Um dia desses achei um ninho de passarinho no pé de limão, no meu quintal.Logo procurei mostrá-lo ao meu neto. Erguendo-o, ele viu a rolinha perfeitamente encaixada no ninho.
_ Que bonitinha! Disse o meu neto.
Fiquei aguardando que ela saísse e olevantei novamente para que ele visse os ovinhos.
Aquilo foi assunto para o resto da tarde.O neto perguntou-me quem teria feito o ninho para o passarinho.
_Foram os passarinhos.Eles sabem fazer, com muito cuidado e eficácia.Meu neto queria saber onde eles aprenderam.
_Foi na natureza, disse-lhe eu. Desde que existe a natureza, ela se conserva, pois seus filhos aprendem a viver nela.Contei a ele que existia o João de Barro que faz o ninho de barro, daí o seu nome.Corri pegar uma enciclopédia para mostrar um João de Barro fazendo sua casa.No meu quintal não tem um João de Barro.
O ninho da rolinha virou atração para o meu neto.Trazia os coleguinhas para vê-lo e explicava que era feito pelos passarinhos, muito hábeis nessa tarefa.
No meu quintal aparecem pardais, rolinhas, andorinhas, com vóos rasantes e um Bem-te-vi que canta estridentemente no poste de luz da vizinha, acordando minha mulher muito cedo.
Eles gostam do meu quintal e eu gosto que eles gostem.Vêm sempre ali. Cantam, comem qualquer coisa, passeiam e vão embora.
Não sei onde eles moram. Só ficam mais tempo quando estão criando.
Imagino que se voltam sempre é porque são bem tratados.
Lembro-me que, quando era criança, vivia com um estilingue e os bolsos cheios de pedra para matar passarinhos.Não sabia por que matava, pois, Ã s vezes, eram tão pequeninos que nem serviam para comer.
Matava por instinto. Era um caçador!
Hoje fico triste me lembrando disso e vejo que eles são tão bonitos, soltos no quintal!
Hoje tenho consciência disso.
Acho que no dia em que todos tiverem essa consciência, deixarão de destruir a natureza.