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Cronicas-->O Cine Araruna, o maior de uma época de ouro -- 24/10/2009 - 21:08 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A História do Cinema em Araras-SP (3 de 3)

O Cine Araruna, o maior de uma época de ouro


Alcyr Matthiesen


Nos anos 50, o cinema estava no auge em todo o País. Só para se ter uma ideia, o Centro de São Paulo era chamado "Cinelàndia Paulista" e ostentava os cinemas: Ipiranga, Marabá, Paissandu, República e outros. Mas na Avenida São João concentravam-se os mais eletrizantes como Olido, Metro, Regina, Paratodos, Jussara e Art-Palácio. Todavia, se formos citar os dos bairros, esse número chegaria talvez próximo a uma centena.

Nessa época, Hollywood era a Meca da sétima arte e outros países também davam a sua contribuição. Em Araras, a Sociedade Ararense de Melhoramentos, construída por uma legião de homens dinàmicos, lançou a proposta para construção de um grande cinema na altura dos existentes na Capital. A semente foi lançada e a partir de 1955 e no ano seguinte teve início a construção do cinema com nome provisório Cine Ararense, alterado depois para Cine Araruna. A construção seguia em ritmo acelerado e falava-se em tela panoràmica e 1.100 poltronas Cimo. Uma das últimas etapas da construção foi o saguão de entrada, de beleza ímpar, com linhas arquitetónicas arrojadas e um magnífico mural colorido, construído em pastilhas vitrificadas exibindo a figura de uma araruna. O piso, de granito polido, com làminas douradas encravadas no interior, formava figuras geométricas em linhas modernas. A rampa, acarpetada em azul, era curva e levava o espectador à esquerda para a sala de estar e bombonière. À frente, abria-se a pesada cortina azul, que dava entrada à sala de exibição.

As obras terminaram com a pintura interna, fiação, instalação de caixas acústicas. A aparelhagem Simplex era a marca do que havia de mais moderno em imagem e som, sendo pioneiro na sua instalação o técnico Pedrinho Alberto, seguido por Orlandinho Zaniboni que acompanhou toda a epopeia do Araruna como projecionista e ulterior arrendatário. O primeiro gerente foi Waldemar Boldrin, sucedido por Ney Ramos do Rego, que viveria neste cinema por vinte e seis anos.

Como já foi dito na cronologia dessas casas de espetáculos, o Cine Araruna é inaugurado em 1958 com o filme Assim Caminha a Humanidade, estrelado por Rock Hudson, Elizabeth Taylor e James Dean. As sessões eram diárias e noturnas e para os homens, durante muitos anos, era exigido paletó obrigatório e não era permitido entrarem com sandálias, sendo imprescindível o uso de sapatos. Habitualmente, nas paredes envidraçadas do saguão eram afixados pósteres anunciando os próximos lançamentos e à direita da porta principal ficavam os cartazes com fotos do filme em exibição. Grandes produções como Os Dez Mandamentos, Ben-Hur e Spartacus eram anunciadas com gigantescas pinturas sobre a marquise do cinema, como nos famosos espetáculos da Capital e da Broadway americana. De tempos em tempos, o Ney promovia uma sessão Tom & Jerry aos domingos de manhã, onde os filhos "levavam" os pais. Seguiam-se às tardes as matinês e, à noite, duas sessões. Quando passavam filmes de Mazzaropi, as filas dobravam o quarteirão e era comum haver cinco sessões apinhadas de gente, com muitos assistindo sentados no chão.

O namoro no cinema, para os sessentões, foi um marco importante e muitos chegaram ao altar graças aos beijos roubados no escurinho do Araruna, sob a fiscalização do lanterninha que soltava um facho na cara dos amantes mais afoitos.

Contudo, tudo é lembrança e nostalgia. A TV, o vídeo, o carro, os cursos noturnos e as atuais baladas esvaziaram o cinema. Na década de 80, com a liberação da censura, o pornó voltou a trazer parte de um público às salas de exibição, mas foi por pouco tempo. A televisão colorida e as locadoras multiplicaram-se pela cidade e o Araruna, sem público, à semelhança dos cinemas anteriores, acabou fechando na fria noite de 31 de outubro de 1989. O resto vocês já sabem... Não só Araras, mas a Capital, os cinemas do Interior e em outros países, o fim foi o mesmo. Surgiram os grandes shoppings e neles a nova geração volta a curtir o telão, mas não mais em salas com 1.100 lugares. Contudo, com uma vantagem de várias sessões em exibições diárias. A Broadway de Nova Iorque insiste nos grandes espetáculos e lá o cinema ainda mantém índices significativos. Tudo indica que tal tendência começa a chegar no Brasil, mas ainda é cedo para apostar no retorno de grandes salas com telão e pipocas. O tempo dirá...

Alcyr Matthiesen é biólogo, professor universitário aposentado e historiador de Araras, nossa cidade natal.

Fonte: OPINIÃO JORNAL, Araras (SP), Sábado, 24/10/2009, Página 1B.


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LEIA TAMBÉM:

Belle Époque, a Sétima Arte de volta ao passado (1 de 3)

Theatro Santa Helena, o Cinema Paradiso (2 de 3)


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"Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!"

LUIZ ROBERTO TURATTI.



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