Quem Sabe
Quem sabe um dia, escreva versos...
Desacorrentados, o despudor e a ousadia,
Possam desamarrotar as letras
Que comprimi entre os dedos
Retorcendo o desejo de me confessar
Quem sabe um dia, livre dos meus olhos
A solidão do sentir rebele-se, desatine-se
E minhas mãos numa súplica incontida
Desenhem as palavras inexprimíveis
Compondo as páginas em que me rasguei
Quem sabe um dia, mostre-me
Sem esse lado fosco, desordenado
Que anda em busca do dizer além
Sobrevivente que sou ainda do silêncio
Que apascenta o mar dos meus lábios
Quem sabe um dia, sem alarde,
Qualquer platéia ou rede,
Minhas emoções saltem do trapézio
Sem receio do abismo, do precipício
Ou das lágrimas escondidas em lenços...
© Nandinha Guimarães
Em 14.09.01
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