AINDA SOBRE A ELEIÇÃO
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Há tempos que se pressente
Que toda eleição surpreende
E o eleitor nunca aprende
Que eles enganam a gente
Com promessa sorridente
Falando abobrinha, besteira
Conversa fiada, asneira
Prometem tudo de novo
Iludem, enganam o povo
E essa não é a primeira
Nem segunda, nem terceira
Que o povo vem sendo enganado
Por isso padece um bocado
De tanto levar rasteira
De quem senta na cadeira
No lugar mais importante
O lugar do governante
Que logo muda o discurso
De cordeiro prá amigo urso
E muda também o semblante
Ficando alegre o bastante
Ao se sentar na cadeira
Seu sonho a vida inteira
O sonho de ser importante
Ficar na frente, adiante
De toda a população
Dessa grande e rica Nação
Que o tornará famoso
Um ser maior, glorioso
Um homem de televisão
Um homem de gratidão
Para quem nele acreditou
E muito dinheiro emprestou
Prá chegar à presidência
Com muita garra e persistência
E muito dinheiro na mão
Ele ganhou a eleição
E agora vai ser cobrado
Pelo dinheiro emprestado
Cada centavo e milhão
Não vai sobrar um tostão
Para cumprir as promessas
Que foram feitas às pressas
No calor da discussão
No ritmo do coração
E agora só tem um jeito
Dizer com todo o respeito
Pro povo colaborar
Ajudá-lo a governar
Prá garantir seu direito
E não é que aquele sujeito
Recebe a ajuda que pede!
Do povo que lhe concede
Mais uma chance no pleito
Prá superar o defeito
E acertar o ponteiro
Do rumo certo e certeiro
Dessa Nação combalida
Dessa gente tão sofrida
Mas que espera primeiro
Saber se o aventureiro
Pretende empurrar a gente
Ou prá trás ou para a frente
Já que não existe dinheiro
Nem prá pagar o bicheiro
De parte que recebeu
E do tanto que prometeu
E agora sem rumo certo
Ele prega no deserto
Não sabe o que vai fazer
Ninguém mais poderá crer
Em outra promessa mesquinha
Pois tudo foi mentirinha
História prá inglês ver
E tudo está por fazer
E o povo com o nó engasgado
Espera não ser enganado
Já pensa na outra eleição
Não vota nele mais não
Talvez no seu indicado
E volta todo o passado
Há tempos que se pressente
Que eles enganam a gente
Prometem tudo dobrado
E o povo vai sendo enrolado
De apagão em apagão
Aumenta a escuridão
Não se vê luz no final
A não ser no Carnaval
E na próxima eleição