É difícil não ficar decepcionado com a insistência do Banco Central em manter a taxa de juros inalterada quando todos sabemos que isso é um absurdo. Principalmente para aqueles que, como eu, votaram no Lula com a esperança de mudança total no rumo da nação. Mas ao mesmo tempo é preciso ser mais racional e compreender o quanto o processo macroeconômico é complexo e difícil de ser domado.
Tenho certeza que ninguém quer mais que a taxa de juros abaixe do que o presidente e toda a equipe econômica. Ontem mesmo vi pela TV o presidente do PT, José Dirceu, reconhecer isso. O próprio presidente do Banco Central, ao rebater as críticas pela manutenção da taxa de juros, justificou-se dizendo que era melhor o paciente sofrer um pouco mais com o tratamento do que o interromper e adiante ter que passar por tudo novamente.
Partindo desse pressuposto, somos obrigados a concordar com Meireles; mas não se deve esquecer que o remédio em doses exageradas pode matar o paciente. E parece-me que, se levarmos em conta os últimos indicadores econômicos, o paciente pode entrar em coma devido ao remédio e não à doença.
Só espero que na próxima reunião do Copom os membros sejam mais sensíveis e ouçam o clamor do povo. Senão daqui a pouco eles vão ser comparados e com razão ao governo americano.