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Artigos-->MEU LIVRO DE POESIAS _atual -- 27/05/2003 - 03:02 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
JUVENÍLIA



Você me solicitou algumas palavras sobre seu livro Juvenília. Admito que não sou gramático, crítico ou revisor. Daí ter meus olhos atentos unicamente à essência de seus poemas...

Confesso que me senti embriagado ou perdido na pluralidade caleidoscópica das imagens e temas dos seus versos. Fato que me trouxe alegria de dizer: Você é poeta.

Por quê?

Exatamente porque plotinianamente é a essência ou a alma que define a poesia. A forma ou a maneira de dizer não me importou muito. Mas sim o que está escrito no seu livro: páginas que me parecem pequenas ante a exuberância fantástica de sua inspiração. Aliás, o que não lhe motivou inspiração? A vastidão de assuntos trouxe a sua alma a necessidade imperiosa do parto poético multiforme. Tudo e todos ressoam em seu universo secreto de poeta. São reais e sinceras as suas palavras no poema Inspiração:



INSPIRAÇÃO



“Posso escrever dez poemas num dia;

E em dez dias, nenhum.

Eu sou a Harpa, o instrumento

Que um anjo toca

Quando Deus quer”



Luiz Goulart







O Professor Luiz Goulart é fundador da Corrente da paz, entidade espiritualista e filosófica que trabalha com musicoterapia mística, mentalização, afirmações positivas , palestras e busca de saúde, paz e felicidade . Situa-se na rua Senador Dantas 117 – Cobertura 03 – Centro – Rio de Janeiro – RJ - Telefone : 240-7489 – Entrada Franca.





Marcelino Rodriguez, um jovem poeta a explorar o infinito, quando menino conversava com Donald e Peninha enquanto pensava que havia uma porta mágica para entrar no céu.

Depois lhe veio a inspiração que o fez escrever dez poemas num dia; a admiração por Taiguara, um leão de doçura e por Guevara, de olhar aberto, vivo na eternidade.

A adolescência lhe trouxe a vida de Cecília como um beijo da lua, como um afago nos cabelos, que lhe fez descobrir que Deus é azul celeste e depois, jovem, desprotegido como um esquilo, como um pescador que atira no mar sua rede de sonhos, encontrou certa morena.

Volúvel como poeta que é, mandou três declarações a três mulheres diferentes, amou uma mulher por uma noite, se apaixonou pela vizinha de cima, sonhou com uma moça loura, fez canção de ninar a Lu, tentou o diálogo com Valéria, acolheu em casa, com jeitinho serelepe, o anjo do amor.

Agora guarda as alianças da mulher que levou-lhe as esperanças, está com as contas pagas, a mulher em dia, ouve o bate-bate inquieto do coração, vê o vale onde canta o passaredo, encontra um anjo na estrada e armado com a espada do sonho constata que seus vizinhos burgueses estão trancados nas celas de seus apartamentos e tenta resgatar certa maneira de andar na chuva, porque é radicalmente poeta, de inspiração livre, romântico, que pôs o pé na estrada do Sul de Minas, no vale lindo de sonhos.

Assim é o cantor que olha a Praça Afonso Pena como se não fosse desse mundo, bebe a morte no café, caminha sob o sol tórrido de São Cristóvão numa manhã de Domingo, embora tenha o Dom de voar.

Assim é Marcelino Pão e Vinho, O Observador de Pardais. Assim é Marcelino, O Espião de Jesus Cristo. Assim é Marcelino, o autor de Juvenília.



Laura Alcântara.



Julho, 2000.

“Eu paguei a vileza com pombas”

Pablo Neruda





Um dia sonhei com uma andorinha

Que disse que me amava

E jamais me deixaria;

Ela foi meu melhor sonho

— Mas era tudo mentira.

Guardo desse acontecimento

Até hoje as alianças.

Essa andorinha foi a mulher

Que me levou as esperanças,

Mas também meus temores.

Tenho orgulho de só ela

Poder ter ganho de mim.

Já sou além das dores!...

A ela, o livro pedido.









O CAVALEIRO



Minha felicidade

È tão pequena,

Cabe na minha solidão.

As contas pagas, a mulher em dia,

A janela sobre o horizonte,

Um cão me guardando tudo,

Um anjo a brincar no jardim.



Minha felicidade é tão pequena...

No entanto, para consegui-la,

È preciso que eu tenha uma espada

E os sete dons de um cavaleiro,

Pois para conquistar

Minha felicidade

Tão pequena,

Sou eu contra o mundo.







MEU MENDIGO



Mesa farta,

Pouca gente.

Meu mendigo

Morrendo de fome.



Grande mar,

Muita gente.

Meu mendigo

Morrendo de sede.



Grande mundo,

Muita gente.

Meu mendigo

Morrendo doente.



Grande baile,

Muita dança.

Meu mendigo

Morrendo coxo.



Grande lixo,

Nenhuma gente.

Meu mendigo

Vivendo contente.



1986









SEGREDO DO SEGREDO



Esse bate bate inquieto

Do meu coração,

Diz-me algo que não escuto.

Mas que importa?



Até quando ele é indecifrável e profundo

Até quando ele me fala

E eu, miseravelmente, não ouço,

Ainda é voz maior.



Deus pode ser esse orgão

Que nos grita e nos leva

A caminho do enigma.



1986







DESCOBERTA



A tarde é morna,

Repetida, indolente.

Os homens chegam

Cansados dos deveres.



Ó Santa Maria, a vida,

A vida não é assim,

Sem o fogo ardente!



No crepúsculo de verão

As nuvens desenham

Outros sonhos – coração

Dilacerado! – Como voar?



De repente, descubro:

Deus é azul celeste.







CANTIGA



A vida de Cecília

Passa por mim

Como um beijo da lua,

Como um afago nos cabelos,

Como uma voz a dizer:



“— Marcelino, não fiques triste.

Sejas isento. Mas tua cantiga,

Deixe-a nascer.”



Prometo, Cecília,

Atendimento.

Mas a vida já foi mais bela

(Já foi mais leve sofrer.).



4



COWBOY



O horizonte me atrai,

Porque é longínquo.

Só preciso de um cavalo

Um gole

Canções

E o vale, onde canta

O passaredo.

Na poesia da vida,

Sou cowboy.



5





COWBOY



O horizonte me atrai,

Porque é longínquo.

Só preciso de um cavalo

Um gole

Canções

E o vale, onde canta

O passaredo.

Na poesia da vida,

Sou cowboy.



6





FANTASIA



Se uma noite

Por uma caminhada,

Estivesse triste

E na minha estrada

Encontrasse um anjo

Que me desse um beijo,

Perguntar-lhe-ia:

“Por que não somos felizes?”

Responder-me-ia, talvez.













FANTASIA



Se uma noite

Por uma caminhada,

Estivesse triste

E na minha estrada

Encontrasse um anjo

Que me desse um beijo,

Perguntar-lhe-ia:

“Por que não somos felizes?”

Responder-me-ia, talvez.



7

I...



Foi repentino nosso encontro...

No inverno passado

Desejaste-me “felicidades”.

Eu estava triste, desprotegido

Como um esquilo

Que anda na neve

Sem ver um verde

Na paisagem.

Não encontrei forças para dizer-te

Que tu eras minhas felicidades

– Talvez por meu silêncio

Foste embora, levando

Minhas nozes –

Novamente a neve chega,

Sem vinho

Chaminé

Consolação.

Agora sou um gato

Sem tapete,

Rolando

Pelo chão frio.





9







V



Tu sabias que eu era um jovem poeta

A explorar o infinito.

Pressentiste que minha solidão era alta

Como as nuvens sobre as cordilheiras.

Por que pegaste minhas mãos?

Por que as largaste, depois de presas?

Para mim tu eras somente

Uma pomba que voava,

E eu gostava de ver.

Eu era tão vivo ao teu lado!

Tu me parecias imensa como uma rocha.

Seus cabelos eram cachoeira de calma.

Quando chorei por ti,

Deixaste-me sozinho no vale dos meus olhos.

Foste implacável.

Não me deste tempo de dizer

Te amo, te odeio ou não te quero.

De mim só querias distância.

Tive então que ser distante

E deixar passar meu destino

No céu azul imenso.

Sem uma nuvem.

Sem uma pomba.



10



O PESCADOR



Vós que chamais o poeta

De sonhador perdulário,

O que sabeis dos sonhos?

O que sabeis da medida divina?

Calai-vos, profanos!,

Enquanto atiro ao mar

Minha rede de sonhos,

E fico no barco

Esperando os peixes.







11



DISNEYLÂNDIA



Quando menino, eu conversava

Com Donald e Peninha.

E para mim Donald e Peninha

Eram mais reais que meu pai, minha mãe e o mundo,

Naquele momento que eu acreditava.

Lembro-me que era uma conversa leve,

Mas nem por isso menos grave.



Subitamente percebo que não converso mais

Com Donald e Peninha, e nem por isso

Sinto-me mais sábio ou verídico.

No entanto, Donald e Peninha continuam a existir.

E, se existo, por que não converso mais

Com meus antigos amigos de Patópolis?

Terei deixado de existir para a realidade,

Ou Donald e Peninha é que não querem mais

Conversar comigo?

Teriam mágoa de mim?

Sinto que estou doente.

Só estarei curado quando conversar de novo

Com Donald e Peninha.



12



A CHAVE



Quando menino eu pensava

Que havia uma porta mágica

Para entrarmos no céu...



Hoje eu sei a chave

Da porta das nuvens:

Poesia.



13



A INSPIRAÇAO



Posso escrever dez poemas num dia;

E em dez dias, nenhum.

Eu sou a harpa, o instrumento,

Que um anjo toca

Quando Deus quer.



14



Narciso



Como pode

Alguém tao bonitinho,

Bondoso, inteligente,

Nascer num planeta

Tao mesquinho?

Faço-me constantemente

Esta pergunta...

Sem resposta, sigo

Frágil,

Distraído,

Arrogante

E humano

Entre os dragões

E as desilusões

Armados somente

Com a espada do sonho.



15



INVERNO, 1991



Faz um ano que foi embora

Certa morena de sonho.

Também algumas ilusões

Deixaram-me para sempre.

Nao penso mais revoluções.

Já conheço os noticiários:

"Uma geração se perde em cocaína."

Não há mais convites fraternos: suportamo-nos.

Somos todos culpados de um crime

Que ninguém sabe quem cometeu

(Ou cometemos todos?)

Fingimos sorrir, mas a alma não se engana.

E as crianças não são mais inocentes.

So´resta construir uma escadaria

Entre memória e futuro, para lembrar dias lindos

E confiar nas nuvens.



16

O CORRESPONDENTE



Estou ficando doido.

Mandei três declarações

A três mulheres diferentes

- A cda uma, uma declaração -



O que acontecerá

Se todas as três quiserem

Ficar comigo?



O´, lua delirante,

Te digo também,

Se nenhuma das três

Quiser namorar comigo,

Tomo um vidro de aspirina

Misturado com mostarda

E vou morar contigo.



TAIGUARA



Parecias um leão de doçura

Com teu penteado comunista.

Eras o último guerreiro

De um ideal antigo.

Senhor de si

Nas notas do piano.

Este mundo não te merecia mais.

Por isso, partiste.



JUNHO, 1994



NUma tarde de Corpus Christi

Meus vizinhos burgueses

Estão trancados nas celas

De seus apartamentos.



Em outra cena, na rua melancólica,

Os mendigos

Na tarde que não se repetirá jamais

Batem nas latas vazias

A aquarela do Brasil.



(Prêmio Ação Cultural 2000)





Usura



Olho cair do céu

- Cena intérmina -

O crepúsculo horizontal.

O céu me cansa.

O crepúsculo me cansa.



O coração, estaganado,

Se pergunta

- Por que não cai do céu

Uma afeição sincera,

O único, supremo desejo?



E tudo que tenho

Da tarde - ó usura -

E´sua tristeza sem beijo.



RESGATE



Resgatar certa maneira

De caminhar na chuva,

Olhar a chuva,

Sentir a chuva.

Um certo gosto sutil

De molhar-se, dar-se ,

Perder-se na chuva.



Resgatar

A comunhão antiga

Que eu tinha,

Antes de conhecer

Os olhos ávidos,

Que nunca choram

Nem se consolam

Ao ver a chuva

Cair

Como uma benção

Sobre a terrA.



ENCANTO



O encantamento transforma

A estrada da vida

Num tapete de flores...

Vejo o paraíso: um peixe

Toca flauta no riacho.

Não perguntes meu sorriso:

Sou poeta.

Radicalemtne poeta.





NONO PECA



Minha vizinha de cima

Não sabe que gosto dela.



Estou só no apartamente,

Pensando no marido dela.



Nao devo pensar na vizinha.

Mas o pensamento teima.

Meu coração traidor

Me cria aqngustias na noite.



O que fazer da mulher do próximo?

Aquem confessar esse pecado

Mudo, surdo, vil?



Sinto-me um palhaço.

Um fraco.



A solidão dever ser solidária

Com meus sentimentos,

Pois nem do andar de cima,

Nem dos lados, nem de mim,

Vem a resposta.



O que fazer da mulher do próximo?

De mim? Do meu coração?





CHE



Pensar em ti, Guevara,

Faz-me estremecer de amor.



Teu olhar aberto,

Vivo na eternidade

Nâo é a de um morto deposto.



Quando morreu Guevara,

Nasceu uma estrela na América.





ELEGIA



Quem pode entender

A mágoa que vem de Deus?

A mágoa maior que a mágoa?

Lágrimas, cachoeiras, intuições,

A mágia tempestuosa da vida

E´simples como a dor

- Tortuoso é compreender.





CONFISSÃO



No dia em que fui confessar-me

(Era um sábado de fevereiro),

Ignorando a fumaça

Os prédios defronte

A improbabilidade

Um beija-flor

Veio a minha janela.

_ O Perdão estava ali _

Azul.





DOM



Não sei se entenderão.

Em todo caso, meus olhos saõ de assombro.

Minha inspiração é livre

Como a janela que abro: Jesus está lá.

Quem compreende?

Então, deixo-me ir, apenas ir

Como as folhas ao vento,

Os peixes ao mar, os pássaros ao céu.





SONHO



Certa vez sonhei

Com uma moça loura.

Não lembro se conversamos,

Se dispensamos palavras.

Sei que acordei chorando

E a vida já não importava.





CREDO



Eu sempre fui romântico

E apreciava sorrir aos semelhantes.

Cantava como criança ao menor

Espetáculo da vida.

Um aniversário, livors novos, gibis,

Amigos não vistos a algum tempo

(Esses pequenos acontecimentos),

Comoviam-me até as lágrimas.

Cada movimento meu era alegria.

Cada pensamento uma festa.

Descobri, porém, que as pessoas não são romãnticas.

Ocupam-se com afazers práticos, não com a vida.

Então, fiquei triste.

Mas romântico.





THE FOOL



Quando nasci, já lia nas entrelinhas.

A primeira palavra que aprendi: contramão.

Já imaginava estar ali o meu caminho.

Pus cedo o pe na estrada,

Cantando minhas alucinações.

Segui.

Se o barato era surfar qualquer onda, mereci.

Se o barato era ganhar dinheiro, mereci.

Então, descobri um universo simples na goma de mascar.

Hoje sou um mago animado, como nos desenhos.

Hoje, vivo em universos, porque segui a lenda.

E ainda sobrou-me tempo

Para mostrar o caminho.

A lição: desque tenhas pernas,

Qualquer caminho te serve.

Agora: magia.

Amanhã: deslumbramento.

Eu sou, eu fui, eu vou.

N~sao sou menos mágico

Que o Coelho da cartola.

Meu nome é Paulo.

Apóstolo.





ANDORINHA



(Canção de ninar a Lu)



Puco sei do mundo,

Andorinha.Menos ainda:

Ignoro voar.

Só sei que te amo.



Não sei aonde vais,

Andorinha, quando dormes.

Me chamavas outrora

Aos teus sonhos.

Não mais agora?





Quem és tu, Andorinha,

Que me troxeste de volta

Para meu sudeste

E Não mais retornas?

Quem és tu, Andorinha?



O ANJO DO AMOR



O anjo do amor

Veio à minha casa,

Com jeitinho serelepe

E bolsinha preta nas costas.

Veio trazer-me a poesia

Que eu julgava esquecida

No cemitério dos velhos amores.

O anjo do amor

tem cabelo vermelho,

Corpo esbelto

E um rosto

Que me faz pensar em Deus.

Fora isso tudo, é meio louco:

Ri de coisas estranhas

E zanga de coisas tolas.

O anjo do amor é meu anjo.

Sempre foi e sempre será

Inconfundivelmente

Eternidade afora.

Além das estrelas ainda.



SUL DE MINAS



Gosto de ti

Do tamanho do sol

E da lua.



Gosto de ti

Antes e depois

Da chuva.



Gosto tanto de ti

Que se mais gostasse

No mundo não caberia.



Vendo uma estrela,

Fugitivo de ti,

Na alma veio

Palavras candentes

Nas frias Minas Gerais.



6/99



BEM



A pureza de menino

Que ainda não perdi

Chora comigo

O mundo não ser sempre azul.



O anjo que me vela

Sabe que preciso

Muitas vezes ser sozinho,

Para não ferir

Por ser ferido.



Por isso, nunca, minha menina,

Ainda que o mundo acabe,

Ainda que eu esteja aflito,

Profundamente abatido

Ou quase morto,

Deixes de ser meu brinquedo,

Meu vale lindo de sonhos...

Pois só Você é meu bem.

Só por ti, parto ou regresso

Seja qual for a viagem,

Pois só meu bem é eterno.



14.09.1999





INTUIÇÃO



Desce a tarde tristonha.

Infância, velhice, mocidade e morte,

O eterno girar do mundo!

De onde vem a esperança,

Se não a vemos

No que temos?

O´crepuscúlo ancestral!,

A angústia do eterno, que não vemos,

Porém pressentimos

Como uma necessidade.

E chega a noite, serena.





LIRA



Quis o destino

Fosse eu o cantor

Desse momento suave

(Como se a alma voasse

Cantando como ave.)

Não sei se sonhei o passarinho

Que não vi, aqui, passando.

Há horas que não sei se caminho

Ou se ando voando.



O EXILADO



Olho a Praça

Afonso Pena

Como se não fosse

Desse mundo.

De onde vim,

Vim exilado,

Pra breve

Escala

No mundo.

E aqui estou:

Solitário,

Alheio a tudo.



A NOIVA



Bebo a morte no café.

Leio-a nos jornais. Vou com ela ao desemprego.

Encontro-a nos trabalhos. Assito-a na televisão.

Durmo com ela nos sonhos.

Somente, quando morrer,

Quero casar-me definitvamente

Com a fiél companheira de vida.





HABITAT



Caminho sob o sol tórrido de São Cristovão

Faz década e tantos

Que desfilo por aqui minha melhor poesia.

E a mais triste (canção silente da rotina).

Também foi por estas ruas

Que aprendi a persistência.

Hoje, sob este sol,

Percebo que sou deste chão

Como um lagarto nativo.



A MOSCA



Numa manhã de domingo

Em que eu contemplava

coisa nenhuma pela janela,

Absolutamente incomunicável,

Uma mosca pousou pertod de mim.

Cri que aquela mosca era sinal

De Raul Seixas ou Valéria.

Então, decidi tentar o diálogo.

Desafiei a mosca de olhos benignos a falar-me.

Indaguei se ficaria sozinho;

- Não, disse a mosca,

Com sua maneira de dizer,

Pousando em meu punho.

Depois, fiquei vagando a poesia...

A mosca? Foi-se embora com Deus!





OS LIRÍOS DO CAMPO





Marcelino nada faz.

Marcelino nada espera.

Recebe o que o vento traz,

Aceita o que o vento leva.

Profissão: Observador de Pardais.



(SÓ COLAR)

RICHARD BACH





Por que tenho

o dom de voar,

Sei que o paraíso

È uma questão pessoal.

Sei que ilusão

È viver fora do céu.

Para mim, no entanto,

Que vivo na ponte para o sempre.

Longe é um lugar que não existe.





(SÓ COLAR)





ETERNO MENINO



Cato a poesia

Como o menino

Que brinca

Com pedras no rio.

Na verdade,

È dentro de mim

Que o rio nasce.





PRANTO (SÓ COLAR)

A PALAVRA (SÓ COLAR)







CANÇÃO DO NENÉM



Eu ia pela cidade, na tarde brasileira,

Com acobraciasna mente,

Pensando uma declaração inacreditável

Para te impressionar,

Definitivamente.

Chamá-la de anjo, pássaro, andorinha,

Já não seria original. Nem de doidinha

_ Somos cúmplices da loucura.



Pensei falar de prédios, países, constelações,

E pela mente atordoava-me escrever

O maior problema da literatura.

Quanta loucura, meu bem!

Quanta loucura, neném!

Eu atravessando,princesa,

A Avenida Rio Branco tão perdido

Na inspiração inacreditável

Quanto fico quando cantas

Aquela canção francesa.

Cantas pra mim, meu bem?

Cantas pra mim, neném?



E pesquisei na livraria, tentei de tudo,

Tentando me inspirar... tentando me perder...

Tentando me encontrar...

Vi os pobres na calçada, pensei no presidente,

Sonhei uma revolução individual

(Tudo tinha que caber no maior poema

de amor da literatura universal.)



Quando dei por mim, estava perdido,

Completamente perdido

Sem encontrar a palavra, a elegia,

A ode, o soneto, que equivalesse

Ao sonho que me trazes namorada

A sonhar tanta loucura

Que me deixas, quando partes

E que curas, quando regressas.



Quando dei por mim, já era...

Estava tão perdido de amor

Que nem dei que a primavera

Chegara com setembro entre tuas mãos.



E sinto muito, minha querida,

Nesse extâse de vida

O maior poema da literatura

Fica para outro poeta,

Ou para outra vida.









O SOBREVIVENTE



A cidade passou por mim,

Ficou atrás

Como a fumaça da locomotiva.

A memória carrega no ombro

A mágoa do último combate.

Não mais sorrio.; não mais choro.

Dois ou três amigos

Sabem que sobrevivi

E não me denunciarão.

Logo que descer do trem,

Subirei a montanha

Na escalada interminável,

Porém não cansativa,

Que me levará ao meu rebanho,

Onde sou mais uma ovelha.

Os anjos estarão conosco

E nunca mais permitirão

Que nos cheguem rumores de guerra.

E logo o ombro estará livre

Do fardo das lembranças.





INICIAÇÃO



Alto quero o pensamento,

Que são minhas asas.

Minha alma pede estrada

Que leve ao firmamento.



Tenho em mim lágrimas

De estranho contentamento.

Os que amo estão comigo:

Coração e Pensamento.



E se conheço a viagem

Para o vôo infinito,

È que os mestres deixaram

Os atalhos escritos.





LIÇÃO



Até aqui,

Tenho sobrevivido

Entre a palavra,

Palavra que silencia,

A solidão, o suplício.]

Poeta, irmão do mito,

Minha vida me ultrapassa.



Sofrer é meu ofício.

Porém, já me conformo

De ser o homem um equívoco

E a vida não ser

Um sol extraordinário.



PÃO E VINHO



Tenho pedido à divindade

Que ao deitar-me, logo adormeça.

Eu nunca quis a guerra:

Sou poeta.

No entanto, ela estava

Onde quer que eu virasse o rosto.

Queria amor: guerra.

Queria amizade: guerra.

Queria meu pão, meu vinho

E o que recebia?

Guerra. Guerra. Guerras...

Ganhei batalhas

Inimogináveis.

Nunca senti-me vitorioso por vencer,

Cantar a rosa.

Na verdade, perdi.

Sou apenas um moço triste,

Humilhado, cansado de covardias.

Senhor, vos imploro

Um colo de mulher para chorar,

Sem que ela pergunte o motivo.

Numa guerra não há vencedor

Nem vencidos, mas equivocados.

Um colo de mulher:

Eis todo meu desejo.



















































































































































































































































































































































































inimagináveis



















































































































































































































































































































































































































































































































































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