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cronicas-->Ainda não posso envelhecer -- 06/07/2009 - 21:41 (paulino vergetti neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ainda não posso envelhecer



Quando percebemos que estamos envelhecendo é hora de parar e tecer reflexões: o tempo está à nossa frente. Percebi que isso estava me acontecendo e resolvi perguntar de mim para mais dentro de mim ainda o porquê dessa nova revelação. O que eu havia feito comigo mesmo para que essa assertiva me fosse agora espontànea?
Singramos mares agitados, descobrimos praias desertas e, às vezes, nos sufocamos com as marolas tolas das praias quase sem ondas. Quando um timoneiro olha para o horizonte e boceja, é que a viagem pode estar sendo postergada para um longínquo amanhã deveras distante do ontem. Mas eu ainda singro mares e teço sonhos. Ouso acreditar em Papai Noel e em um futuro manso e feliz. Nada se acabou de tudo, e o sonho tem e sempre terá um lugarzinho cativo dentro das almas sonhadoras, romànticas.
A violência, a recentíssima crise económico-financeira mundial, o desamor, a deseducação, o esquecimento dos valores humanos por parte de tantos, a falta de amor ao próximo, tudo isso são os frutos dos nossos esforços desumanos. Nada do que hoje enche as grandes cidades do mundo é feito sem as nossas vontades. E se houver futuro ainda, deveremos ser julgados por esses mesmos frutos, quando essa civilização reencontrar Deus e a natureza tribalista do viver simples, despojado da gula e da ambição. Quem sabe não destruamos a maioria dos lobos que alimentamos dentro de nós? Há tempo para tudo. Como na música dos Beatles: "há o bem e o mal em cada um de nós" (Ebony and Ivory). A flor de Lótus é bela, mas, se olharmos de onde ela vem, não acharemos toda a sua beleza mostrada ao olhar caprichoso de seus admiradores.
Sabemos que o futuro dependerá de nós e que nossas florestas estão sendo dizimadas da face do planeta, mas não plantamos sequer uma árvore. Sabemos que a violência é a mola mestra das grandes catástrofes sociais, mas nos rebelamos fortemente diante das menores coisas da vida, como no trànsito caótico das grandes cidades.
Traímos quando falamos de perdão e discutimos sobre a fome de barriga cheia. Somos contra a falta de educação pública, mas não nos dispomos a ser "amigos da escola", nem tentamos fazer o nosso dever de casa. É por isso que é muito mais fácil fugir dos cernes dos problemas sociais através de falácias ou de reuniões cheias dos perfumes das mulheres bonitas e dos ternos masculinos, do que agirmos no sentido da reconstrução dos mesmos. Ajuntamos pessoas, mas não encontramos gente. E a multidão continua solitária e ineficiente; a fome arrasa, a natureza destrói e mata e, a cada dia que passa, ficamos ainda mais vulneráveis ao mal como um todo. Sabemos que é carecido mudar para melhor e com muita brevidade. O passado que construímos, já sabemos, é o nosso maior vilão. Derrubemos o muro da hipocrisia, preparemos as mãos e partamos para a luta. Não destruiremos os maus frutos se deixarmos as velhas árvores do despreparo floridas e fixas à fertilidade das terras do mal. Arranquemos primeiramente nossas próprias ervas daninhas e só após isso é que, de mãos lavadas, poderemos apanhar o barco e singrar os mares das novas esperanças numa vida melhor.
Ainda não posso envelhecer. Hei de ficar criança por mais décadas e reviver o fólego da legítima reconstrução, saber que meus novos sonhos têm asas fortes e que ajudarei a reconstruir este planeta. As árvores, eu as plantei. Estão imensas. Deverei colher seus frutos e ofertá-los à minha admiração. Quando estiver certo de que após o horizonte mora o céu, poderei envelhecer e virar um anjo de luz e partir rumo ao Nirvana ou à fama dos que as terão, apenas porque zelaram bem pelo planeta e pelo homem. Essa fama eu deixarei caber no meu peito; não as outras banais, vis, desconcertantes. Meu maior orgulho é poder envelhecer tendo podido servir ao mundo de uma forma feliz e produtiva. Meus netos ainda verão o que eu me propus e fiz para eles, quando ainda não estavam entre nós neste mundo. Não sei quando eu poderei começar a envelhecer, mas não pretendo jamais me sufocar na marola fria do fim de alguma praia deserta, depois que alguma pequena onda, vazia do próprio mar onde vive, chamar-me de velho sem frutos.
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