Como uma certa dose de radiação gama diária num certo órgão só vai causar males diagnosticáveis após dez anos de incidência, uma fria análise estatística depois de seis meses ou um ano indicaria que essa dose é inócua. Um pouco de Álgebra e Lógica, mesmo que lineares, seria suficiente para indicar, contudo, que esse estudo não autoriza a afirmação de que a mesma dose não afetaria indivíduos que a tomassem por um tempo superior ao estudado. Então, quando muito, o resultado se restringe aos períodos analisados. Isso se os cuidados com precisão e exatidão fossem levados a sério nos estudos realizados, o que nem sempre ocorre. Afinal, qual é a diferença entre precisão e exatidão e como se fazem medidas exatas em experimentos com seres humanos, levando em conta a bioética complexa? Quantas e quantas drogas farmacêuticas foram proibidas só depois de muito tempo de utilização, depois de graves distúrbios induzidos, ou mesmo mortes ocorridas? Será que os doutores especialistas (reducionistas, portanto), defensores dos transgênicos, poderiam assinar em branco a declaração de que os mesmos são realmente inofensivos ao ser humano em sua totalidade? Ou a afirmação de que os dados de hoje indicando que não há caso relatado até o momento de problemas causados pelos transgênicos é um alvará seguro para sua liberação? Os casos de ratos de laboratório e de lagartas de algodão que foram envenenados, alguns revelados pela revista Super Interessante, devem mesmo ser desprezados por não se tratarem de casos humanos? Que interessante!!! Uma opção neoliberal é liberar o “transgênico legal” e correr o risco de, quem sabe um dia, o mesmo ser tirado do ar por conta de uma fraude contra a opinião pública.