SUBPRODUTOS DA VIOLÊNCIA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)



Prisão Perpétua, Pena de Morte e Desarmamento. Coisas da violência.e da política, por coincidência. Ou a falta dela. Por insistência. Desarmados já estamos, há muito tempo. Nós, os cidadãos honestos. Eleitores e trabalhadores. Pagadores de impostos. Cada vez maiores. Com retornos, cada vez menores. Fomos induzidos e obrigados a entregar nossas armas. Armas caseiras, obsoletas e enferrujadas. Armas no porão guardadas. Na grande maioria, armas de coleções acumuladas. Sem serventia para o embate do dia-a-=dia. Em nome da paz, da harmonia. Em nome da utopia. Ou da mera hipocrisia.

E, diga-se de passagem, também estamos sob o regime de prisão perpétua. Sem ter direito à defesa. Ao contraditório. Atrás das grades de nossos lares. No meio de uma série de irônicos dispositivos de segurança eletrônicos.

E quando ousamos fugir da prisão, pular o muro da cadeia, que nos rodeia, e chegar às ruas para procurar emprego, somos vítimas de assaltos, de seqüestros, seguidos ou não de mortes, estamos, na verdade, sob o regime da pena de morte. Cuja sentença é dada pelo traficante, pelo bandido arrogante, acobertado pela sensação de omissão e de impunidade, de cada autoridade

Nós todos, que pagamos impostos, que elegemos e sustentamos nossos representantes, e que os pagamos, do mesmo modo, custem o que custarem. Ironicamente, contribuímos com o governo, economizando recursos que seriam destinados ao combate à violência e à construção de novos presídios, na medida em que usamos nossa própria residência para evitar o confronto direto e o aumento da violência.

Precisamos, em nome da democracia, exigir que o o mesmo tratamento, que nos é dispensado pelo governo, seja dado aos criminosos de todos os tipos, que perambulam, em paz, pelas ruas de nossas cidades. Alguns dos quais com trânsito fácil pelos gabinetes de autoridades oficiais. Em nome da igualdade de oportunidades. Da justiça social e da liberdade de ir e vir.




Republicado, a peido de amigos leitores.