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Artigos-->Inversão de valores na cultura -- 04/06/2003 - 08:15 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
INVERSÃO DE VALORES



Francisco Miguel de Moura*



“Há o tempo de plantar e tempo de colher”

Eclesiastes



Se não tivesse sido indiretamente provocado, não falaria do assunto. É que soube que numa determinada assembléia ventilou-se o contraste: velhos e novos ou vice-versa, contestando a validade de velhos no Conselho Estadual de Cultura.

Primeiramente, o preconceito não é permitido em nossa Carta Magna. Então, mais do que desrespeito ou descortesia, ao tratar (ou referir-se) aos que têm mais idade como se fossem inúteis, decrépitos, dinossauros – tanto é crime contra a Constituição Federal (Art. 3º) quanto evidenciar despropositadamente, na sociedade, a oposição homem x mulher, branco x negro, rico x pobre, estrangeiro x nacional, feio x bonito, empregado x desempregado e outras que tais. Todos são preconceitos e não é com eles que nós iremos fazer um bom governo nacional e estadualmente. Digo nós, com razão, porque, como Presidente Regional do PAN (Partido dos Aposentados da Nação), fui parte da coligação de partidos que venceu no Piauí, tendo à frente o PT.

Um dia destes, falando com outros membros do Conselho Estadual de Cultura, professores da Universidade Federal, aposentados e não, novos e velhos, fiz a seguinte assertiva e não obtive contestação: No futebol e nos esportes de modo geral, assim como na pesquisa científica, vencem os jovens – é comum verem-se cientistas com trinta, trinta e poucos anos – o que nos honra e nos alegra. Mas, nas artes (dança, teatro, literatura, pintura, música, etc.) e na cultura, de modo geral, (políticos, juízes de tribunais, administradores, professores, doutores e lentes, por exemplo), quanto mais anos contar a pessoa, melhor o desempenho. É que aqui contam a tradição, a prática, o conhecimento adquirido pela vivência, pelo trabalho e pela convivência mais que pelo estudo. Já diz a sabedoria popular que “viver é fácil, difícil é conviver”.

Para desempenhar bem as funções de conselheiro, é fato, precisa-se ter boa e longa experiência. Há as exceções para que a regra continue de pé. É ótimo que haja exceções. Vivam as diferenças, inclusive as de idade. Vivemos numa democracia. Aplaudimos os jovens, mas respeitamos os idosos. Eles também foram jovens, quer tenham nascido na década de 20, 30, 40 ou mesmo de 50 do século que findou. Por acaso alguém sabe em que década o Lula, nosso Presidente da República, nasceu?

Eles são mestres do que aprenderam e por isto podem, respeitadas as regras da lei (há uma lei, para ser conselheiro de cultura, sabiam?) dar pareceres, conselhos, sugestões, falar, escrever e agir de outras formas. Rui Barbosa, do alto de sua sabedoria geral e jurídica, disse, na famosa “Oração aos Moços” que, “na terra onde os meninos campeiam de doutores, os doutores não passarão de meninos”(citação de cor).

É do meu dever, não posso admitir qualquer ferimento aos idosos porque eles são uma das riquezas da nação. Deram tudo para ela e agora precisam estar mais tranqüilos. Aposentados dos seus trabalhos ordinários, mas poderão prestar outros serviços que a saúde permita, com mais justeza, com maior fertilidade, entre os quais conselheiro é uma. Como conselheiros de cultura, por exemplo, eles jamais se aposentarão, mesmo porque ganham jetons (quando ganham) e não salário. Para não ficar somente em minhas palavras, apresento trecho de um artigo inserido no jornal “Comunicação”, maio/junho de 2003, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, Teresina, assinado por Milton Antônio Moura Fé:

“De modo geral, o idoso tem potencial e é capaz de desenvolver algum tipo de atividade individual ou grupal. É necessário, no entanto, despertar motivação para isso. É comum se ver grupos organizados de idosos em atividades de lazer, velhinhos fazendo artesanato, escrevendo, etc. No campo da política partidária nacional registra-se a presença de idosos em plena atividade, debatendo e tomando decisões importantes para os destinos do país. Embora fragilizado fisicamente, o idoso mantém a capacidade de raciocínio e de discernimento, além de ser um guardião da história. Por tudo isso, a velhice é a fase da vida que mais merece respeito.”

Faço parte do Conselho Estadual de Cultura – um dos mais atuantes do Brasil, diga-se de passagem – e com muita honra, hoje que o Estado paga um jeton condigno e ontem quando o era mais ou menos simbólico. Aliás, sou o mais antigo Conselheiro do Conselho Estadual de Cultura, não em idade, mas em tempo de trabalho. Espero que ninguém, ao tomar conhecimento desta matéria, sofra ataque de tola suceptibilidade, pois não teria nenhum sentido. O assunto idoso e aposentado é comigo. Conselho e conselheiro é com o governo que o mantém e com a lei que o criou.

Trata-se aqui de um esclarecimento, não de polêmica ou resposta. Boa resposta só tem quem merece.

_______________________

Francisco Miguel de Moura é escritor atuante, com mais de vinte livros publicados, nasceu na década de 30 e pertence ao Conselho Estadual de Cultura.

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