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Contos-->TRÊS TAÇAS DE VINHO NA NOITE AMADURECIDA -- 31/07/2001 - 18:35 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





TRÊS TAÇAS DE VINHO NA NOITE AMADURECIDA


Para Rolf e Darciso, que também bebem vinho e cultivam lembranças.




A noite já amadurecia e desde o morro descia una brisa carregada das vozes silenciosas das árvores, dos córregos, dos pássaros e dos animais. Vozes que grudavam na pele e saturavam a realidade.
Estávamos os três, como se fossemos solitários, maiores abandonados, com três taças de vinho e um montão de lembranças encima da mesa. Tantas que caiam dela, resvalavam pelo mosaico e subiam pelas nossas pernas.
Entre trago e trago, desfilavam imagens de antanho, momentos saturados de ternura que o tempo transformou em cenas magicas. Crescia a sensação de que éramos diferentes porém muito iguais. Em tempos, situações e mulheres diferentes, mergulhamos e desfrutamos de idênticas emoções.
As palavras foram escondendo as lembranças, ofuscando acontecimentos do passado, apagando o tênue fogo que tinha tomado conta das nossas almas. E percebemos que éramos iguais, porém muito diferentes. Comemos o peixe assado, bebemos todo o vinho e nos despedimos.
Na estrada, com o automóvel vencendo a distancia, imaginei você perto, quase tocando meu corpo. Num instante inexplicável retornei ao passado, a você. Bastava, então, que tua mão encostasse na minha para que meus instintos renascessem e em louca carreira tomassem conta do meu sangue, do meu pensamento. Bastava que tua boca insinuara uma promessa para que minha alma entrasse em êxtase e meu corpo exigisse teu contato, tuas caricias. Era um naufrago que se aferrava a ilha do teu corpo, penetrando tua intimidade mais reservada, querendo desbravar, conquistar e possuir cada um de teus pensamentos, cada um de teus gemidos e suspiros. Fazíamos o caminho a cada beijo, a cada abraço, cada vez que me afundava no teu sexo quente, buscando não sei bem quais respostas. Talvez o amor fosse aquilo: tua alma aberta para que eu, conquistador ferido, entrasse e escrevesse obscenidades e poemas, verdades e mentiras, canções e lembranças.
Agora só me resta o sabor do vinho, outras mulheres e uma rodovia escura, parcialmente iluminada pelos olhos tristes do meu carro; uma estrada que parece infinita e não leva a lugar nenhum.
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