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Artigos-->Se o que faz Fidel... -- 03/06/2003 - 23:03 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SE O QUE FAZ FIDEL CASTRO DECEPCIONAR...



Francisco Miguel de Moura *



Se hoje o que faz Fidel Castro decepcionar é o fuzilamento de 3 agentes da CIA e a prisão dos dissidentes, me parece muito estranho. Eu, que sou contra ditaduras de todos os tipos e contra e a pena de morte, me pergunto: Porque os Estados Unidos e seus asseclas não se espantam com eles próprios pela morte dos inocentes que fizeram desde a II Grande Guerra, passando pela Coréia, Vietnã, Afeganistão e Iraque? E pelos golpes e “revoluções” provocados na América Latina, para derrubar ditadores e colocar outros no lugar? É muito mais decepcionante ver os Estados Unidos invadirem Cuba novamente. Eles, que não são a democracia que proclamam, pois até seu presidente, beberrão contumaz, foi eleito com manobras eleitorais, e mesmo que fossem, pregam aos outros o que não fazem: A livre determinação dos povos e o livre comércio, pois praticam embargos comerciais contra os países só para abocanhar suas riquezas e invadem nações sob qualquer pretexto. País imperialista, que se quer dono do mundo, até mesmo das especificidades culturais. Ontem foi o Afeganistão, hoje o Iraque; amanhã a Síria, a Coréia do Norte, o Irã, Cuba, o Brasil. Embora poucos saibam, estiveram perto de desembarcar no Brasil, no período pré-revolucionário de 1964 e só não o fizeram porque os militares conseguiram apossar-se do governo.

A pergunta que, em primeiro lugar, deve ser colocada aos cubanos é esta: Vocês querem os Estados Unidos aí dentro, depois de tanta luta para se libertarem deles, ou preferem Fidel Castro até o fim da vida? Em sua grande maioria, penso que os cubanos ficariam com a última solução. Uma prova disto é a entrevista que o escritor Leonardo Padura (jornalista e romancista), residente em Cuba, deu ao jornal “O Primeiro de Janeiro”, de Porto, Portugal, publicada no suplemento “Das Letras das Artes”, de 7 de abril do corrente ano. À pergunta “E Cuba depois de Fidel?”, declara:

“Se soubesse essa resposta, sentava-me na esquina de minha casa, cobrava cinco dólares e também comprava um Rolls-Royce (risos). Teria dois Rolls-Royce em vez de um. É um mistério, uma nebulosa. Realmente a figura de Fidel ocupa um espaço muito grande na política cubana e internacional. Depois dele não sei como serão as coisas em Cuba. Imagino que diferentes. Tenho esperança que não aconteça um retrocesso social em Cuba, porque há coisas que foram alcançadas estes anos que é muito importante manter. Haverá, certamente, um momento em que todas as tensões econômicas em que vive a família cubana hoje poderão ser superadas e as pessoas poderão viver melhor.”

Respondendo a outra pergunta: “Manter-se-á o caminho socialista?”

diz: “Essa é a primeira e grande incógnita, se mantém um caminho socialista ou entra por um caminho capitalista. Se entra num caminho capitalista como a Argentina, vai ser um desastre, porque Cuba é um país pobre, do Terceiro Mundo, muito perto dos Estados Unidos e sujeita a todos os perigos que significa esse tipo de economia.”

Fausto Wolf, romancista brasileiro que morou em Roma, deu aulas na Universidade de Nápoles e dirigiu teatro na Dinamarca, in “Rascunho”, Curitiba, maio de 2003, declara: “O Édipo tampinha – Bush – já invadiu o Iraque e logo rumará para a Síria, Jordânia, Irã, Coréia do Norte e era preciso encontrar um vilão. Estava na hora do vilão entrar em cena: o ditador Fidel Castro (o único, pois jamais chamaram outro de ditador) condenou à morte 3 agentes da CIA que pretendiam seqüestrar um barco de passageiros para Miami e condenou até 25 anos de prisão duas dezenas de intelectuais e jornalistas. (...) Mas me espanta a hipocrisia dos colegas jornalistas. Afinal de contas, ele já mandara executar um homem do primeiro escalão, seu amigo, quando soube do seu envolvimento com drogas. Aqui (Brasil) já matamos pelo menos 3 presidentes, alguns senadores, vários deputados, prefeitos, jornalistas... mas só se chocaram com o Tim Lopes, porque era repórter da Globo. Uma criança morre a cada hora no Brasil e isso sequer abala o sono de nossos intelectuais. Esperavam o que de um país sem petróleo, que sofre embargo cruel dos Estados Unidos, que tem o melhor serviço de saúde pública do mundo, ao ver seu sistema comunista ameaçado? Esperavam que abrisse as portas aos americanos? Que condecorasse os quintas colunas da CIA? Isso tudo me leva a desconfiar que nossos intelectuais estejam decididos a iniciar uma campanha chamada: “Ajude a CIA a transformar a ditadura cubana numa democracia como a do Paraguai.” Também pode ser Brasil, Argentina, Bolívia et caterva.

Quantas pessoas os Estados Unidos já enforcaram e continuam enforcando, muitas delas inocentes? Quem tem trave no olho, como diz a Bíblia, não procure a do olho alheio.

No caso, fico com as sensatas ponderações dos dois intelectuais citados: um de lá, outro de cá. Ao opinar sobre questão tão complexa, não somente para a América Latina, devemos refletir sobre qual o futuro do mundo, com apenas um país mandando em todos.

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Francisco Miguel de Moura, escritor com mais de 20 títulos, membro da APL e do Conselho Estadual de Cultura.

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