Usina de Letras
Usina de Letras
159 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62216 )

Cartas ( 21334)

Contos (13261)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50610)

Humor (20030)

Infantil (5430)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3304)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->UMA ILHA NO ENTARDECER -- 28/07/2001 - 10:32 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










UMA ILHA NO ENTARDECER.




Ontem escutei uma canção de Joan Manoel Serrat que rachou o silencio do meu coração. Quando digo coração é exatamente isso, pois senti uma dor aguda do lado esquerdo correndo para o centro, queimando devagarinho, enquanto subia desde alguma região desconhecida da minha consciência, uma sensação que era como um tremor imperceptível, provocando certo desconforto. Era uma canção antiga, da juventude, quando ainda divagava e acreditava que sabia tudo sobre o mundo.
Por isso a figura de Susana, com seus seios duros e eretos, punhais cheios de mel, que vinham para perfurar minha sensibilidade e inundar-me de prazer e placidez, se fez presente e quase senti seu perfume, seu sabor de mulher bonita. Ela tinha um gosto delicioso que grudava na língua e resvalava ate à alma, desbordando sentimentos e confundindo as idéias. Lembrei como ela era então : livre e plena de vida, agradável para os olhares e muito mais para o tato. Recordei seus beijos úmidos e saturados de suspiros maravilhosos, que me faziam tremer porque eram promessas de horas e horas de amor.
É claro, sou um romântico incorrigível, me derreto quando escuto uma canção que me aproxime de uma lembrança ou abra alguma janela enferrujada que deixe entrever um pedaço do passado. Principalmente se nele habita Susana.
Susana no entardecer, perfumada e excitada, pegando minha mão e levando-me para o pequeno bosque, procurando um lugar para acomodar-se e acomodar-me encima dela. Susana pernas, seios, braços, boca, beijos, suspiros. Susana desmanchando-se em cada gesto, devorando-me e deixando-se devorar em cada beijo. Dentes, boca, murmulhos.
Ontem, uma simples canção me devolveu um pedaço enorme da minha vida, um pedaço que foi construído num entardecer que se fez noite, num canto do bosque, na ilha magnifica que era o corpo jovem de Susana.
Hoje, enquanto me arrumava em frente ao espelho, senti-me irremediavelmente perdido: não reconheci aquele rosto velho e amassado, que me olhava sonolento.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui