DESABAFO PT SAUDAÇÕES _
Publicado no jornal Correio Braziliense de 08 de junho de 2002 - "Caderno de sábado
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Não sou comunista, não faço questão. Seguro na corda, do meu violão. Já fui realista, agora sou não. Voltei a sonhar, votei na eleição. Não sou mais petista, segura o refrão. O Lula prá lá, cantei a cantiga, tangi o bordão. Saiu a canção. Canção de protesto, canção que é resto, de minha ilusão. Não temos ninguém, como antigamente. Querendo ajudar. Ser o presidente. Pensar no Brasil. No Brasil de fato. Brasil sem retoque. Brasil sem retrato. Brasil do presente. País do futuro. Brasil para a frente. Brasil que parou. Brasil de repente. Parou de crescer. Parou de fazer. Brasil financeiro. A conta aumentou. O juro subiu. Ninguém produziu. A indústria secou. O emprego minguou. O povo sofrido. A violência surgiu. A prata da casa. O ouro sumiu. Parou o Brasil. Brasil do apagão. Brasil que investiu, na escuridão. Não há luz no túnel. Nem lá no final. A democracia, vai passando mal. Só tem amador. Querendo vantagem. Não tem jogador. Não há seleção. A Copa chegou. Vai ser na Coréia. E lá no Japão. E a coisa tá feia. Não tem jogador. Só tem Felipão. E aqui no Brasil, começa a eleição. Não há candidato. Só existe o retrato. Ninguém se proclama. Não há um discurso. Não há um programa. Só há personagens. De um melodrama. E o cenário é confuso. Ninguém reconhece. É muito difuso. O próprio PT, irreconhecível. Que já foi vermelho. Em outro papel. Lembrava as crianças. O Papai Noel. Trazendo esperanças. No saco a promessa. De acabar com o errado. Com a roubalheira. Com o povo enganado. Com muito trabalho. E nenhum feriado. Agora clonado. Bem arrumado. Cabelo na testa. Sorriso na boca. Bem penteado. A barba bem feita. Todo engravatado. Até aí não tem nada. O banho tomou. Já disse o provérbio. A limpeza que é boa. Até Deus amou. Mas o clone de Lula. Nada a ver com o passado. O Lula de hoje está muito mudado. Passou pela esquerda. Foi pro outro lado. A versão trabalhada. Prá nova eleição. Não traz quase nada. Do Lula de então. Não há semelhanças. Sem comparação. Eu vou ser sincero. Segura o refrão. Prefiro o Lula. Do tempo passado. Do tempo em que ele perdia a eleição. Sem perder a graça. Com convicção. Deixando a esperança. Na mão da criança. Assim é o desabafo. De quem sempre foi da esquerda. No rumo do grande Brizola. Que sempre foi bom de bola. Que sempre foi coerente. E onde ele bota a mão. Não há cristão que agüente. É gol na certa, experimente. Brizola é de palavra. E sua luta é de primeira. Anda na palma da mão. O respeito pelo povo. Trabalho e educação. E seu amor verdadeiro. Poe esta imensa Nação. Não é conversa fiada. Conversa prá boi dormir. Brizola não entra em fria. Brizola é cabeça feita. Não se mistura com a direita. E quando ele dá o tiro. A sua mira é perfeita. O tiro vai certo no alvo. E o alvo se chama Ciro.