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cronicas-->1970 - Padókas -- 12/08/2009 - 21:30 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sábado passado desci ao quintal, podei uma árvore, juntei uns galhos e passei a máquina nos matinhos dali e de lá, olhei pra Edna - to cum fome. Nana nina não, não tem almoço, vamos à padaria. Fui gostando, pois a CityAmérica é muito boa. No balcão sentamos, pedimos um trivial - filé, ovos, salada. Esperando e um suco, olhei em volta. Puxa, sou rodado em padókas, até deixamos de lado, mas, elas nos acompanham, assim como uma melhor amiga. Padarias ou padókas, padókas ou padarias...
Ainda antes do quintal, tinha ouvido umas músicas - My Sweet Lord e tal na cabeça mais o movimento, fui até o final dos setenta. Aqueles bailes, clássicos e necessários para meus dezesseis, dezessete, o que veio mesmo foi a padaria do Iwasaki, lá pelas quatro da madrugada, saindo do baile, a praça e a janelinha da padaria - quero dois pãozinho - que delícia, meio quentinho, não esqueço o jeito, nem o sabor. Pouco lembro daqueles em volta, mas desses paõzinhos - pão-zi-nhos, humm...
Essa mesma padaria, antes com outros donos, os Ninomyas, foi parte integrante da minha infància - Inhooo vá buscar pão, três salgado e dois de cóco, um pé lá, outro aqui. Lá saia eu correndo e a caderneta na mão, claro que eu comia um creme ou uma queijadinha. Às vezes, ia mais longe, lá na padaria do Sérgio, boa também, mas mais longe. A do Sérgio era a dos professores, chegavam de Itapetininga e faziam o ponto lá. Vivi essas duas padókas até os meus quase dezoito.
Fiquei um ano em Itapetininga e não vivi nenhuma, ficava mais na lanchonete do Japonês, que era a parada dos estudantes de São Miguel. Um pingado com um pãozão doce com creme era o meu manjar daquela uma, em frente do cursinho Anglo, já em São Paulo. Saia de São Bernado, da casa da Vó Cotinha, cinco da manhã e uma hora e meia depois estava de pé nesse balcão, esperando a Sónia e um menino de Brasília. Depois cinco horas de cursinho, credo.
Entrei na Fatec e na Eucatex e fui morar nas Perdizes, na república do Éiso e do Toninho Marmo. Tomava o ónibus e descia umas quadras antes, para comer o pãozinho com manteiga e tomar caracu com ovo, coisa de paulistano na época, diziam que era tiro e queda, dava uma força. Sabe, nunca soube o nome dessa padaria e faz muito tempo que eu não tomo caracu, acho que nem tem mais. Longe, mas longe, lá pra frente de Interlagos, comecei a trabalhar na Telefunken, fiquei pouco, mas o suficiente para uma padaria fazer parte da minha vida, que tortas salgadas, que tortas... altas e cheias de recheio.
Nessa época, morava na Càndido Espinheira, esquina da Cardoso, com uma padóka sensacional, foi aí que eu conheci os Danones, yogurts e flans, entre outros sabores, mais de meia dúzia eu tomava, no lugar do almoço. De vez em quando era o tradicional churrasquinho com pingado ou Danone de morango. Não tinha padaria perto da Fatec, uma escola perto do Jardim da Luz, um deserto de pães até hoje, passem lá prá ver.
Casei, andei trabalhando por Santo André e Santo Amaro, sem padaria para comentar, que chato. Só as perto de casa, mas aí era a Edna que comprava os pãozinhos. Bem, aí fui para a Éfe-Éle-Smidth, lá no Brooklyn e encontrei a Leiriense, cada lanche maravilhoso, o chapeiro nos ensinava e dizia - lanche tem que ter recheio, sustància. O de mortadela era mesmo de mortadela, aprendi a comer o de provolone com queijo branco, churrasquinho e outros, lá ainda não tinha essas novidades de hambúrguer. Eu e o Alencar passamos bem um bom tempo, pelo menos umas duas vezes por semana. Era lotada, só executivo e umas bonitonas, todas caidinhas pelos lanches e conexos. Andei pela região da Paulista, só lanchonetes e restaurantes, algumas misturadas com padarias, mas não tenho o que registrar, a não ser numa delas, a excelência dos sucos, dos mais variados, com os salgadinhos mais gostosos que eu me lembro, salivei.
Nas minhas viagens com meu pai, os oásis sempre foram as padarias, ele era fã número um, sempre um leite gelado com pão doce e melado de creme, ou de cóco ou um pedação de bolo. Eu acompanhava ou variava para um sanduiche quente, carne ou queijo ou ambos. Um dos costumes dele era comprar pão. Uma época, trazia uns enormes da região de Jundiaí, mais tarde descobri serem ou do Frango Assado ou do Lago Azul, de Louveira. Hoje, tem um monte delas na Bandeirantes e na Anhanguera - viu, são os de semolina. Nas idas prá São Miguel a gente tem parado na Real de Sorocaba, uma magnífica, tem de tudo e mais um pouco, bem mais. Salivei de novo.
Agora, aqui por Piracicaba, tem a Assaggio, boa, mas muito assim, se acha. Tenho ido muito pouco. Vou mais na Pão Quente, almoço e ás vezes um café antes da aula de segunda. Já fui na Do Lar, na Santa Isabel. Ai, aqui tá ruim de padóka, estou sofrendo. Que tristeza. Nas minhas idas e vindas - São Paulo, Piracicaba tenho parado nos postos travestidos de padaria, esses Graal, Frango Assado e Lago Azul, mas dá dó, só mau-tratos, não sabem serem padarias. Umas coisa grandonas meio sem sabor, uma mistureba de nada com coisa nenhuma, fora uma gente sem noção, acha que é super-mercado.
Quero um creme ou um bombocado lá do Sérgio, na do japonês tinha até pudim de pão e bomba de creme, de cremeeee. O que tem me salvado mesmo é essa Padóka City América. Me sinto em casa, conheço a dona e as netas, os atendentes são gentis, tenho até uma namorada virtual, a Edna sabe e consente. Ela faz as honras e nos trata bem, mas, cobra tudinho e bem certinho. Tenho saudades de todas essas padarias e padókas, padókas e padarias. Espero sempre tê-las por perto e motivos para ter saudade. Não paro de salivar... hummmm.
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