Certo advogado procurava
Um depoente confiável
Para ajudar seu cliente
Numa causa questionável,
Causa que ele achava
Ser a vitória improvável.
Chamou então um matuto,
Deu-lhe bastante instruções,
Entrando em minudências,
Sem quaisquer contradições,
Confiando que o juiz
Acataria suas razões.
O matuto teve medo,
Mas aceitou a missão,
Decorou o testemunho,
Repetido à exaustão,
Sentia-se preparado
Com tanta informação.
Diante do magistrado
O matuto testemunhou
E os detalhes do caso
Minuciosamente contou,
Como se fosse um CD
Gravado em computador.
O juiz admirou-se
Do exagero de memória,
Mas o matuto garantiu:
-Lembro tudo da história,
Até da roupa que usava-
E mostrou ares de vitória.
O magistrado sagaz
Daquilo foi duvidando
E mirando o matuto
A ele foi perguntando:
-Me diga a cor da cueca
Que o senhor está usando!
O matuto atrapalhou-se,
Ficou ali boquiaberto
E para o causídico esperto
Tremendo ele sussurrou:
-Eu não lhe disse Doutor
Que isso não dava certo!
|