A mulher pobre
Aquela mulher é muito pobre.
Suas roupas são simples, de tecido barato. Até falta um botão em sua blusa!
A pele é seca, queimada pelo sol. Há rugas em sua face. Os cabelos são secos, grisalhos, sem brilho, mal penteados.
As mãos são calejadas, as unhas quebradiças.
Os pés achatados com a marca do chinelo de dedo, bem visível. Há rachaduras em seu calcanhar.
Ela é tímida, educada, fala baixinho, olha com delicadeza.
Quando é cumprimentada, sorri. E, nesse momento, é inigualável. Seu sorriso é alegre, sincero, irradia felicidade. Sorri ao ser cumprimentada, pois não ousaria sorrir a outra pessoa.
Ela é madura e sabe evitar conflitos. Sabe que não é todo mundo que tem sorriso dentro de si. Se provocasse poderia receber uma cara feia que só iria aborrecer aquele momento. Ela não quer se preocupar com a cara feia das outras pessoas. Quem a tem deve ter seus motivos...
Ela gosta de todo mundo, mas sabe que nem sempre consegue fazer o bem a todos.
A todos que a cumprimentam ela faz o bem, pois transfere aquele sorriso que significa estar feliz.
Aquela mulher pobre não tem inveja nem rancor. Se chora, Ã s vezes, é por emoções felizes. Chora pelo amor dos filhos, do marido, dos vizinhos, dos amigos.
Chora de emoção ao ver o pór do sol, a chuva fina, o brilho da lua, o encanto das estrelas.
Chora porque ama. Só chora por felicidade.
Aquela mulher pobre não tem frustrações. Ela já é feliz.
Não precisa de mais nada.
Paulo Pereira
22/02/09
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