquela vontade doida de abraçar o mundo todo... E falo aqui de um amigo ou amiga tão afável... desses em cuja presença eu só fecharia os olhos para o abraço, simplesmente porque eu não gostaria de perder, por um segundo sequer, a leveza e a ternura de seu maravilhoso e acariciante sorriso... Lembrei-me, agora, com muita saudade, de minha amigona Silvia, que não vejo desde meu aniversário, em dezembro... É tão ocupada minha amiga de todas as infàncias, que quando a encontro procuro curtir o mais leve traço de seu rosto, a expressão de seus olhos, sua voz tão meiga e gentil, sempre atenciosa...

Sinto-me assim... Carente a toda prova. Como a criança abandonada a quem esqueceram de, pelo menos, dar de presente uma simples "boneca de pano"... Aquela boneca prometida que nunca virá, por ser um pedido tão simples que não se fez acreditar... E que ficará, no coração, desejada eternamente. Porque um dia - nunca se sabe - ela poderá vir sem que a menininha espere... Seria uma felicidade inexplicável... E que talvez a compensasse daquela solidão... Tantas pedem jóias raras. Ela não... Pediu, suavemente uma bonequinha de pano, de qualquer tipo... Talvez do tamanho de um alfinete... de um feijão... ou até de um grãozinho de arroz, para que ela a pendurasse na golinha de seu vestidinho vermelho de bolinhas brancas...

Diante da leveza destas imagens que capturei no reino dos gifs - site que alimenta meus textos e poemas - veio-me à lembrança a leveza de uma outra imagem - de minha saudosa mãe - quando eu tinha febre, ou qualquer doença, dessas que necessariamente nos visitam durante a tenra idade, inexoravelmente, me acalentava, dizendo: "Vai embora, dodói, você é muito feio, para ficar neste corpinho tão bonito... Anda, vai logo!!! E ele ia, porque a menina sonhava com coisas lindas, como o beijo de um Príncipe delicado e meigo... E com um buquezinho de flores silvestres nas mãos... Ou, sabe-se lá, uma bonequinha-de-pano...

Passei a aprender muito quando resolvi que a melhor maneira de viver é dando espaço às pessoas a quem amamos, para que possam ser "elas mesmas" e não o que a gente quer que elas sejam... Isso me ajudou a compreender melhor os meus anseios em relação às pessoas e à própria vida... E a felicidade que tenho conseguido por esta simples mudança é imensurável...