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Contos-->O que o dinheiro não pode comprar... -- 31/07/2001 - 11:40 (•¸.♥♥ Céu Arder .•`♥♥¸.•¸.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Conheço um cara que só pensa em dinheiro. E vê os bens materiais como algo imprescindível na vida de um ser.
E ele costuma dizer:
"Um homem não é nada, sem um bom carro, uma casa luxuosa, um emprego rendoso e uma bela mulher".
Esse cara tem tudo isso, realmente. Uma bela mulher. E dois filhos, também.
Uma das grandes reclamações nessa sua vida tão "bem sucedida" é de que um dos filhos não quer saber de estudar. Vive em farras constantes, metido com grupos de rock e só chega a casa lá pelas tantas da madrugada, cheio de bebida e sabe-se lá mais o quê.
No dia seguinte, quando tenta chamar o filho à responsabilidade, este dá logo um grito e diz que se o pai não calar a boca, pegará tudo o que tem e vai "se mandar de casa"...
Ele contou-me isso, entre lágrimas e me disse:
- Amiga, o que posso fazer, se dou tudo ao meu filho e ele não me tem o mínimo respeito. O que faço?
Eu não sou dada a conselhos, pois cada caso tem a sua forma especial de ser resolvido. Mas, diante do apelo e da insistência, vi-me obrigada a dar, ao menos, uma palavrinha. Isto, dentro de meu jeito, imutável, de falar sempre aquilo que penso, doa a quem doer...
Disse--lhe eu:
- Não faça nada! Diga ao seu filho, simplesmente, que você não aceitará mais esse modo de vida dele e está exija que ele mude o seu comportamento. Não é simples? Afinal, você é o pai, que o sustenta e lhe possibilita tantas extravagâncias.
E meu amigo retrucou:
- Mas... E se ele ameaçar, de novo, que vai sair de casa, para não mais voltar?
- Aí, você, com a mesma naturalidade que ele disser que vai "se mandar", diga que ele já vai tarde! E que ele já deveria ter feito isso há muito tempo. Exija que ele cumpra a ameaça no exato momento em que a fizer, mas que deixe em casa tudo o que tem, pois nada lhe pertence, por não haver sido comprado com o dinheiro dele. Ordene, também, que ele saia somente com a roupa do corpo. E se estiver frio, é ainda melhor. Não deixe, de forma alguma, que ele pegue nenhum agasalho.
Espantadíssimo, ele indagou se eu estava no meu juízo perfeito.
Eu disse que sim. Ele é que não tinha nenhum, pois era capaz de comandar uma grande empresa e não tinha a menor autoridade sobre um pirralho, pois dava tudo ao filho, de mão beijada, sem ensinar-lhe o quanto é importante valorizar aquilo que se consegue como fruto de um árduo trabalho. Disse-lhe, ainda, que o mal da maioria dos pais é pensarem que, dando tudo aos filhos, estão fazendo a coisa certa e vão ser amados e respeitados por causa disso.
Os filhos só se sentem amados, quando chamados à responsabilidade, com muitas doses de amor, sim, mas com o pulso firme também e muitas broncas, de vez em quando. Pois o mundo é uma selva para ser desbravada e temos de ensinar às crianças a se defenderem dos perigos, para que, sozinhas, sigam depois o seu caminho.
Comentei com esse amigo o exemplo de um cão, quando o temos em casa. Se observarmos, o bicho tenta fazer o que quer, e não o que nós mandamos. Mas, se o tratarmos com a devida energia e mostrarmos quem é o dono, ele põe-se logo em seu devido lugar, e começa a fazer festinhas para ganhar nossa amizade, com a maior doçura deste mundo.
É evidente que o cão não nos questiona, por não raciocinar. Trata de obedecer, pois, no seu instinto, sabe que não ganhará nada por aborrecer o seu dono. E que, à primeira indisciplina, ele vai para a "corrente".
Com os filhos, a coisa é um pouco diferente; mais fácil, diria eu. Podemos manter um diálogo e colocar os pingos nos "i". Dizer, simplesmente:
- Você faz parte de uma família organizada, e, como tal, tem de se submeter a certas regras.
Deve-se ensinar o que é certo, pois, o errado pode ocasionar conseqüências desastrosas, irreversíveis, às vezes.
Sempre fui muito atenta à maneira de como se educa uma criança.
Eu queria, desde menina, ter uma família, onde fôssemos todos felizes, amando e ajudando, uns aos outros.
Sei que não é uma tarefa fácil. Mas, o que é fácil nesta vida?
Certa feita, meu filho, Leonardo, já com doze anos de idade, fraturou a perna, em um jogo de futebol. Ao ser empurrado, por um moleque mais velho, caiu contra a trave. Além do dano na perna, teve ferimentos feios no braço esquerdo.
É evidente que morri de pena e deu-me vontade de surrar o garoto mais velho. Mas... Nessa época, eu já havia aprendido que todas as coisas têm o seu lado positivo. Agradeci, mentalmente a Deus, pelos ferimentos serem sanáveis e corri a socorrer meu filho, que teve a "sentença médica" de ficar de "molho", em casa, durante longos quarenta dias.
Era uma fratura de gravidade média, mas requeria alguns cuidados.
Foi um período muito difícil para mim, que sempre trabalhei fora. Meu garoto reclamava o tempo todo de não poder sair de casa e movimentar-se livremente... Reclamava de minha ausência e praguejava contra a sua "má sorte", embora eu tivesse a permissão de ficar quinze dias para cuidar dele. Chegou a ficar insuportavelmente malcriado, como se os culpados de seu infortúnio fôssemos nós.
Eu sofria calada e com o coração apertadinho... Ah! Quem me dera pudesse sofrer no lugar do meu menino, pensava eu. E chorava escondidinha, com pena dele. Mas consolava-me saber que o tempo seria um remédio infalível e que tudo voltaria ao normal.
Nesse meio tempo, houve um torneio de futebol, em uma das escolas onde eu lecionava. Era um jogo dos "sem-pernas"...
Isso mesmo! Uma associação de deficientes físicos (sem-pernas) promovia esses eventos.
Nesse dia, a escola só funcionaria para os jogos, que aconteceriam durante o dia todo, com intervalos para almoço e lanches.
A clientela começava a chegar. Eram dois ônibus lotados.
Quando os atletas surgiram, eu nem podia acreditar no que meus olhos viam.
Eram moças e rapazes, jovens e bonitos, de porte atlético, rostos saudáveis. Uns, de muletas, outros em cadeiras-de-roda. Mas, todos, com uma agilidade de causar inveja às nossas "duas pernas"...
Fiquei muda de espanto...
Nesse momento, um lampejo de entusiasmo tomou conta de mim.
Pedi aos alunos que me reservassem dois lugares na arquibancada, avisei que ia a casa, mas não demoraria.E entrei, eufórica, no carro.
Chegando a casa, meu filho resmungão estava lá, com a sua perna engessada até o meio da coxa, apoiada em duas almofadas, jogando videogame e com as lágrimas correndo pelo rosto lindo. Ele não contava comigo ali, àquela hora (eu deveria estar no trabalho).
Fiz uma cara interrogativa e perguntei a razão das lágrimas. Ao que ele, agressivamente, me respondeu:
-E você ainda me pergunta? Já olhou bem a minha situação? São quase vinte dias e eu aqui, prisioneiro, por causa dessa perna "aleijada"!
Confesso que tive mais indignação do que pena. Diante do que eu presenciara na escola, ver meu filho com aquela perna de gesso era o melhor prêmio que eu poderia desejar.
Pedi a ajuda da empregada, para vesti-lo e, sem dar atenção às suas reclamações, joguei-lhe as muletas (temporárias), quase com raiva, e disse que íamos assistir a um jogo. Ele parou de praguejar, pois, sair de casa até que lhe deu um certo alívio.
Ao saltarmos do carro, já no colégio, ele percebeu logo a minha "intenção". Eu apenas lhe disse:
-Eles têm mil razões para chorar, mas estão tão felizes não é?
Meu filho olhou para mim, com os olhos brilhantes e seguiu, vendo o jogo e torcendo por aqueles jovens, sem pernas, mas com o coração cheio de determinação e alegria. E como se movimentavam e "pulavam"...
Foi uma lição que valeu mais do que milhões de discursos.
Senti naquele momento que meu pequeno ditador aprendeu o "valor da vida".


Amor Virtual? Você tem?!

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