MAD MAX, NIETZSCHE E O PRESENTE

A onda de atentados que espalhou terror aos quatro cantos do mundo esse últimos dias me fizeram lembrar do filme Mad Max. Fazem alguns anos que os assiste pela última vez, mas ainda me lembro o caos no mundo representado pelo filme. Não sei ao certo o que me fez lembrar justamente desse filme, mas me recordo de como o medo era um constante. E é justamente isso que se vê hoje em dia.

Às vezes, pensamos que vivemos num mundo livre, onde temos a liberdade de ir e vir. Mas, se paramos para pensar um pouco, veremos que não é nada disso. Saímos de casa e já não temos mais certeza de vamos voltar ou se encontraremos nossas casas intactas. Já não podemos mais ir a determinado locais, porque, no mínimo, seremos assaltados. Então, na verdade, já não somos tão livres como se pode achar.

Hoje o que termos é uma sensação de liberdade, onde as leis nos garante isso. Mas na prática, essa liberdade não existe mais. Pode até ser que em determinados lugares, a sensação e a liberdade de fato podem estar próximas; mas na maioria dos lugares no mundo não é isso que acontece.

Então eu fico pensando o que é viver em lugares onde temos que desconfiar de que está passando ao nosso lado, onde temos que temer ao entrar num simples bar para comprar alguma coisa, onde ir ao cinema e ao teatro -- os lugares aparentemente mais seguros do mundo --, é uma tarefa arriscada. Pois é isso que acontece no Oriente Médio e em outros lugares do mundo.

Não estou querendo encontrar os culpados por tudo isso. Não é uma tarefa fácil, uma vez que, no fim das contas, todos são culpados. Mas, quero mostrar o quanto está ficando perigoso viver nesse mundo. Um mundo onde a cada dia o homem dá um passo para a conquista de novos mundos, um mundo onde os avanços tecnológicos são cada vez mais inacreditáveis; e, ao mesmo tempo, um mundo onde o barbarismo e o tempo das cavernas nos dão a sensação de estar tão próximos. Parece-me que aquele passado de tribal de lutas, saques e massacres não estão só nos filmes e livros de história. Parece-me que estamos vivendo um ciclo tribal.

Ao pensar em tudo isso, lembrei-me de uma frase de Nietzsche que me chocou quando eu o li pela primeira vez: "O homem evoluiu muito nos últimos séculos, mas socialmente ainda temos muito do macaco". Reproduzi a frase de memória e não sei se foi exatamente essas as suas palavras, mas o sentido é o mesmo. E realmente, tenho que concordar com ele. Nietzsche estava certo.