O cara adorava fazer uma apostazinha condicionada. Se alguém tivesse a possibilidade de duas conseqüências para o mesmo ato, lá estava ele procurando um parceiro para apostar e esperar para ver quem é que iria faturar com a opção correta. Se o bêbado entrasse na igreja, ele apostava que o padre iria expulsá-lo. Se um colega de trabalho chegasse atrasado, apostava que o chefe lhe daria uma bronca. Era todo dia assim. Uma espécie de vício, que algumas pessoas o ajudavam a alimentar, na medida em que topavam as apostas.
Um dia, estava no seu habitual trabalho em turno, de madrugada, quando começou a sentir-se mal, com muitas dores na barriga e ânsia de vômito. Foi ao ambulatório, tomou um Plasil e pediu para ser liberado mais cedo. O chefe prontamente o dispensou e pediu para que um colega de trabalho o levasse para casa no seu carro. Eram duas horas da manhã e, no meio do caminho, mesmo não se sentindo muito bem, comentou com o colega:
- Quer apostar que, chegando lá, a minha mulher vai preparar um chazinho com torrada para mim e depois ficar me paparicando? Quer apostar? Quer apostar?
Para não o contrariar, o colega apostou uns trocados, achando que aquilo era uma grande marmelada. Ao chegarem, ele puxou o colega pelo braço, doido para ver o desfecho da aposta. Ao abrir a porta da cozinha, deparou-se com um enorme bilhete afixado na geladeira, que dizia: “Amoreco, fui à feira e volto já”.
Enquanto embolsava o dinheiro, o colega não resistiu e falou:
- Quer apostar que a sua mulher não foi à feira?
Era bílis para todos os cantos da cozinha.
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