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Artigos-->Guerra e paz -- 03/06/2003 - 22:59 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GUERRA E PAZ



Francisco Miguel de Moura*





Não vou mais ler livros de História. Ela, sobretudo a história política, é o relato e às vezes até a aprovação e os louvores das contínuas guerras que se fazem nações contra nações, poderosos contra poderosos, ditadores contra ditadores, por qualquer motivo, os mais reles e os mais torpes, desde o começo da civilização. A história política do homem é a história dos absurdos e horrores da humanidade. É desumana. A guerra é o horror dos horrores, o inferno dos homens.

Fritz, meu filho, arquiteto e professor, ouvindo meus desabafos, contracena:

– Pai, leia a história das artes.

E eu, renitente como sempre, por já haver lido a história das artes quando fiz meu curso de Crítica de Arte, em Salvador – BA, respondi:

– Não, agora vou ler apenas literatura: poesia e ficção, sobretudo, e um pouco de crítica de todas as áreas humanas. Na literatura, como nas artes em geral, está o sumo da grandeza do homem, toda a história da humanidade pode ser captada pelas artes e as letras, com o filtro filantrópico que nos deixará mais animados. A história política é muito crua, só estômago de porco suporta.

Essa minha posição foi tomada diante da TV, assistindo ao noticiário dessa guerra imoral contra o Iraque, feita pela maior nação da terra em riqueza (claro que ela roubou das outras nações, pois – “quem não rouba nem herda, enrica é merda” – diz o dito popular, certo). Diante da tevê e dos jornais e revistas, neste 2003, ver aquele menino de 12 anos, de nome Ali Ismail Abbas, no meio dos escombros e fumaças de bombas venenosas, com os dois braços torados (amputados) quase à altura do ombro, tendo inclusive perdido os pais e um irmão, foi como rever a menina vietnamita Phan Thi Kim Phuc, de 9 anos, em 1972, nua, desesperadamente chorando no meio das bombas, enquanto seu irmão era morto pelo fogo: o horror dos horrores. Diante desta máquina odiosa de guerra montada pelos Estados Unidos para tomar os poços de petróleo do Iraque, pelas lentes da tevê, sente-se uma angústia quase mortal como se fosse uma tortura. Que nojo dessa gente! Por isto disse a mim mesmo:

– Fecha essa porcaria!

E fechei para abri-la não sei quando. Talvez quando houver uma notícia boa, coisa rara neste mundo cruel do capitalismo global transferido pela indústria cultural de massa a todos os homens impotentes. Sadismo maior talvez só o da tortura corporal. Tudo ao vivo, como se fosse uma brincadeira de criança.

Os comandantes militares e quem vai na sua onda, os poderosos do dia e seus vassalos, os que vivem da guerra (embora não vão a ela, pois têm a quem mandar) acham que os amantes da paz como eu e você, caro leitor, todos somos ingênuos. Os poetas e os escritores são amantes da paz porque sem paz não há progresso. É uma grande mentira apregoar que as guerras trazem progresso. Ao invés, o mundo tem-se atrasado muito por causa delas. Sem paz não há beleza, não há justiça, não há liberdade.

Melhor bancar o ingênuo do que o sábio da guerra, da tortura, da pilhagem oficial ou não, dos crimes contra a humanidade. Melhor não comprometer-se com essas loucuras. A solução da guerra pode não ser ingênua mas é a mais infeliz de todas, a mais egoísta. Em qualquer conflito que se possa ou não possa imaginar, a inteligência e a sabedoria humanas estão capacitadas a agir sem guerra, sem destruição. Há guerra quando falha o bom senso, a sanidade mental, o juízo e o sentimento humanos. A guerra é uma doença da humanidade. Governos sobem e descem, fazem guerra, mancham as páginas da História. Os soldados não são heróis, estes, sim, ingênuos e coitados, pois vão matar irmãos sem saber por que, enquanto os ditadores (todos os que fazem a guerra são ditadores) ficam discutindo os despojos, tomando o vinho da vitória e rindo da miséria deles. Os Sadham e os Bush, como Hitler e Stalin, são seres repulsivos, ignorantes, egoístas, malvados, assassinos, deveriam estar entre grades e motejados pela população.

E que dizer dos fabricantes de armas de guerra de todos os tipos? E que dizer dos fabricantes de drogas e traficantes de qualquer escalão?

Não existe guerra justa. Mas toda paz é justa e humana.











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*Francisco Miguel de Moura, membro da APL, do CEC e da UBE, escritor com mais de 20 livros editados, endereço eletrônico: franciscomiguelmoura@ig.com. br

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