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Cronicas-->CRíTICAS AO GOVERNO LULA -- 17/11/2009 - 11:04 (Divina de Jesus Scarpim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A revista é a Veja, conhecidíssima publicação semanal lida em todo o Brasil, encontrada em vários países do mundo e recebida como assinatura em vários lares, empresas e escolas. Acho que se pode dizer sem errar muito que no Brasil todo mundo conhece a Veja.

Pois bem, no número 1 de janeiro de 2009, a revista publicou um artigo de Demétrio Magnoli intitulado "Começa o outono de Lula" é esse artigo o assunto desse texto. Afora os óbvios e infalíveis comentários que destacam a falta de formação acadêmica do presidente e seus deslizes, escorregões e tombos gramaticais, o texto traz uma sequência de pontos frágeis do governo, dos aliados e do partido de Lula. Coloquei os pontos em tópicos para abordar uma crítica por vez, seguindo a ordem de leitura.

1 - No texto o articulista faz um comentário bastante válido a respeito do salvacionismo, coloca a frase "Nunca antes neste país" como emblemática de um administrador que se quer o paladino da mudança e o salvador que tirou o país de um passado negro para um futuro promissor. A exposição é bem feita mas comete o erro de tratar a postura salvacionista que detecta na pessoa do presidente Lula como se ele fosse o primeiro e único governante nesse país que se comportou de tal forma, e exemplifica com ações e posturas contraditórias do presidente como se nenhum outro governo tivesse tomado atitudes tão contraditórias quanto, em várias situações antes do Lula.

Quando diz que "O líder salvacionista não enxerga nada de positivo antes de seu próprio advento." Parece dizer que esses líderes, generalizados e plurificados na frase, são todos de outros países, como Cuba e alguns países pequenos e pobres da África. Essa "impessoalização" afasta, leva para bem longe do leitor o sujeito da afirmação. O escritor certamente sabe disso e o efeito que conseguiu provavelmente foi o desejado. É uma boa política, afinal, sabemos que o povo não tem memória mesmo, muitos vão, portanto, pensar em Fidel e concordar com o crítico.

2 - No fim de seu segundo mandato, seremos "brancos" ou "negros" antes de sermos brasileiros. Eis aí a verdadeira mudança promovida pela era Lula; uma bomba social de efeito retardado que sua passagem pela presidência deixa aos filhos e netos da atual geração.

Esse trecho, destacado dentro da matéria pela própria revista, está no final do texto mas foi colocado em negrito na primeira folha, ao lado da foto de Lula. A frase passa a idéia de que a discriminação racial e o preconceito não existiam no país antes da "era Lula"; é o argumento da omissão, uma meia-verdade que ninguém percebe ser uma mentira inteira. Nesse país sempre fomos brancos ou negros, ricos ou pobres, antes de sermos brasileiros, não há mudança tão grande assim e, com toda certeza, não devemos esse "progresso" ao governo Lula.

O trecho na verdade reflete o que é provavelmente a opinião do articulista, contrária ao sistema de cotas nas universidades (só lá no final, quando encontra o contexto de onde foi tirada a frase, o leitor percebe que também podem estar incluídos no argumento as reservas de vagas no mercado de trabalho, os números de aprovados nos concursos, etc). Esse é um assunto polêmico que tem dividido inclusive a opinião dos próprios negros que são, como querem os contrários às cotas, "injustamente" favorecidos.

A argumentação desses opositores é sempre baseada na ideia que parece politicamente correta de que as cotas gerariam uma visão ainda mais preconceituosa, ou um "preconceito ao contrário". Sempre dizem que o que precisamos é melhorar a qualidade do ensino público para que todos tenham as mesmas chances e não dar privilégio a um grupo específico. Difícil não concordar com o argumento, é óbvio para qualquer um, e todas as pesquisas, provinhas e provões tem confirmado, que o ensino público vai de mal a pior e precisa melhorar com urgência.

Só que ninguém pergunta quanto tempo vai demorar para que a qualidade do ensino público melhore (principalmente com a elite longe e a salvo nas caríssimas escolas particulares) e como ficarão as classes menos favorecida (os negros, basicamente) enquanto esperam. A resposta, se alguém se desse ao trabalho de perguntar, é óbvia: ficariam como estão, ou ainda pior: sendo maioria em todas as estatísticas que medem índice de pobreza, índice de analfabetismo, índice de mortalidade infantil, índice de pessoas com moradia imprópria para seres humanos, índice de lotação carcerária, índice de vítimas da violência urbana, etc. E continuariam sendo minoria em todas as estatísticas que medem índice de aprovação nos vestibulares, índice de formação superior, índice de detentores de grandes fortunas, índices de bom atendimento hospitalar, índice de acadêmicos com pesquisas publicadas em revistas especializadas, índice de crianças bem nutridas, etc.

Então, como crítica ao governo, essa visão comodista e alienada não atende em absoluto. Pode-se sim, ser contrário à opinião que mesmo de forma não explícita, eu mesma manifestei acima. É óbvio que em um assunto polêmico como esse não se pode esperar imparcialidade e muito menos consenso, mas usar uma das visões do tema para imprimir uma tarja negra e responsabilizar totalmente uma pessoa por um ponto negativo cuja existência nem sequer é opinião de todos, é ser muito tendencioso.

4 - Demétrio Magnoli fala depois a respeito do assistencialismo do governo, criticando o já tão criticado programa Bolsa Família. Realmente o assistencialismo é um problema desse governo, como foi dos anteriores e como o próprio redator afirma que será dos próximos. Mas o curioso é que os pacotes bilionários que o governo (de Lula e também de seus antecessores) passa às empresas e bancos que se vêem em dificuldades causadas em geral por má administração quase nunca são chamados de assistencialismo, e mais, os maiores críticos do Bolsa Família são muitos dos que correram ao Palácio do Planalto de chapéu na mão assim que começou a crise. Essas coisas o texto omite. Mais uma vez a meia verdade, mentira inteira.

Na minha humilde opinião o governo (do Brasil e dos demais países) deveria, em caso de crise, passar a fortuna que costuma dar aos empresários e banqueiros para os trabalhadores assalariados em forma de quitação de compra de mercadorias, dessa forma daria ao povo poder de compra e, com o povo comprando, as empresas produziriam e garantiriam os empregos e investimentos que fazem aquecer a economia. Mas qual governo faria isso? E qual empresário aceitaria essa solução?

5- Como não poderia deixar de ser, o texto explora o problema da corrupção e da troca de favores entre congresso, partidos e governo. Faz isso expondo esquemas de conhecimento geral e citando o já famoso mensalão mas, logicamente e tendenciosamente, o faz (mais uma vez, por omissão), como se o governo Lula e o PT tivessem sido desde que assumiram o poder, os inventores da corrupção e como se o esquema do mensalão nunca tivesse acontecido antes em nenhum governo da história desse país.

6 - Mais adiante ele fala do partido, não diz nenhuma mentira, não faz nenhuma crítica infundada, apenas omite que muitos dos pontos negativos citados pertencem a esse partido justamente por ele estar cada vez mais parecido com os outros, se não nos discursos, certamente na postura. Além disso, Magnoli constrói o texto de forma a parecer que partido e presidente são uma e a mesma coisa, algo que, se feito com o PSDB no governo Fernando Henrique Cardoso, seria criticado certamente. Não que não tenha relação o partido e seu representante, mas da forma como foi colocado, parece ser uma ligação mais estreita do que realmente é e, mais uma vez, parece ser exclusividade do Lula e do PT.

Enfim, não vi praticamente nenhuma crítica ao Lula e ao governo atual que eu mesma não faria, apenas acontece que, a maioria delas, eu faria também aos outros presidentes que já tivemos, em alguns casos, inclusive, engordando com outros fatos e outras falhas os exemplos e as críticas presentes nesse texto. O fato é que não gostei do texto porque é tendencioso, é falso por omissão. É o reflexo dessa revista de direita que representa, reforça e reflete a visão burguesa elitista das classes dominantes.
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