O GRITO DOS INOCENTES
J.B.Xavier
16-09-01
Oh! Deus de todas as fronteiras,
Deus de todos os exércitos,
Deus de todos os saberes,
Oh! Deus de todos os futuros,
Deus de todas as raças,
Deus de todas as cores,
Deus de todos os ideais,
Por onde andas?
Onde estás, senhor dos Universos?
Por que nos abandonaste?
O que pretendes nos ensinar,
Ao permitir a morte
De tantos inocentes?
Quantos mais
Terão que ser supliciados,
Quantos mais,
Antes que nos concedas a paz?
Onde estão teus exércitos
De hostes celestiais,
Teus celestes madrigais,
Teus hinos de glória e alegria?
Onde está a magia
De tua infinita sabedoria?
Onde escondes os sorrisos
Desta humanidade sofrida,
Cuja vida
É uma chaga aberta,
Uma ferida pérfida
Aberta pelo algoz
No peito
Dos que não têm vez ou voz?
Para onde levaste a pureza,
A candura,
A bonança
Que já não habita sequer
Os sorrisos das crianças...
Porque castigas a todos
Indistintamente,
Onde estás, Senhor das nossas vontades,
Que abandonas a humanidade
À sanha assassina
De sua própria natureza,
Se somos a imagem
De tua própria grandeza?
Onde estás
Que nossos anseios não ouves?
Porque permites que crianças
Matem seus próprios irmãos,
E, na tenra idade,
Quando deveriam estar brincando,
Já trazem sangue nas mãos?
No que estamos nos transformando,
Senhor Deus dos que têm fé?
Em bestas irracionais,
Em abjetos animais
A nos exterminarmos mutuamente...
Clareie nossos corações,
Senhor de todos os perdões,
E nos mergulhe nessa claridade
Feita de bondade,
Espalhe amor nos corações carentes,
Afasta-nos da guerra,
Ou sofreremos a dor pungente,
De ouvir o último grito lancinante
Do último dos teus filhos sobre a terra...
* * *
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