EDITORIAL
Morrer por Zelaya?
30/09/09
Jayme Copstein
Quem deseja morrer por Zelaya? A pergunta absurda nasce de uma idiotice levantada por alguém nos bastidores do Governo, transpirada e por fim abafada prontamente pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, com a declaração peremptória de que o Brasil "não pretende intervir militarmente em Honduras".
Durante todos esses anos, desde o fim da ditadura, redemocratizar significou para os patriotas de plantão sucatear as Forças Armadas, como se a farda e não a insaciável fome de poder dos políticos fosse o obstáculo para norm alizar a vida da Nação. Com alguns quartéis limitando o expediente à parte da tarde porque falta verba para o rancho, alguém falar em mandar tropas para a América Central é de rir.
O trágico em tudo é que há jornalista brasileiros brincando de correspondente de guerra, tentando impressionar leitores e ouvintes com as suas dificuldades de fazer a cobertura porque não conseguem entrar no prédio onde funcionava a nossa Embaixada. Funcionava, sim, hoje foi transformada em palanque de Manuel Zelaya, graças à trapalhada em que Marco Aurélio Garcia e seu obediente acólito, Celso Amorim, enfiaram Luiz Inácio Lula da Silva.
Seja qual for a evolução do quadro, as consequências para a imagem do Brasil são as mais desastrosas. Se Manuel Zelaya conseguir retornar à presidência, volta como ditador. A esta altura dos acontecimentos, excluindo-se uma improvável renúncia imediata de Roberto Micheletti para que o Judiciário assuma o poder, não há condições de se realizarem as eleições de novembro. O papel desempenhado pelo Itaramarti - sórdido, triste - terá sido o de contribuir para instalar uma ditadura na América Central.
Há, ainda, outra hipótese: que a crise hondurenha descambe para o confronto armado. Neste caso o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, terá deixado a marca da sua irresponsabilidade, manchando de sangue, como nenhum outro, a história brasileira.
JaymeCopstein.com.br
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