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cronicas-->1965 - Mais Ónibus -- 27/10/2009 - 11:35 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Semana passada escrevi coisas sobre viagens de ónibus e hoje, ao sair do hotel, deparei-me com um enorme, estacionado quase na frente da garagem, um mineiro de Uberlàndia, com um monte de jovens hospedados. Nem estressei, dei uma manobrada e saí. Afinal, era um daqueles double-decker. Vim pensando - coitadinho de mim, que andei tanto de ónibus, sempre batendo a cabeça no teto, hoje em dia nesses daí sobram espaço, já não bastam aqueles dos Franças, de Itapetininga para São Miguel, lotados, que eu pegava em frente o campo do Derac, aos sábados e ia sentado no capó do motor, era um quentinho nada atraente, depois de Gramadinho era um pula pula, ó setenta e um maroto, compensado pelos primeiros bailinhos e meninas.
Eu correndo em frente a Volkswagen de São Bernardo do Campo, para chegar a tempo de pegar o São Paulo - Liberdade, isso pela quatro e meia da manhã, que vontade de fazer o Cursinho Anglo, uma moda e necessidade de mil novecentos e setenta e dois, até que entrei na Fatec. Cruzava São Bernardo, depois Diadema, uns cantos escuros, umas curvas e subia pro Jabaquara, mais de hora e meia e eu dormindo e babando, co´as apostilas bem presas na mão, eu sonhava sem saber porque, tantas prá lá e prá cá, fora os roçares... Quinze prá sete, eu tava na padóka, um pão doce e um pingado, depois seis horas de aulas e mesmo jeitão no São Bernardo - Brastemp, via Piraporinha, tudo porque me mandaram morar com a minha vó. Ainda bem que ela fazia uma comidinha gostosa, só prá mim e ainda me dava uns doces.
Como sabem, fui trabalhar na Eucatex e conheci a Edna, ela até tinha dozinho de mim, moço tão bonitinho, com aquela mala feinha, indo tomar ónibus, pois é. Depois, a gente tomava o Pirituba, via Lapa e ia bem juntinhos, por querer e por fórça daquela massaroca de gente, não sei como entravam tantos e ainda cabia, o truque do motorista era brecar e arrancar. Um passinho prá frente, coitado do cobrador, o tempo inteiro e aquela catraca, créc, créc, fora a campainha e para e para. Eu nem ligava, sabem por que, sabem sim. Assim foi e assim ia, deixava-a e ia pra faculdade de trem, depois ia prá casa de ónibus. Um, dois, três anos e a mesma toada, fiquei até conhecido dos motoristas e cobradores, prá trabalhar, prá namorar e ir a São Miguel, quando não conseguia carona. Fui trabalhar na Alameda Santos, na companhia de cimento e mesmo com carro em casa, enfrentei o de ida, Vila Mariana - Ana Rosa, demorava, também era um city-tour, na volta era o mesmo transtorno, só que chamava Mercado Pirituba, tudo porque andei meio tonto com a tal labirintite e evitava dirigir. Isso no início dos noventa. Depois sarei e aí, carro e trànsito - quero ónibus.
Oi seu Edmundo - Jairão temos problemas com as plaquinhas de baquelite. Vão entregar daqui um mês. Não vai dar não. Compungido, o seu Luiz Fregnan falou - precisa fazer alguma coisa, ligue na Eberle, liguei - Viu, tá feia a coisa. Melhor resposta, só se você for lá a Caxias. Num relance, tome o avião. Foi a ordem que eu ouvi, naquela segunda à tarde, de setenta e oito. Vou de Penha, uma empresa que fazia o sul. - Cê que sabe, traga as peças. Saí, passei na Rodoviária, aquela feiosa, daqueles acrílicos, comprei um ticket e fui dormir, dia seguinte, terça, entrei garboso no fenemê da Penha, para Caxias do Sul, pode - fenemê. Poróó, poróró, que ronco mais estranho. Saímos e dá-lhe BeÉrreDois, poróóó, pá pá, o fenemê ardia na serra e na descida assoviava, Curitiba... Lages, rompendo a noite e a madrugada, rramm, tatá póó pó ró, o motorista cruzava marcha e eu vibrava, só que não andava, mas, roncava lindamente, eis Caxias, desci, um táxi. - me leva na Abramo Eberle. Pessoal, sou da Otis... diga lá o Guri, tamos sabendo, o gaúcho só disse isso e me mandou descansar, ofereceu um café. Viu, a coisa tá feia... Vá pro hotel tchê, deixe conosco. Hotel bão, tomei banho, às oito me pegaram, churrascaria e uma baladinha prá dar risada e mostrar Caxias. Dia seguinte, bom dias, as peças? Estão aí, mais de trezentas em dois pacotes. Levamos você pra Porto Alegre, não, voltarei de Penha. Nessa altura, já tinha um time cuidando de mim, foram em comitiva, puxa ele vai de ónibus. Muito obrigado pelo trato e pelas peças. Paulista, boa viagem! Entrei e vrrumm, opa, um Scania, macio e poderoso, nem senti, Vacaria, Santa Catarina...amanheci em São Paulo, na sexta, um táxi - me leva em Santo André. Jairo, você aqui? Seu Edmundo, tá aqui umas trezentas peças, num acredito. Acredite e tchau, vou prá casa. Quase dois mil quilómetros de ónibus, Fenemê e Scania.
Teve mais, muito mais, fui ver emprego em Betim, amanheci lá de Scania da Cometa, não deu certo, tomei uma circular mineira e fui até o centro de Belo Horizonte, mais um Cometa e eis-me de volta. Fui de avião para Londrina, uma vaca na pista e uns entretantos no pouso,, voltei de Garcia leito, a noite inteira, aquele motor Mercedes roncando. Outras vezes fui à Londrina, tinha lá uma fundição, fui e voltei de Garcia, gostei. Nesses últimos tempos, andei pela Piracicabana, ida e volta prá São Paulo, uns carros modernosos e cheio de design na pintura, não guardei muita coisa, viagem muito rápida. Gosto mais demorado, estou pensando numa viagem aí de Sul a Norte, um dia eu vou contar...
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