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Poesias-->A eternidade do efêmero -- 11/09/2001 - 18:44 (Felipe Cerquize) |
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Onde está nossa ilusão?
Onde está?
Faz muito tempo não sonhamos
Tenho certeza do que faço até o fim
Como é ruim saber de mim
Onde está nossa ilusão?
Onde está nossa amargura?
Onde está o sabor do recomeço?
Onde está o fim da rotina?
No banho de mar no fim-de-semana?
No esticar de pernas sobre o sofá após o trabalho.
Nos desvios ingênuos de conduta ?
Nas bombas que o ETA explodiu em Madrid?
Nas guerras do Oriente Médio?
Nas porradas que às vezes damos nos nossos cachorros?
Onde está nossa felicidade plena?
Na morte dos que um dia quiseram nos matar?
No aniquilamento recíproco de facções do tráfico?
No sangue do pedestre atropelado pelo automóvel?
Onde está nossa alegria de viver?
Na derrota dos nossos inimigos?
Na falência dos concorrentes das empresas em que trabalhamos?
No acúmulo de capital a partir de atitudes mesquinhas?
Onde está nossa esperança?
Na possibilidade de o ônibus não se atrasar?
No final feliz para o protagonista da novela da vez?
Na eleição do candidato do partido de oposição?
Onde está nossa realização?
No dedo máximo que levantamos para os motoristas que nos cortaram pela direita?
Nos goles de cerveja no bar da esquina?
No gol legal do adversário que o juiz anulou indevidamente?
Todas as nossas crenças e perspectivas têm sido efêmeras
Definitivamentes esquecidas quando fechamos os olhos e começamos a roncar
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