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Cartas-->Aprensões do Presidente do Clube Militar -- 08/06/2005 - 15:24 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
APREENSÕES

Causa apreensão o momento político que estamos vivendo. As frustrações são enormes e maiores as desesperanças de todos aqueles que um dia sonharam por melhores condições de vida em um clima de respeitabilidade, dignidade e exercício pleno das liberdades democráticas, no sentido mais amplo do termo e não naquele mais restrito de apenas votar e ser votado.

Há uma perplexidade geral por todos aqueles que acompanham a vida nacional. É quase inacreditável que um governo, portador de quase um cheque em branco para realizar as mais amplas e necessárias reformas, apoiado pelo voto de mais de 53 milhões de esperançosos brasileiros, veja-se quase que totalmente tolhido, paralisado, impossibilitado de retomar as iniciativas políticas e levar a termo o seu programa de governo.

Envolto nesse emaranhado de crises, que a cada dia se renovam e tomam alento, vê avolumar-se ao seu redor um mar de deslavada corrupção que atinge os níveis municipal, estadual e federal, não poupando proeminentes figuras estreitamente ligadas e apoiadas pelo governo.

A desfaçatez como se perpetuam crimes contra o erário público, as cínicas retratações estampadas na mídia, a enorme tibieza de caráter que demonstram a todos revolta, mais que isso, enoja. Custa a acreditar no que estamos vendo onde honra, vergonha e honestidade não mais são virtudes, trocadas que foram pela esperteza, ladroagem e falta de pudor público. É revoltante constatar o número crescente desses sacripantas e com saudades recordar, não faz tanto tempo assim, que o fio do bigode era o penhor maior de honestidade dos homens públicos que construíram essa nossa, hoje, desmoralizada e envergonhada República.

É a esse quadro preocupante, que pode até mesmo comprometer a ordem institucional, que se agregam as justas reivindicações dos militares por melhores e mais dignos salários, pleito reconhecido por toda a sociedade em freqüentes manifestações de apoio pelos seus mais legítimos e diversificados segmentos.

Os militares não clamam por aumento de salário e sim por reposição de perdas acumuladas ao longo dos anos, reconhecidas pelo próprio governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, publicamente, manifestou-se favorável não apenas a recompor a imensa defasagem salarial das Forças Armadas mas, também, pugnar pelo seu reaparelhamento e atualização.

Sua promessa de 23% de reposição salarial não está sendo cumprida e para nós militares é muito difícil não acreditar na palavra de um chefe, particularmente, quando este é o Comandante Supremo. A ele, por fé de ofício, lealdade e formação, damos todos o crédito de confiança.

E é aí que reside a nossa maior preocupação pela quebra de um laço quase que sagrado no relacionamento dos militares. Se nada é possível conceder que não se façam promessas. Sabemos compreender e respeitar um não, pois a nossa carreira e a vida castrense nos acostumaram a viver com constantes negativas: não a melhores padrões de vida, não a locais confortáveis para servir, não a amizades duradouras construídas ao longo dos anos tão necessárias aos nossos familiares, não às horas, extras de noites e dias trabalhados sem pagamentos outros que não a satisfação do dever cumprido, não à própria vida se a Pátria dela nos exigir.

Mas não compreendemos o “não” quando uma promessa é rompida.

É difícil aceitar um “não” quando presenciamos tantas diferenças de tratamento sabendo que, em essência, o dinheiro sai de uma mesma origem, de um mesmo erário, de um mesmo saco.

O Presidente Lula diz que não pode conceder o aumento dos vencimentos dos militares porque a economia do país não o permite.

A questão não é econômica, é fundamentalmente política e só cabe ao Presidente a tomada da decisão. Não importa que os Palocci da vida lhe digam e lhe provem na sua matemática controvertida que não há recursos orçamentários para o aumento. A sua decisão não é a de um técnico, é de um político, e temos a certeza de que o atual mandatário tem a sensibilidade para perceber muito bem essa nuance, pois a vida inteira isso lhe ensinou.

A sua decisão, Sr Presidente, deixa mal, não apenas o seu Vice-Presidente/Ministro da Defesa, mas, principalmente, os Comandantes das Forças singulares que, brigando até quase as últimas conseqüências, não têm nada mais a fazer, pior, não sabem o que dizer aos seus comandados, à sua tropa, estabelecendo-se uma perigosa dicotomia entre comandantes e comandados pela perda dos laços de confiança que governam as suas relações. Aí reside a máxima frustração de todos aqueles investidos da nobre função de comando.

Sr Presidente, o nosso sentimento é que estamos sendo discriminados, desprezados, relegados a um segundo plano sem a prioridade que por justiça merecemos e que o povo nos credita como a instituição brasileira em que mais respeita a confia.

Pela carência de meios que possuem e pela sua imensa defasagem tecnológica as Forças Armadas Brasileiras carecem de um efetivo poder de combate, capaz de responder às ameaças que se fazem cada vez mais patentes contra o País, em especial, contra a sua área amazônica. Não há País respeitado na comunidade internacional sem Forças Armadas com válida capacidade dissuasória, que hoje, lamentavelmente, tanto carecemos.

As promessas foram tantas e não cumpridas que comprometem a nossa confiança por melhores dias.


Gen Ex Luiz Gonzaga Schroeder Lessa
Presidente do Clube Militar

31/05/2005



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