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Humor-->A mulher sim. A vaca nããããããõooooo! -- 15/11/2006 - 19:04 (Sérgio Olimpio da Silva Viégas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Naquela tarde o delegado lá de Capinzal, pergunta:
“(...) seu Candinho como foi acontecer essa barbaridade? Explica-me homem?”
“Che! tem coisas que não passam goela abaixo do peão. Tem coisas sagradas para o Campeiro de vergonha e, uma delas á a vaca velha do leite não, seu!”
Assim Candinho inicia a responder o interrogatório.
Candinho era o cirurgião barbeiro lá do Buracal A barbearia era um rancho de pau-a-pique na entrada do povoado, a beira da estrada do Centurião, na encruzilhada do corredor da Maçonaria. Não sei por que corredor da Maçonaria. Desde quando naqueles “Cafundós do Judas” criar-se-ia uma loja. Na verdade um conjunto de três ranchos, a barbearia, a moradia formada do quarto casal e a sala e a cozinha. Nos tempos do fogo de chão as cozinhas eram separadas da casa pelo perigo de incêndio. Mais a estrebaria dos terneiros no fundo da mangueira. Pouco antes da ferraria do Tininho Caolho e da venda do Turco Jorge com carpeta de baralhos ensebados, cartas mais conhecidas que parteira de campanha, e a cancha de osso. Onde nos fins de semana a gauchada ia molhar a goela, dar uma carteada ou dar tiro de osso. “Culo ou suerte” o dinheiro ia trocando de mãos, mas mais para o turco que ficava com a coima.
Candinho era um índio de porte mediano, bombachas, melena bem abotoada, camisa atada, na frente, deixando aparecer os cabos de casco de cavalo, de um trinta e dois de quebrar por cima, empanturrado de balas, apertado na faixa sem cartucheira, adaga atravessada nas costas e sempre pés no chão. Não sei como não se despiava quando saia da barbearia para o campo ou a estrada. Um cavalo sempre atado no paraíso com o freio e pelego ali no chão. Comentava-se sobre a existência de um pelego e um freio também embaixo do catre. Ele dizia que com um cavalo freio e pelego um homem podia ir muito longe. Um índio arisco e prevenido de mais
A barbearia gabinete dentário era mais ou menos assim. Com o chimarrão sempre pronto. Num canto o cavalete com as garras. Num outro canto uma mesinha com uma torquês, uma garrafa de canha, daquela que matou o guarda, para amortecer o paciente e dar coragem ao dentista e também desinfetar as ferramentas, além do chumaço de lã de ovelha em lugar de algodão, para os serviços de dente. Cortava cabelo, afeitava barbas, arrancava dentes e dava benzedura para bicheiras e picaduras de cobras. Se a venenosa escapava, antes da vitima poder mata-la, dois dias depois de Candinho aplicar a benzedura aparecia morta e seca, bem próxima ao local do crime. Num canto sobre um fogo de chão, próximo à barrica de erva, a tia “Lorença” chiava enquanto Candinho prestava seus serviços e a cuia passava de mão.
A Mulher dele, a Chica, aliviava os viventes lá na Quinta da Tapera do falecido Gentil. Logo depois do almoço quando a clientela do Candinho iniciava a chegar ela seguia pelo corredor da Maçonaria até o arvoredo plantado pelo falecido. Parecia até de propósito que a porteira do Gentil nunca fora fechada. Alguns diziam que o Candinho sabia e concordava, outros diziam ao contrario, mas por um sim ou não ninguém facilitava, pois o Índio gozava a fama de mal arreado.
As vezes o ambiente ficava meio entreverado, alguém necessitado e apressado chegava a passar o matungo pela porteira voltando sobre as patas ao ver um cavalo amarrado nas laranjeiras. Sempre logo que ela chegava se não tinha ninguém não demorava muito e já aparecia um cliente, passava o pingo pela porteira, tirava um pelego e ali mesmo dava uma carcada. Os mais xucros tomavam os cuidados de deixar a porteira aberta, tiravam um pelego, reapertavam a sobrecincha, deixavam o cinturão de balas pendurado na cabeça do lombilho e faziam o serviço com o pingo pela rédea. Em caso de aperto era só puxar as bombachas para cima e saltar no matungo, já a meia rédea. Para esse tipo coisa a cueca samba canção é melhor do que estas cuequinhas modernas, tipo calcinhas de mulher, em caso de aperto não precisa vesti-la ela pode ir caída sobre o fundilho das bombachas sem manear o qúera. Depois seguia até a barbearia ou a venda do turco.
Alguns vinham da Sotéia pelo corredor da Maçonaria, outros mais descarados e, aquerenciados passavam pela frente da barbearia e pior depois da descarga vinham para lá, ouvir os causos principalmente de corno que sempre se ouvia ali. Com todo bom barbeiro Candinho sempre estava atualizado. Principalmente de quem levou guampa. Ou era o causo do gringo do Cerro Branco que chegou mais cedo de viagem e encontrou a cama ocupada pelo capataz. Ou, o caso do Euclides Argola que mandou um peão até a venda e, aproveitou para dar uma livrada na pardinha dele. Só que o índio precisou voltar do caminho e encontrou a sua prenda levando um trato do Patrão.
O povoado era muito mal de mulher rapariga. Povoado pequeno. Na época da tosquia. Quando o dinheiro corria frouxo que nem “Agua de Manancial na lua das Cheias” ou, “Baba de Louco”. A Sia Paulina arrebanhava lá no povo de Capinzal, algumas raparigas e, vinha atender a clientela no paiol do Turco Jorge. O qual ficava com o lucro do trago vendido lá ao som da velha vitrola de corda e manivela. Mas a Chica tinha a sua clientela cativa. Mesmo os frequentadores da Paulina, iam lá experimentar as novidades, mas não deixavam de aproveitar a sobra das laranjeiras plantadas pelo finado Gentil.
“Seu delegado tem desaforos que o peão não pode engolir, o sangue ferve nas veias e o bucho embruia”.
Naquela tardinha me desocupei mais sedo. Arranquei um curinio do negro Tinoco. Que negro de carrio duro! quase entorta os cabos da troqueis. Limpei as ferramentas. Fui botar as vacas e encerrar os terneiros. De relance já notei a falta da vaca velha Mimosa, uma malhada de branco e preto que botava leite até pelas guampas.
Diacho, pensei com os meus botões:
Será que uma cruzeira não me mordeu a vaca velha?
Entrada de verão! Vento Norte com muito mormaço elas saem errando botes a até na sobra. Ou, caiu na sanga.
Achei melhor impeça a campear pela Sanga. Pois caso tivesse caída eu teria de desatolar o bicho antes da noite me pegar.
Segui pelo caminho das vacas, até lá. Seu delega quando cheguei ao barranco do Sangão. O sangue ferveu nas veias e, uma nuvem vermelha como sangue cru, me toldou os olhos. O estômago embruiou Sem pensar no que estava fazendo puxei do trabuco e, cata puff, prendi-lhe fogo. “Tiro dado e bugio deitado.” Atirei mal seu Doutor. O baletão pegou bem na raiz da orelha do, Zé do Barranco, e ele rodou na maneia que nem égua xucra pealada ladeira abaixo. Que pouca vergonha? ele estava barranqueando a vaca velha.
Isso é uma coisa que um gaúcho de vergonha não pode aguentar. Seu doutor o Senhor já viu desaforo maior de que um índio cobrindo sua vaca de leite. Tem tanta mulher por ai. Quem sabe até a Chica? que aquela tarde se desocupou cedo.
O delegado mandou o Candinho para casa. Chamou um soldado, montaram, picaram esporas e foram para o Buracal investigar quem havia praticado o crime. Há quem diga que até hoje setenta anos depois eles andam campeando quem matou o Zé do barranco.
Dizem que nas noite de lua cheia vê-se o delegado e o soldado campeando por aquelas paragens quem matou o Zé do Barranco.
Qualquer semelhança é mera coincidência. Tudo não passa da imaginação fértil deste escriba, Mas, em algum lugar deste Rio Grande afora existiu um barbeiro Onde quem quisesse. A mulher podia a Vaca nãããããããooooooo.

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