Número do Registro de Direito Autoral:131013761478989000
ALGO DELE
As mãos invadiam-na com a intimidade de bichos vivos,percorrendo suas entranhas quentes e assustadas.Parecia que iriam se perder por dentro, arrancando alguma coisa sua (ou quem sabe, virando-a prazerosamente do avesso).
De alguma forma esquisita, a água fazia parte do desejo enorme, e de repente teve vontade de possuir o mar, as chuvas, os rios...mas sentiu-se seca e com vontade de afundar. Não havia luz nem escuro, nem penumbra: era como ficar fora do mundo, em algum lugar como um trapézio, suspensa.
Havia subido (àlgum lugar alto do qual contemplava o ventre, porque nele concentrava-se o prazer). Num instante de mistério, o corpo todo chegou lá encima, e adormecendo todos os músculos(até os olhos,a língua,as asas que parecia ter)despencou como de um penhasco em sono profundo.
Um som de rídiculas campaínhas tirou-a do pico da montanha ( e quase caiu no precipício): era hora de levantar.
"É difícil amar assim", pensou. Pelo menos tinha dele o pensamento, a sensação da presença. Somado ao solitário prazer de pensar seu beijo,estava a vontade de ser invadida- que parecia não deixá-la em paz. Mas sempre, depois de se atirar no penhasco; havia algo dele que a acompanharia pelo resto do dia. Havia?