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cronicas-->Intercàmbio -- 26/03/2001 - 13:39 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia, vendo uma reportagem sobre túneis cavados pelos presos do Carandiru, lembrei do tempo em que fazia o curso secundário em Caxias do Sul. Na época, eu estudava no Colégio Nossa Senhora do Carmo. Era um colégio espada, mantido por irmãos lassalistas, motivo de orgulho de seus alunos e ex-alunos. Ocorre que ele fica, ou ficava, ao lado de um outro colégio muito respeitado na cidade, separado apenas por uma rua. Trata-se do colégio São José, mantido por irmãs cuja ordem eu não me lembro e, na época, admitia apenas meninas. A aproximação entre os alunos era inevitável. Por que fenómeno semelhante não haveria de ocorrer com os irmãos e irmãs de um lado e de outro?

Embora não haja provas, muito se especulava sobre a existência de um túnel que ligaria os dois colégios, viabilizando encontros entre os irmãos e irmãs. Tal idéia de origem anónima, voltava à discussão de tempos em tempos, sempre enriquecida com algum detalhe, não raro com algum depoimento. Era improvável, mas não impossível, uma vez que o gênio humano não tem limites. Um tunelzinho de pouco mais de cinquenta metros, não chega a ser algo tão difícil e a motivação, convenhamos, seria forte.

Especulava-se inclusive sobre a existência nos acessos em cada um dos colégios de um cartaz com as regras de trànsito, vamos dizer assim. Consta que as principais regras eram estas:

1. Os portões em ambos os lados eram abertos diariamente as 21:00 e fechados na manhã do dia seguinte, as 05:00. Quem perdesse o horário deveria ficar onde estivesse até a reabertura, mesmo os que estivessem em trànsito no túnel.

2. O túnel não poderia ser usado para cortar caminho entre os colégios, quando fosse necessário tratar de algum assunto oficial. Mesmo quando estivesse chovendo e o irmão ou irmã estivesse sem guarda-chuva.

3. O silêncio no túnel devia ser observado rigorosamente, admitindo-se no máximo alguns sorrisos cúmplices, desde que muito discretos.

4. Tudo o que fosse visto ou ouvido no túnel ou sobre ele, deveria ser tratado como segredo de confissão, não podendo ser invocado como desculpa ou acusação, qualquer que fosse a circunstància.

Diziam que as entradas do túnel estavam atrás dos altares das capelas em cada um dos colégios. Os irmãos e irmãs, após o jantar, iam rezar e entre uma e outra oração, discretamente iam até os fundos do altar e desapareciam por algum tempo. Não raro muito tempo. Teve mesmo o caso de uma irmã, baixinha, quietinha, que ficou desaparecida mais de duas semanas, sem que ninguém pudesse fazer nada. Usavam uma porta que dava acesso à uma escada que por sua vez levava ao túnel propriamente dito.

Que eu saiba, estes fatos nunca foram confirmados, mas há especulações de que o segredo teria corrido sérios riscos na década de oitenta quando alguns irmãos exigiram a instalação de uma esteira rolante, como a do Senado.

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