Como diz Edgar Morin, neste alvorecer de milênio, como os “daimons” dos gregos e, por vezes, como os demônios do Evangelho, nossos demônios “idealizados” arrastam-nos, submergem nossa consciência tornando-nos inconscientes, ao mesmo tempo em que nos dão a ilusão de sermos hiperconscientes. Esses demônios advêm, quase sempre, de nossos paradigmas, crenças que, muito além do que se pensa, vem da forma de se fazer ciência e menos das religiões. É o cientificismo vigente. Crenças que determinam o modo de pensar e agir, bem como o modo de ensinar nos mais variados graus da escola, assim como aos filhos e jovens de todos os cantos. Crenças que, pensam os néscios e insensatos, lhe dão o direito de emitir opiniões categóricas sobre este ou aquele assunto, geralmente execrando tudo que é novo. Crença que também distorce essa máxima de forma altamente conveniente, vindo dizer a todos que quem se opõe a seu pensamento dominante é aquele que tem medo do novo. Crença que determina o paradigma vigente que postula o ter pelo ter, o capital pelo capital, a matéria pela matéria, o “real” pelo “real” e joga fora a educação que verdadeiramente liberta o ser humano. Mas há sempre quem ousa sonhar. Quem ousa suplantar esse paradigma dominante e que sabe, em seu íntimo, que esse é o velho, o caduco bem escondido. Aquele que sabe que esse velho é o lobo disfarçado de ovelha que vem através de vozes específicas dos grandes órgãos de comunicação, de conhecidos professores da universidade ou de renomados juízes, advogados ou deputados. Aos que ousam sonhar, pois, aqui vai um quantum de ânimo! Ânimo necessário ao ímpeto, à coragem de serem diferentes. Que continuem suas lutas, fiéis aos seus objetivos, pois só eles contam. Lutas de não-violência, claro. Que não dêem atenção aos domesticados pela ciência dual, clássica e materialista e sigam seu caminho. Que possam respirar o ar puro que o cosmos oferece a cada momento. Que esse quantum seja do tamanho que couber em cada um, preparando para o salto que está por vir.
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